Na Igreja existem muitos modos de viver o Evangelho. A diversidade de propostas e vivências não é um fato novo, pelo contrário, provém dos tempos apostólicos. Lembremos que as antiquíssimas sedes patriarcais de Jerusalém, Antioquia, Roma e Constantinopla tinham ritos litúrgicos diferentes e até compreensões várias da mesma fé. “Catolicidade” significa abarcar o mundo todo, todas as pessoas de todos os tempos e culturas. Igreja é, pois, comunhão de diversidades.
Pedro e Paulo, discípulos do mesmo Senhor, experimentaram a graça da salvação de modos diferentes. E se nos aproximamos do núcleo da proposta Querigmática (primeiro anuncio), nos encontramos com “quatro” evangelhos e não apenas “um”; autores vários com enfoques diversos, para comunidades e culturas diferentes. A diversidade é, pois, um valor e ela nos enriquece!
1. O que é “Espiritualidade”? Na vida não devemos separar “corpo” do “espírito”, pois não existe um sem o outro e nem pensar que o segundo é melhor que o primeiro. A graça da “redenção” não existe sem a primeira graça, a da “criação”. Redescobrir o valor da “Criação” é fundamental para experimentar a gratuidade da “Salvação”.
Depois da Encarnação do Verbo de Deus, não é necessário subir muito para encontrar o Senhor. Ele está aqui conosco, na nossa vida e história. Ele é o “Emanuel”, Deus conosco. A vida “espiritual” acontece, pois, dentro e no meio da “material”. Espiritualidade é deixar-se conduzir pelo Espírito de Deus e definir constantemente a própria vida a partir da Palavra interior de Deus. O Pe. J. I. Tellechea diz: “Ele (Inácio de Loyola) é um perpétuo e sensível ouvinte da palavra de Deus, de uma palavra interior, rubricada pela alegria e pela paz, muito mais do que pela palavra material da Bíblia” (Inácio de Loyola, sozinho e a pé. p. 324/1991). Este parágrafo abriu, um dia, minha mente e o meu coração para horizontes infindos e estar atento a esta comunicação interior de Deus.
Quem assim caminhar experimentará de perto o "toque de Deus" transformando sua vida em Boa-nova para si e muitas outras pessoas.
Desta “experiência” misteriosa, única e irrepetível poderá brotar, após um bom exercício de reflexão, alguns princípios, motivações e métodos de santificação a serem propostos a outros como caminho para Deus. A Espiritualidade Inaciana é, pois, um desses caminhos e propostas.
2. Por que “Inaciana”? A espiritualidade inaciana se baseia na experiência espiritual de Inácio de Loyola. Este homem sentiu Deus salvando-o e se comunicando com ele, como um mestre fala com seu discípulo...
A Espiritualidade inaciana não está, como outras condensada ou sistematizada num livro, mas é fruto da experiência que cada um faz com os Exercícios Espirituais.
Os diversos temas fundamentais da Espiritualidade Inaciana (Discernimento, Jesus Cristo, Apostolado, Vida comunitária...) surgem da experiência dos Exercícios Espirituais. Essas experiências inacianas não são pura teoria ou gnose moderna, mas amor fraterno que se traduz em gesto concreto de serviço.
3. A espiritualidade inaciana atinge o miolo da vida. É verdade que toda experiência, seja ela do tipo que for (sensoriais, estéticas, espirituais...), é única e irrepetível. As de santo Inácio, também. Mas, este homem conseguiu tematizar de tal modo o “método e a ordem” de suas experiências espirituais que facilmente podem ser propostas a outros, fazendo brotar neles experiências espirituais semelhantes.
Toda experiência traz consigo uma combinação de sensações internas (moções, afetos, valores...) e externas (opções, decisões...) que a fazem, de algum modo, inexprimível. Embora as experiências sejam permanentes e inesquecíveis não são de fácil expressão ou compreensão. As experiências espirituais não fogem dessas dificuldades. Elas são realmente sentidas, abrangem a pessoa toda no seu “eu profundo”, seu entendimento (mundo dos valores) e afetividade (compromissos). Daí a dificuldade, não de percebê-las, mas de expressá-la adequadamente com meras palavras.
Quando a experiência de Deus acontece, fica-se profundamente tocado e transformado. Tem uma dimensão holística. A experiência espiritual, sempre interior, se traduzirá geralmente em decisões e gestos concretos exteriores, chamando a atenção daqueles que a vêem. A vida se faz significativa e profética!
A experiência verdadeira de Deus engloba a pessoa toda e mexe com o seu sistema de valores; é profunda e atinge o âmago do ser da pessoa. Acontece no interior da pessoa, no núcleo da sua liberdade, mas se expressa exteriormente no mundo dos valores e das decisões.
A espiritualidade Inaciana é seguimento de Jesus e serviço carinhoso aos irmãos!
Toda experiência traz consigo uma combinação de sensações internas (moções, afetos, valores...) e externas (opções, decisões...) que a fazem, de algum modo, inexprimível. Embora as experiências sejam permanentes e inesquecíveis não são de fácil expressão ou compreensão. As experiências espirituais não fogem dessas dificuldades. Elas são realmente sentidas, abrangem a pessoa toda no seu “eu profundo”, seu entendimento (mundo dos valores) e afetividade (compromissos). Daí a dificuldade, não de percebê-las, mas de expressá-la adequadamente com meras palavras.
Quando a experiência de Deus acontece, fica-se profundamente tocado e transformado. Tem uma dimensão holística. A experiência espiritual, sempre interior, se traduzirá geralmente em decisões e gestos concretos exteriores, chamando a atenção daqueles que a vêem. A vida se faz significativa e profética!
A experiência verdadeira de Deus engloba a pessoa toda e mexe com o seu sistema de valores; é profunda e atinge o âmago do ser da pessoa. Acontece no interior da pessoa, no núcleo da sua liberdade, mas se expressa exteriormente no mundo dos valores e das decisões.
A espiritualidade Inaciana é seguimento de Jesus e serviço carinhoso aos irmãos!
(in Rev. ITAICI 36/1999)
Muito bom texto, Padre Ramón. Enfatizo a frase do penúltimo parágrafo do seu texto:
ResponderExcluir"A experiência espiritual, sempre interior, se traduzirá geralmente em decisões e gestos concretos exteriores, chamando a atenção daqueles que a veem."
Sou uma das retirantes que acabou de sair do CCB - Joana Eleutério