Papa Francisco: Nove meses de caminhada...

O Senhor é meu Pastor...
O Papa Francisco continua imbatível na mídia a pesar do tempo. Quando se anunciou que se chamaria Francisco, 13/MAR/2013, até o dia de hoje não imaginávamos que os gestos, palavras e decisões deste jesuíta latino-americano fossem tão significativos e importantes... Não o entenderemos ficando só com o que diz nem o compreenderemos olhando só seus gestos. Ambos são inseparáveis! E esse seu modo de proceder trouxe, paulatinamente, uma nova primavera à Igreja. Misericórdia, simplicidade, participação palavras tão antigas e quase esquecidas no meio de nós! 
Vejamos algumas coisas que começaram a ser questionadas e reformuladas:
1. Papel da mulher na Igreja. A mulher tem que ocupar seu rol na Igreja. "sofro quando vejo na Igreja ou em organizações eclesiais que o rol da mulher é quase sempre de serviçal...” Pouco depois, alguns até já se atreviam de propor alguns nomes de mulheres para serem nomeadas cardeais: a teóloga Linda Hogan, do Trinity College de Dublin (Irlanda), a ex-presidente irlandesa Mary McAleese, Ir. Teresa Okure, professora de teologia no Instituto Católico da África Ocidental, na Nigéria ou Maryanne Loughry, diretora adjunta do Serviço Jesuíta aos Refugiados da Austrália... O tempo dirá!

2. Segundas núpcias e sacramentos. Por que não podem comungar os divorciados que voltaram a se casar? É uma pergunta frequente que muitos a respondem por conta própria. Recentemente o Papa Francisco enviou um amplio questionário sobre a situação da família nos dias de hoje tendo em vista o Sínodo extraordinário de outubro/2014: “Desafíos pastorais sobre a família no contexto da evangelização". E uma das perguntas é: os separados e divorciados que casaram de novo são uma realidade pastoral relevante na Igreja? E dentro deste item estão os novos tipos de família que a sociedade civil reconhece... O quê e como fazer?

3. Casa Santa Marta. O Papa Francisco não ocupou o apartamento dos seus antecessores, mas ficou na residência Santa Marta, onde residem outros prelados da Cúria Romana. Todos ficaram intrigados... Maior segurança e simplicidade? Ele disse: Fiquei em Santa Marta por questões psiquiátricas. Para não ter que estar sofrendo essa solidão que não me faz bem... Sozinho poderia se mais manipulado!  

4. Reforma da Cúria Romana. Nunca se sabe quando é o Papa que dá uma orientação ou é um monsenhor da Cúria que manda. A criação do "G-8", grupo de 8 cardeais provenientes dos diversos continentes para assessorá-lo na reforma da Cúria e no governo da Igreja, foi outra novidade significativa para silenciar os que facilmente o criticariam por tomar “decisões pessoais e contrárias” ao de sempre. Reforma também dos Sínodos e das Conferências episcopais dando-lhes maior poder decisório...

5. Abusos a menores. Pedofilia, tráfico humano (CF/2014), migrantes... são temas que estremecem o coração do Papa Francisco e também o nosso. Tolerância zero nos abusos sexuais, e uma Conferência Mundial em 2015 sobre esse tráfico desumano que mobiliza mais dinheiro do que a indústria da guerra e o comércio ilegal das drogas. Guerra, fome, migração... são problemas que exigem um posicionamento mais claro dos cristãos.  

6. O poder como serviço! Os ministérios da Igreja são formas de serviço. Mas aos poucos foram se transformando em centros pessoais de poder. E como acontece em outros organismos sociais, a luta pelo poder corrompe as pessoas e as instituições. No dia 31/AGO/2013 o Papa Francisco nomeou como Secretario de Estado, posto mais importante da Santa Sé, o arcebispo Pietro Parolin, que estava como Núcio apostólico em Venezuela, para substituir o polêmico cardeal Tarcisio Bertone. Precisamos ainda ver o como este homem poderoso vai exercer seu ministério na linha do Papa Francisco...

7. Ecumenismo e diálogo inter-religioso. "Um cristão não poder ser antissemita!” disse mais de uma vez o Papa Francisco. E meses atrás recebeu fraternalmente seu amigo rabino Abraham Skorka, na casa Santa Marta, com quem conversou repetidas vezes no seu escritório e na mesa compartilhada. E chamou de “irmãos” aos muçulmanos... No seu programa está o avançar no ecumenismo com as Igrejas Ortodoxas e com aquelas provenientes da Reforma (Luteranos, Anglicanos...). A Igreja, comunidade de comunidades que acredita em Jesus. 

8. O discutido "Banco Vaticano". Até agora não havia clareza nem transparência nesta instituição que, segundo alguns, ajudava pessoas inescrupulosas na lavagem de dinheiro. Era um vespeiro, e ninguém tinha coragem de mexer com ele.  O Papa Francisco, em menos de três meses, criou uma comissão especial e o trabalho até agora realizado foi louvado pelas instituições financeiras mais renomadas.

9. A guerra da Síria. Houve um momento, nesse conflito interminável da Síria, que os Estados Unidos expressaram a intenção de intervir unilateralmente com forças militares... O Papa teve um papel central ad intra (convidando-nos à oração e ao jejum!) e ad extra, convocando os embaixadores acreditados ante a Santa Sé e escrevendo uma carta pessoal ao Presidente da Rússia, W. Putin, por ocasião do G 20, reunido providencialmente naquela semana, em S. Petersburgo. A invasão americana unilateral do Sr. Obama não aconteceu!

10. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (A alegria do Evangelho). Último documento do Papa Francisco, com seu estilo claro e direto, apresentando uma Igreja missionária e não auto-referencial, uma Igreja em estado permanente de missão e sempre com as portas abertas para os necessitados é um desafio para todos. Alguns gostariam que tudo ficasse como estava, mas isso não é evangélico. Evangelho é novidade e boa! 

Por último, a revista Time, com fotografia na capa, o nomeou o personagem do ano 2013.

 

Em nove meses já fizemos uma longa jornada e certamente recuperamos o ânimo que parecia perdido!

E você o que acha do ministério do Papa Francisco?


Um comentário:

  1. Padre J. Ramón, boa noite! Vejo como leiga que sou, nosso Papa Francisco como um reformador.Trazendo a Igreja do passado para viver um presente real, e para isso claro,mister reformular todo o sistema, se ajustar, adequar, reposicionar, e toda mudança requer tempo, coragem, ouvidoria. Eu como cristã católica, ainda sinto a discriminação dentro da própria Igreja por ser uma mulher separada já há 18 anos,separada judicialmente, para não perder o direito da comunhão não divorciei, e se quero ser cristã por inteiro, haja vista, o direito canônico,assim rezar, tenho que passar pelo constrangimento de uma nova audiência junto aos tribunais eclesiásticos,com meu ex, para anular o matrimônio da Igreja e ser considerada livre. Ora, convenhamos...Papeis me aguardam engavetados e por mim vão amarelar pelo tempo, mas isso, não faço, para mim, apontar dedos um para o outro, depois de tantos anos, é que é pecado,não tem sentido. E enquanto sigo minha consciência e vontade de estar só, em castidade,vou continuar comungando, mesmo que alguns torçam o nariz, ou mudem de lugar... Espero que o Santo Padre olhe também para esses fiéis, estou com os papéis na gaveta do escritório e não tenho coragem de provocar uma audiência e elencar motivos já soterrados, e confessados há mais de 18 anos, só porque o Código canônico é arcaico, não vou me magoar e nem magoar o pai de meu filho nem tampouco recasar com ele,já chega o que a comunidade cristã me magoa por esses motivos, não faz sentido! Vou continuar comungando, já que os separados judicialmente podem quanto à minha abstinência, é motivo de confessionário, é minha intimidade, minha dignidade enquanto mulher,sou eu e minha consciência com Deus,ninguém tem o direito de julgar quem quer que seja, assim nos ensinou Jesus, segundos os Evangelhos. É considerado inocente, até que provem o contrário. Embora alguns não acreditem, mas, não me importo, estou no meu direito, e acho toda essa situação uma ilusão da igreja,em não querer ver a realidade como ela é, ao invés, de castrar direitos, deveriam facilitar isso sim, para que os sozinhos,( Dom Odilo esteve em nossa Catedral durante a novena de Nossa Senhora da Conceição e em sua homilia, disse: "Não fique sozinha!" entendi como comunidade, e direcionei para o meu problema atual com a igreja, os separados tem o direito de refazer sua vida, sem contudo ser obrigados a passar por constrangimentos depois de longos anos de separação,quiçá, possam com desencargos de consciência formar uma nova família, no tempo e hora que escolherem para si.Mesmo assim, sinto no ar a discriminação por parte de alguns, só eu sei o que já passei e ouvi! Lamentável e triste! Julgam o que desconhecem da verdade. Se não mudar o direito canônico nesse procedimento processual, se sentir necessidade de formar uma nova família e barrar com essa controvérsia, mudo eu.... Se alguém se sentir semelhante a essa situação, sugiro que leiam a resenha de Dom Rafael Llano Cifuentes, bispo de Nova Friburgo, licencidado em Direito Civil pela Universidade de Salamanca e Doutor em Direito Canônico pela Universidade Pontifícia de Santo Tomás de Roma, nos ensina a respeito em seu livro "270 Perguntas e Respostas sobre Sexo e Amor", Quadrante, Sociedade de Publicações Culturais, São Paulo, SP, 1995. [acredito que assim sendo, muitos Padres radicais receberão o direito de ir para o céu ao invés do inferno, que é a situação que faz os separandos passarem por conta do Direito Canónico, no capítulo do Matrimônio Cristão.Site para consulta...

    ROSMAN, Renato Colonna. Apostolado Veritatis Splendor: LEITOR PERGUNTA SE CATÓLICO DIVORCIADO PODE NAMORAR CASTAMENTE E COMUNGAR. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/5625. Desde 23/03/2009.

    Paz e bem. Maria Angela de Castro

    ResponderExcluir