Um
só Espírito, mas multiplicidade de dons... (1Cor 12, 4)
Neste pequeno mundo globalizado nos encontramos
com múltiplas experiências religiosas. Essa diversidade, em vez de nos incomodar
deveria nos aproximar mais do mistério de Deus, sempre inefável e incompreensível.
Deus é um mistério e nossa compreensão sempre será ínfima...
Deus, mistério intransponível e
indizível, é captado nas nossas pobres e diversas experiências religiosas. Toda
experiência religiosa é limitada e mais esconde do que revela e Deus, sempre mais
e maior, é de algum modo revelado por elas. As religiões apenas
balbuciam algo sobre o que sentem e experimentam. Daí, nosso respeito e
admiração por todos os que se deixam encantar pelo eco do Infinito.
A ‘grosso modo’ podemos dizer que há religiões do ser (Hinduísmo, Budismo
e Taoismo), situadas mais no Oriente e religiões
da fé (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo), vividas mais no Ocidente. Uns
encontram Deus na Criação; outros se deixam interpelar mais pelo Amor. E como
sempre, uns buscarão o Infinito no finito e outros não perceberão nada nem se interessarão por Ele...
A experiência mística é uma realidade antiga
e deu origem às religiões; acontece em todas elas, enriquecendo-as. Diante da mística,
seja onde ela acontecer e se encontrar, só cabe respeito e admiração, pois de
algum modo deixa transparecer o o Ser e o Amor do único Deus.
Vejo a experiência da ‘não-dualidade’ nos místicos do Hinduísmo; não é identidade panteísta, como alguns pensam, mas aquele não somos dois, mas também não somos um!... que
só os místicos sentem e intuem. Deus, o totalmente inacessível nos habita e
está em todos e todos nele!
Algumas sombras, próprias da limitação dos
humanos, foram projetadas sobre este mistério imarcescível de Deus: desvalorização
das realidades (sempre tão fugazes e passageiras!) e da história; ou até do
próprio ser humano que entra de cheio nessa temporalidade. Daí, as castas e o
processo re-encarnatório hinduísta, buscando etapas maiores e melhores...
O
Hinduísmo é seduzido pela grandeza do ser de Deus, deixando na penumbra o pobre
ser humano...
O Budismo,
‘heresia’ do hinduísmo, também tem seus místicos. Se o hinduísta foi seduzido
por Deus, o budista se deixa arrebatar pela carência do ser humano, daí sua
dimensão filantrópica, religiosa, agnóstica ou mesmo ateia. Mas, a ‘experiência
mística’ pode dar-se até em não crentes, quando são envolvidos visceralmente pela
misericórdia e compaixão para com todos. A solidariedade é ‘mística’ por natureza,
pois expressa qualidades divinas. Quem se nega a si mesmo, para
ajudar gratuitamente, é um ‘iluminado’.
O
Budismo é seduzido pela compaixão, deixando
na penumbra Deus...
E
o Taoismo? O que dizer deste caminho da
‘sabedoria’, da experiência sapiencial do Mistério? Acaso não podemos
vislumbrar Deus nessa busca pela sabedoria? Nos provérbios relatados por Lao
Tse, fruto de uma experiência iluminada, se apresenta o melhor da natureza
humana. E quando esta revela o melhor dela, podemos encontrar a profundidade da
Verdade e da Beleza que a todos habita...
O
ser humano faz parte de um conjunto maior que nos une e reúne e alguns conseguem
intuir essa presença. A materialidade do Ser dará evolutivamente saltos qualitativos: passara a ser matéria vivente e desta para o ser racional (pessoa humana), até se divinizar em Jesus.
As diversas expressões religiosas são lampejos de Deus nos caminhos da humanidade!
As diversas expressões religiosas são lampejos de Deus nos caminhos da humanidade!
Uma
pergunta: você vive na superficialidade ou na profundidade do Ser?
Toda experiência é individual, é particularmente só sua,vivida por cada um. Não se transmite por palavras uma experiência com Deus. Não se pode explicar esse encontro, "o essencial é invisível aos olhos". A medida que minha alma tem "sede" de algo mais, paro, olho para dentro de mim mesma, reflito e saboreio meu encontro com Deus.Minha resposta a esse encontro se dá quando participo da história do outro.
ResponderExcluirEsse texto me fez refletir sobre minha busca interior. Que Deus lhe use cada vez mais para iluminar os corações sedentos do amor do Pai.
Gostaria de saber a diferença entre o Deus das religiões monoteistas (cristianismo, islamismo e Judaísmo), e o Deus das religiões panteístas ou orientais como o o Budismo, Induísmo, Taoismo etc. No Budismo, apesar de se identificarem ateus, crêem no contínuo evoluir do ser humano (Mahvantara) para chegar à iluminação. Mas para se ter iniciado esta roda de progresso e perfeiçoamento, alguém (leia-se Deus, mas não necessáriamente no aspecto antropomórfico) deve ter dado inicio. Qual a diferença entre este Deus iniciador de tudo, e o Deus da Bíblia que muitas vezes tem qualidades antropomórficas ao sentir alegria, tristeza, raiva e amor?
ResponderExcluirObrigado pelo esclarecimento.