O livrinho dos Exercícios Espirituais (EE) não foi redigido no século passado, mas no
século XVI. Inácio de Loyola é de uma época, mas sua experiência de Deus, po ser verdadeira, transpassa os limites do tempo e se transforma em proposta válida para muitas pessoas de todas as épocas e culturas.
A ‘cavalaria’ andante medieval era o ambiente emocional do jovem Ínhigo (nome de batismo!), e com ele, a sua fantasia voava... Inácio (nome do discípulo de Jesus!) é a síntese dos valores antigos que acabaram e dos novos que surgiam nos novos livros impressos. Assim pois, na
antropologia inaciana a pessoa humana é fundamental e já aparece bem no Princípio e
Fundamento dos EE: O ser humano é para... A abertura para Deus e os outros usando das coisas tanto quanto ajudam, é a primeira incumbência proposta.
Os ‘romances de cavalaria’ que Ínhigo tanto gostava, propunham três valores: 1. Amor apaixonado por uma donzela; 2. Aventura da vida como expressão desse amor; 3. E a experiência (experimentum) como meio privilegiado para se conhecer... Essa é também a proposta dos Exercícios Espirituais, estruturados em quatro "Semanas" ou propostas de experiências a serem vivenciadas.
Os ‘romances de cavalaria’ que Ínhigo tanto gostava, propunham três valores: 1. Amor apaixonado por uma donzela; 2. Aventura da vida como expressão desse amor; 3. E a experiência (experimentum) como meio privilegiado para se conhecer... Essa é também a proposta dos Exercícios Espirituais, estruturados em quatro "Semanas" ou propostas de experiências a serem vivenciadas.
Na Primeira Semana, início de esse caminho interior, a graça pedida é experimentar a misericórdia de Deus em realidades limitadas e deterioradas, ao meditar e examinar o lado mais sombrio da própria vida... Aprendemos a dialogar e a esperar respostas do Senhor ressuscitado... Diante de Jesus sempre fiel, fizemos três perguntas
fundamentais: O que fiz?... O que faço?...
O que devo fazer por Cristo?... Era o início da Via Purgativa, purificação
interior e profunda por tanta incoerência vivida!
Na Segunda Semana a graça pedida foi conhecer internamente meu Senhor Jesus Cristo... enquanto contemplávamos os seus diversos mistérios da sua vida... Adentramos no mistério por pura graça, e nos encontramos com a Via Iluminativa, com a luz que clareia a confusão da vida ao ser confrontada com a do Senhor por meio da contemplação..
Na Terceira Semana, nova proposta a ser experimentada, pois a graça pedida é entrar em comunhão profunda com Jesus, em
quanto se contemplam os mistérios da Paixão do Senhor: Dor com Cristo doloroso, angústia com Cristo angustiado, lágrimas, pena
interna de tanto sofrimento que Cristo passou por mim... Só um amor
apaixonado para viver tamanha incompreensão! É o início da Via Unitiva, acompanhamento amoroso e silencioso do oprimido e torturado, dando a vida por quen tanto precisa dela...
Na Quarta Semana ou etapa deste caminho inaciano chegamos à experiência
da mística mais profunda ao ‘ver’, ‘ouvir’ e ‘participar’ da presença do Senhor
vivo e Ressuscitado no meio das realidades deste mundo. Quem fez este caminho
será um verdadeiro sensitivo e contemplativo na ação!
Ninguém
caminha repetindo mecanicamente um texto misterioso ou iniciático, mas na medida em que mergulha na experiência proposta e se confronta com ela, As Regras do
discernimento ajudam a examinar os amores sentidos e experimentados: o egoísmo (amor só
a si!) ou altruísmo (amor a Deus e aos outros!).
Algumas experiências fundamentais
inacianas surgem como dom, neste caminho interior: Liberdade interior dirigida mais pelo amor do que pelas normas; busca
do ‘Magis’ (do melhor!) e não de qualquer oportunidade mesquinha; o serviço aos mais necessitados, como atitude de vida; sentir-se perdoado, integrado, chamado e escolhido... Numa sociedade complexa e plural começamos a conviver com todos como irmãos e irmãs, ajudados pelo discernimento, o exame, a meditação, contemplação e a aplicação dos Sentidos... que não são outra coisa do que viver o amor nas circunstâncias mais diversas...
Os
Exercícios Espirituais inacianos são, pois, uma boa ferramenta para os cristãos que desejam viver como cidadãos num mundo plural e em constante mutação.
Uma pergunta: Como você definiria este caminho inaciano?
Um caminho de vida, Pe. Ramón. Gostei dessa comparação entre os romances de cavalaria com os Exercícios. È isso mesmo. E, como o senhor disse :
ResponderExcluir"Quem fez este caminho será um verdadeiro sensitivo e contemplativo na ação!"
Grande abraço,
Lylia
Boa noite Pe. Ramón. Em síntese me mostrou uma experiência de auto contemplação, monólogo introspectivo intercalando perguntas e respostas "byself",buscando me situar melhor na vida,quem sou realmente, o que faço? Necessidade de meditação dos mistérios dolorosos de Jesus,um caminho que bem traçado,a luz brilhará com intensidade no serviço amoroso ao próximo,e nesse caminho aprenderei a me amar melhor e o outro,encontrarei com Jesus,aguçarei meus sentidos,sabendo que estou a serviço de uma sociedade de unidade diversificada e mutante.Será que entendi? Vou praticar os exercícios. Agradecida.Paz e bem.
ResponderExcluirOs Exercícios para mim são caminho de vida, pois sempre que os pratico me sinto realmente realizado, mais humano e integrado a Cristo e sua Igreja.
ResponderExcluirPara mim, os Exercícios Espirituais são um caminho de vida,libertação e autoconhecimento.
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