Aonde eu não estou as palavras me acham... (M. de Barros)
JURAR DE PÉS JUNTOS. Mãe, eu juro de
pés juntos que não fui eu... A expressão
surgiu através das torturas executadas pela Santa Inquisição, nas quais o
acusado de heresias tinha as mãos e os pés amarrados (juntos) e era torturado
pra dizer nada além da verdade. Até hoje o termo é usado pra expressar a
veracidade de algo que uma pessoa diz.
MOTORISTA BARBEIRO: Nossa, que cara mais barbeiro! No século XIV, os barbeiros faziam não somente os serviços
de corte de cabelo e barba, mas também, tiravam dentes, cortavam calos, etc., e
por não serem profissionais, seus serviços mal feitos geravam marcas. A partir
daí, desde o século XV, todo serviço mal feito era atribuído ao barbeiro, pela
expressão "coisa de barbeiro".
TIRAR O CAVALO DA CHUVA: Pode ir tirando
seu cavalinho da chuva porque não vou deixar você sair hoje!... No século XIX, quando uma visita iria ser breve, ela
deixava o cavalo ao relento em frente à casa do anfitrião e se fosse demorar,
colocava o cavalo nos fundos da casa, em um lugar protegido da chuva e do sol.
Contudo, o convidado só poderia pôr o animal protegido da chuva se o anfitrião
percebesse que a visita estava boa e dissesse: "pode tirar o cavalo da chuva".
DAR COM OS BURROS N'ÁGUA: A expressão surgiu no período do Brasil colonial, onde
tropeiros que escoavam a produção de ouro, cacau e café, precisavam ir da
região Sul à Sudeste sobre burros e mulas. O fato era que muitas vezes esses
burros, devido à falta de estradas adequadas, passavam por caminhos muito
difíceis e regiões alagadas, onde os burros morriam afogados. Daí em diante o
termo passou a ser usado pra se referir a alguém que faz um grande esforço pra
conseguir algum feito e não consegue ter sucesso naquilo.
GUARDAR A SETE CHAVES: No século XIII, os reis de Portugal adotavam um sistema de
arquivamento de joias e documentos importantes da corte através de um baú que
possuía quatro fechaduras, sendo que cada chave era distribuída a um alto
funcionário do reino. Portanto eram apenas quatro chaves. O número sete passou
a ser utilizado devido ao valor místico atribuído a ele, desde a época das
religiões primitivas. A partir daí começou-se a utilizar o termo "guardar a sete chaves" pra designar
algo muito bem guardado.
OK: A expressão inglesa "OK" (okay), que é mundialmente conhecida pra significar algo
que está tudo bem, teve sua origem na Guerra da Secessão, no EUA. Durante a
guerra, quando os soldados voltavam para as bases sem nenhuma morte entre a
tropa, escreviam numa placa "0
killed" (nenhum morto), expressando sua grande satisfação, daí surgiu o
termo "OK".
ONDE JUDAS PERDEU AS BOTAS: Existe uma história não comprovada, de que após trair
Jesus, Judas enforcou-se em uma árvore sem nada nos pés, já que havia
posto o dinheiro que ganhou por entregar Jesus dentro de suas botas.
Quando os soldados viram que Judas estava sem as botas, saíram em busca delas e
do dinheiro da traição. Nunca ninguém ficou sabendo se acharam as botas de
Judas. A partir daí surgiu à expressão, usada pra designar um lugar distante,
desconhecido e inacessível.
PENSANDO NA MORTE DA BEZERRA: A história mais aceitável para explicar a origem do termo é
proveniente das tradições hebraicas, onde os bezerros eram sacrificados para
Deus como forma de redenção de pecados. Um filho do rei Absalão tinha grande
apego a uma bezerra que foi sacrificada. Assim, após o animal morrer, ele ficou
se lamentando e pensando na morte da bezerra. Após alguns meses o garoto
morreu.
PARA INGLÊS VER: A expressão surgiu por volta de 1830, quando a Inglaterra
exigiu que o Brasil aprovasse leis que impedissem o tráfico de escravos. No
entanto, todos sabiam que essas leis não seriam cumpridas, assim, essas leis
eram criadas apenas "pra
inglês ver...". Daí surgiu o termo.
RASGAR SEDA: A expressão que é utilizada quando alguém elogia
grandemente outra pessoa, surgiu através da peça de teatro do teatrólogo Luís
Carlos Martins Pena. Na peça, um vendedor de tecidos usa o pretexto de
sua profissão pra cortejar uma moça e começa a elogiar exageradamente sua
beleza, até que a moça percebe a intenção do rapaz e diz: "Não rasgue a seda, que se esfiapa..."
O PIOR CEGO É O QUE NÃO QUER VER: Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o
doutor Vicent de Paul D`Argent fez o primeiro transplante de córnea em um
aldeão de nome Angel. Foi um sucesso da medicina da época, menos pra
Angel, que assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via.
Disse que o mundo que ele imaginava era muito melhor. Pediu ao cirurgião que
arrancasse seus olhos. O caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano.
Angel ganhou a causa e entrou pra história como o cego que não quis ver.
ANDA À TOA:
Toa é a corda com que uma embarcação
reboca a outra. Um navio que está à toa é o que não tem leme nem rumo, indo pra
onde o navio que o reboca determinar.
QUEM NÃO
TEM CÃO, CAÇA COM GATO: Na verdade, a expressão, com o passar dos anos, se
adulterou. Inicialmente se dizia quem não
tem cão caça como gato, ou seja, se esgueirando, astutamente,
traiçoeiramente, como fazem os gatos.
DA PÁ VIRADA: A origem do ditado é em relação ao instrumento, a pá.
Quando a pá está virada pra baixo, voltada pro solo, está inútil, abandonada
decorrentemente pelo Homem vagabundo, irresponsável, parasita.
NHENHENHÉM: Nheë, em tupi, quer dizer falar. Quando os portugueses
chegaram ao Brasil, os indígenas não entendiam aquela falação estranha e diziam
que os portugueses ficavam a dizer "nhen-nhen-nhen".
VAI TOMAR BANHO: Em "Casa Grande & Senzala",
Gilberto Freyre analisa os hábitos de higiene dos índios versus os do
colonizador português. Depois das Cruzadas, como corolário dos contatos
comerciais, o europeu se contagiou de sífilis e de outras doenças
transmissíveis e desenvolveu medo ao banho e horror à nudez, o que muito
agradou à Igreja. Ora, o índio não conhecia a sífilis e se lavava da cabeça aos
pés nos banhos de rio, além de usar folhas de árvore pra limpar os bebês e
lavar no rio as redes nas quais dormiam. Ora, o cheiro exalado pelo corpo dos
portugueses, abafado em roupas que não eram trocadas com frequência e raramente
lavadas, aliado à falta de banho, causava repugnância aos índios. Então os
índios, quando estavam fartos de receber ordens dos portugueses, mandavam que fossem "tomar banho".
ELES QUE SÃO BRANCOS QUE SE
ENTENDAM: Esta
foi das primeiras punições impostas aos racistas, ainda no século XVIII. Um
mulato, capitão de regimento, teve uma discussão com um de seus comandados e
queixou-se a seu superior, um oficial português... O capitão reivindicava a
punição do soldado que o desrespeitara. Como resposta, ouviu do português a
seguinte frase: "Vocês que são
pardos, que se entendam...". O oficial ficou indignado e recorreu à
instância superior, na pessoa de dom Luís de Vasconcelos (1742-1807), 12°
vice-rei do Brasil. Ao tomar conhecimento dos fatos, dom Luís mandou prender o
oficial português que estranhou a atitude do vice-rei. Mas, dom Luís se
explicou: Nós somos brancos, cá nos
entendemos.
A DAR COM O PAU: O substantivo "pau" figura em várias
expressões brasileiras. Esta expressão teve origem nos navios negreiros. Os
negros capturados preferiam morrer durante a travessia e, pra isso, deixavam de
comer. Então, criou-se o "pau de
comer" que era atravessado na boca dos escravos e os marinheiros
jogavam sopa e angu pro estômago dos
infelizes, a dar com o pau. O povo incorporou a expressão.
ÁGUA MOLE
EM PEDRA DURA, TANTO BATE ATÉ QUE FURA: Um de seus primeiros registros literário foi feito pelo
escritor latino Ovídio ( 43 a .C.-18 d.C), autor de célebres livros como
"A arte de amar" e “Metamorfoses", que foi exilado sem que
soubesse o motivo. Escreveu o poeta: “A
água mole cava a pedra dura...". É tradição das culturas dos países em
que a escrita não é muito difundida formar rimas nesse tipo de frase pra que
sua memorização seja facilitada.
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