11. Curar os corações feridos...

Nunca vi o horizonte de mim mesmo...
O profeta Isaías diz: O Senhor vem para curar os corações feridos!... (cf. Is 61,1). Não são poucos os que se encontram nessa situação e precisam dessa cura e sanação. São muitos os deprimidos, magoados e decepcionados. Quanto mais caminhamos pela vida, mais nos machucamos. Alguns andam com o coração encolhido! 

Problemas emocionais e transtornos psicológicos enchem os consultórios clínicos e psiquiátricos. Com o passar dos anos alguns se isolam nas suas lembranças e desistem de partilhar com simplicidade a própria vida. Quando o desenvolvimento emocional não foi bem resolvido, repercute negativamente nas etapas posteriores e, se chega à vida adulta amargurado, agressivo e negativo. 

Mágoas e desencantos precisam ser sanados. Você já percebeu como as curas dos relatos evangélicos exemplificam também as nossas limitações? Todos precisamos do carinho dos outros, por isso deixe de lado suas lamentações e comece a sentir e a viver coisas melhores. 

Para alguns a vida não é nada fácil: traição, abandono, abusos, miséria... Há experiências devastadoras que teimam em permanecer ancoradas dentro do coração. Contudo, se somos frágeis também carregamos a capacidade de nos refazer. Luzes e sombras fazem parte da vida de todos! 

1. Nossas feridas emocionais. Quando lesionamos o crescimento pessoal, fica também comprometido o processo de maturação emocional, afetando seriamente os nossos relacionamentos mais próximos. Somos, então, incapazes de expressar o nosso afeto com liberdade. 

Prisioneiros de emoções reprimidas, precisamos curar nossos sentimentos, como aqueles israelitas do tempo de Isaías. Há feridas emocionais sempre e quando não conseguimos manter relacionamentos adequados, isto é, quando agredimos ou rejeitamos. Eis algumas experiências que podem ocasionar traumas emocionais:

Sexualidade violentada. O abuso sexual deixa marcas que não se apagam com o passar do tempo. Partilhar com alguém de confiança, ajuda a descarregar o mal-estar emocional de outrora, acrescido com o passar do tempo... 
Culpabilidade. Sentimos remorsos quando fazemos algo de errado. Há pessoas incapazes de se sentirem culpadas, apesar do seu agir negativo; sofrem de um ‘transtorno antissocial da personalidade... 
Fracassos emocionais. O fracasso nos relacionamentos causa sempre desconforto e aflição e clama por uma cura. Seu efeito negativo é fechar-se, endurecer-se e guardar mágoas imperdoáveis... 
Narcisismo. Alguns só se preocupam consigo mesmo. Você já percebeu como o narcisista nunca se revela de forma autêntica nem mantém compromissos duradouros?... 

Quanto mais cedo estas experiências negativas aconteceram, maior o dano no desenvolvimento emocional das pessoas e os conflitos nos seus relacionamentos. 

2. Ritos de sanação. Se as feridas emocionais começaram cedo, teremos dificuldades maiores nos nossos relacionamentos interpessoais. Para uma sanação profunda e verdadeira precisamos olhar a história do nosso amor ferido e contá-la com simplicidade, como fez aquela mulher samaritana com Jesus, em Sicar (cf. Jo 4). Contar primeiro para si e depois para alguém que compreenda e ajude a nomear a verdade daquilo que ficou escondido, para agora ser recuperado e interpretado positivamente. 

Os ritos de sanação estão sempre associados à salvação. É possível criar outros rituais que ajudem na sanação do sentir ferido ou rejeitado. Possíveis feridas e sua sanação: 

No tempo da infância (0 a 12 anos):
1ª Fase. Ausência da consciência sexual e pouco interesse por sensações e condutas. As experiências no campo sexual dependem geralmente de outras pessoas. A violência sexual nesta fase é arrasadora e precisa da sanação com ajuda terapêutica especializada. 
2ª Fase. Despertar sexual. Os adultos fixados nesta fase têm um comportamento emocional impróprio: Centram-se em si mesmos e facilmente se sentem ameaçados, por isso seus relacionamentos são curtos e superficiais. Os pedófilos têm fixação nesta fase. 
3ª Fase. Socialização emocional. Os adultos com problemas nesta fase se escondem: Pensam, sentem e agem sexualmente, mas não o demonstram, nem falam disso. São duros quando julgam o comportamento dos outros. Zelosos de sua privacidade, não se relacionam em profundidade com ninguém. Buscam compensações em filmes pornográficos e numa masturbação compulsiva. 

Para sanar as experiências negativas desta etapa é preciso perceber o comportamento atual da pessoa adulta. Há sanação quando o adulto começa a dar nomes aos seus sintomas e encontra as causas em experiências negativas acontecidas, nesta etapa de sua história. 

Adolescência (13 a 18 anos): 
1ª Fase. Fantasia sexual exacerbada. Adultos fixados nesta etapa vivem a sexualidade mais na fantasia do que na realidade. Idealizam tanto as relações interpessoais que ninguém está à altura de suas expectativas. Vivencia-se ciúmes, ressentimentos e posse dos outros. 
2ª Fase. Preocupação sexual. Adultos com problemas nesta fase vivem preocupados excessivamente com o sexo e a sua própria pessoa: ‘meus’ desejos,  ‘minhas’ necessidades, ‘meus’ sentimentos... Não se relacionam com a pessoa ‘amada’, mas com as partes corporais dela... Utilizam os outros e os excluem quando não mais agradam ou excitam... 
3ª Fase. Exploração relacional. Adultos com problemas nesta fase são superficiais, medrosos, submissos e com baixa autoestima. Os celibatários, com fixação nesta fase, se relacionam com muitas pessoas ao mesmo tempo, para não ficar só com uma e buscam sempre o melhor para si. 

Para sanar as experiências negativas nesta etapa é preciso recordar o acontecido e refazer o registro emocional, dando-lhe uma conotação positiva. A recuperação pessoal saudável acontece quando o adulto nomeia não só os seus sintomas, como quando encontra alguma relação com experiência negativas experimentadas nesta segunda etapa de sua história. 

Idade adulta (a partir dos 21 anos): 
1ª Fase. Mutualidade emocional. As pessoas mantêm relacionamentos sadios e recíprocos; sabem amar e ser amados; valorizam os outros e são valorizadas por aquilo que são e não pelo que fazem ou têm. 
Problemas desta fase: medo de tomar decisões e dificuldade de assumir riscos nos compromissos emocionais despertados, por senti-los como ameaçadores da sua liberdade. 
2ª Fase. Integração psicossexual. Aqui não há fixações, mas integração da vida toda. As pessoas tomam decisões e assumem suas consequências. As pessoas crescem na liberdade e no compromisso, fazendo-se mais disponíveis. 

A vida de cada um consiste em como escolheu distorcê-la e isso começou numa fase determinada da vida...

Uma pergunta: Você sabe quando começou a ‘distorcer’ a sua vida?

2 comentários:

  1. Boa tarde, Pe.Ramón. Acredito que o primeiro passo é se sentir incomodado com nosso comportamento, e com as respostas que a vida nos dá. Em seguida, criar coragem para tomar atitude e procurar ajuda.Com uma terapeuta, cheguei à conclusão de que minha doença psicossocial,começou quando meu pai morreu, eu então, com 4 anos de idade, cheguei a ficar febril, a ponto de "delirar",não foi fácil e deixou sequelas emocionais, de grande perda,me fechei para o mundo, tivemos uma educação moral e social muito severa por parte de minha mãe, falar sobre sexo,há trinta anos atrás,era proibido, perigoso...uma defesa de mãe,cuidar das crias, para que nada de ruim lhes acontecesse e nos sufocou.Sou tímida, talvez por isso gosto de escrever, para mim é mais fácil para me expressar.Sou do tipo, quando estou com problemas, me afasto, me isolo para orar e conversar com Deus, não fico em depressão,choro, lamento, mas tenho uma facilidade enorme de sacudir a poeira e dar a volta por cima,eu tenho o Senhor como meu único e fiel amigo, e como Mãe Medianeira e Auxiliadora, Nossa Senhora,com Eles posso ser eu mesma, já aprendi a esperar suas respostas. É impressionante como Ele me responde, algumas vezes, tão rápido, que me assusta! Semana passada mesmo, eu ia fazer um curso, mas, antes na minha solitude oratória, antes de dormir,pedi a Deus que me desse um sinal,para eu saber se seria bom ou não.No dia seguinte, recebo um e-mail,mudando a data do início do curso que seria agora nesse final de semana, e transferiram para novembro! E com dizeres, para pensar bem, tomar bastante conhecimento, porque é um curso preparatório que precisa realmente se envolver! Veja! Era Deus me dando resposta através de um simples e-mail e tenho agora até novembro para orar mais,pensar, analisar e me decidir, ser realmente tocada ou não no coração, me sentir chamada. É assim, precisamos aprender saber onde buscar resposta, e em quem confiar, eu confio em Deus, eu sei que Ele me ama, me busca e me protege quando me faz ficar mais quieta em casa e comigo mesma, não entendo isso como castigo, mas sim como zelo,prevenção.Ele sempre me dá respostas, me ajuda a encontrar as soluções,o melhor caminho,sinais e assim vou me corrigindo, buscando me acertar, e sou sempre agradecida por tê-Lo como meu amigo e não gosto de contraria-lo, mesmo que magoe meu próximo. A cura nem sempre é imediata, muitas das vezes,o doente precisa ser tratado com doses homeopáticas, ir se curando aos poucos, em outras, Deus nos dá um tratamento de choque e nos curamos na hora, depende da necessidade, possibilidade e urgência!Paz e bem.

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  2. Minha Vida está entregue nas mãos de Deus. Ele cuida, guia e ilumina.

    Obrigada por mais um texto!!

    Abraço fraterno, Leandra.

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