Amar e ser amado parece ser o caminho da felicidade sonhada por todos. Contudo, poucos o encontram e outros se perdem no labirinto dessa procura. Amar é dar vida e significado; ser amado é sentir-se repleto de vida.
Eu vim para que tenham vida e vida em plenitude, disse Jesus. Vida em plenitude é mais do que felicidade. A palavra “ZOE” em grego, significa “vida plena” no presente e infinita no futuro, e define bem o que buscamos. A vida física e material (“bios” em grego e daí os seus derivados: biodegradável, biografia, biologia, etc.) é certamente importante, mas é essencialmente limitada e incompleta. A maioria das pessoas busca a vida/bios e não encontram nela a felicidade.
Nascemos para experimentar plenamente a vida e não apenas em parcelas, com experiências eventuais. Faz parte da experiência de “vida plena” sentir o dinamismo da própria existência e concretizá-lo com generosidade e criatividade. A identidade de gênero e a intimidade nos relacionamentos interpessoais fazem parte do caminho do amor. Verdade e liberdade, amor e responsabilidade são como bilros[1] bem manejados, que constroem uma vida consistente e solidária. Uma vida superficial e insensata é resultado do mau uso das nossas capacidades.
Uma vida sem amor é como água parada, logo se deteriora e apodrece. Sem amor nos sentiremos insignificantes; sem verdade, ficaremos perdidos. Ao nascer, experimentamos logo o abraço aconchegante da mãe e o sorriso alegre dos parentes e amigos. Por desgraça e com o passar do tempo, os abraços terminam e o contentamento familiar facilmente se transforma em palavras rudes e ásperas.
O caminho do amor é frágil e só brota quando estamos junto de outros. Acolher e ser acolhido, amar e ser amado pautam positivamente a existência. Pelo contrário, o isolamento frustra a possibilidade do amor. Uma vida fica “desorientada” (sem oriente!) quando os relacionamentos interpessoais se tornam mecânicos e mesquinhos. A dimensão espiritual é essencial nos humanos.
Os relacionamentos experimentados são fundamentais e podem ser positivos, carregados de vida ou negativos, impregnados de mentira e destruição. Nos humanos há dimensões essenciais que devem ser carinhosamente cultivadas e, também avaliadas.
Vamos fazer umas perguntas simples, de auto-análise, para perceber melhor se estamos ou não num processo de crescimento. Dê uma nota de “0” a “10”, conforme for o grau de sua experiência, sendo ‘10’ o valor positivo máximo:
· Avalie sua dimensão física: Fatores genéticos, biológicos, hormonais que influem positivamente no seu corpo e no bem-estar da sua energia vital (vontade de viver).
Pergunta: Quanto se sente bem com o seu corpo? ______ (dê uma nota de “0” a “10”)
· Avalie sua dimensão cognoscitiva: Conhecimento básico e informações adequadas sobre o corpo humano e a sua sexualidade.
Pergunta: Você conhece suficientemente o corpo humano e o modo dele reagir? ______ (dê uma nota de “0” a “10”)
· Avalie sua dimensão emocional: Sentir-se bem com o próprio corpo e com as suas sensações sexuais e emocionais.
Pergunta: Costuma ter sentimentos saudáveis (de valorização) em relação a si e aos outros? _______ (dê uma nota de “0” a “10”)
· Avalie sua dimensão socio-política: Viver entre e com os outros de tal maneira que pode crescer e transformar positivamente também o seu entorno sócio cultural.
Pergunta: Você costuma ser solidário com os mais necessitados? _______ (dê uma nota de “0” a “10”)
· Avalie sua dimensão moral: O ser humano é, por natureza, ético, por isso o seu comportamento deve ser geralmente construtivo e responsável. Somos éticos não pelas crenças que professamos, mas por que somos humanos.
Pergunta: Você tem atitudes construtivas em relação às pessoas e à sociedade? _______ (dê uma nota de “0” a “10”)
· Avalie sua dimensão espiritual: Ser aberto à transcendência, a Deus, é reconhecer que a vida não finaliza com a morte e que a mística faz parte também da experiência humana.
Pergunta: Deus é importante para você e o sente como amigo? _______ (dê uma nota de “0” a “10”)
Se você não contabilizou mais de 30 pontos, precisa urgentemente melhorar o seu viver e crescer mais positivamente na qualidade dos seus relacionamentos. Uma energia vital fraca sinaliza sentimentos de baixa estima e facilmente se traduz em atitudes nocivas (agressivas ou de dependência) para si e para os outros. Não crescer humanamente é regredir.
Vejamos agora algumas “atitudes não saudáveis” nos relacionamentos interpessoais e que devem ser revertidas:
· Incapacidade para determinar adequadamente a própria conduta sexual expressando-a em atitudes abusivas e não saudáveis (promiscuidade, pornografia, pedofilia, etc.).
· Desprezo pelo próprio corpo; compreende também o seu culto exagerado apelando a cirurgias estéticas desnecessárias.
· Incapacidade para desenvolver e manter relacionamentos interpessoais positivos, usando sentimentos de frialdade ou distanciamento afetivo, etc.
· Atitudes excessivamente críticas ou rígidas frente ao comportamento sexual e/ou afetivo limitado dos outros.
· Incapacidade de ser fiel aos compromissos pessoais, sociais ou religiosos assumidos.
Neste caminho interminável do amor, a primeira experiência foi na família, se desenvolveu com os amigos e se concretizará, com o tempo, na dedicação a uma causa altruísta ou no convívio com um/a parceiro/a.
Esse processo de amadurecimento passa sempre pela doação e florescimento de valores, até chegar amadurecido a uma fase de pura doação. Na velhice, esclerosaremos com aquilo que vivenciamos mais frequentemente durante a vida: seremos “crísticos” (cristão, positivos!) ou “satânicos” (negativos!). A gratuidade é a chave para crescer humanamente, pois o amor não se constrói explicitando o pior que nos habita. Um dia alguém me disse: fulano só partilha o pior de si e guarda o melhor para si! Isso é realmente negativo!
Uma pergunta para refletir, escrever e partilhar: Você é criativo na vida e nos seus relacionamentos interpessoais?
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