Realidade e imaginação, pensamentos e sentimentos são dimensões que nos definem e configuram. Somos o que pensamos! Por isso, o aforismo socrático "Nosce
te ipsum...", conhece a ti mesmo, é ponto de
partida para uma vida ser significativa e expressiva.
Quem não se conhece perde-se no mistério da sua
realidade e no labirinto dos relacionamentos. A identidade definida da segurança e
consistência psíquica e emocional às pessoas. Muitos distúrbios comportamentais
surgem por falta de conhecimento e definição de si próprio. "Quem sou?... O que você diz de mim?..."
Sem pensamento próprio ou imaginação criativa sentimo-nos
como objetos descartáveis e repetição insossa de alguém. Ser si mesmo é
uma grande opção, fruto de um profundo conhecimento. Quem reflete e imagina sai
da massa desfigurada, como figura de si próprio. Isso resulta ameaçador para
muitos. Nos tempos que vivemos é mais cômodo não se destacar nem se pôr em
evidência, pois o sistema não tolera pessoas pensantes e criativas... Ficar
despercebido é a chance da mesquinhez e da ambiguidade, pois tudo pode ser e acontecer
no fusco-lusco das sombras e na penumbra.
Todos vivemos a partir da realidade e esta se impõe
pela sua riqueza e diversidade. A realidade apreendida pelos sentidos
se transforma em “imagens” gravadas no nosso inconsciente e na nossa memória. Não
há imaginação sem realidade e esta, evidentemente, se enriquece com aquela.
A criança vive
feliz no seu mundo imaginário, mas se torna adulta quando a realidade suplanta,
impositivamente, sua fantasia. A
realidade se impõe e por vezes até machuca. Como sujeitos sofremos a invasão dos objetos circundantes, pois ninguém é uma ilha. Vivemos dentro de
uma nave espacial que outros lançaram ao espaço e teledirigem... Isto é dramático!
E no âmbito pessoal, qual é a nossa
responsabilidade?
Somos determinados por uma série de fatores genéticos e sociais que não
dependem da nossa vontade. A perfeição física não existe e a psicológica ou a moral,
também não. Somos essencialmente limitados em todas as nossas dimensões e o
princípio da realidade nos determina.
Contudo, há um
mistério imponderável na vida humana, um algo diferente que nos faz sonhar
apesar de todas as nossas imperfeições e condicionamentos. Sem isso, nossa vida
se tornaria insensata e enfadonha. Transcender-se é fundamental para a humanização!
Neste entrechoque entre o imaginário e a realidade,
algumas pessoas se perdem e levam a vida aos trancos e barrancos. A compreensão não é fácil, pois andamos muito mascarados e por isso alguns optaram por uma vida drogada, para
sobreviver. Num mundo de coisas descartáveis é fácil sentir-se “objeto” e
tratar tudo e todos da mesma forma. Como me dizia um amigo: “Eles apenas partilham o pior de si mesmos,
pois o melhor guardam para si...”. Acho essa atitude desumana!
Mas há outras pessoas, mistério da graça,
que cultivam sonhos e valores, dando sentido à própria vida e à dos outros. “Há homens que lutam um dia e são bons. Há
outros que lutam um ano e são melhores. Há quem luta muitos anos e são muito
bons. Mas há os que lutam a vida inteira: esses são imprescindíveis” (B.
Bretch).
Falemos,
pois desses “imprescindíveis”, gente que se fez significativa por causa do seus
sonhos e compromissos.
S.
Teresa
chamava à imaginação de “a louca da casa"
e o célebre físico A. Einstein dizia
que “Nos momento de crise, a imaginação é
muito mais importante que o conhecimento...”
Há diversos modos de exercer a
imaginação. A uma imaginação reprodutora e outra evocadora ou ativa. As pessoas "reativas" empobrecem as comunidades!
Examinando e interpretando nossas
fantasias, chegaremos a entender melhor a nossa realidade e também a dos outros. A imaginação nos identifica!
Uma
pergunta: que importância você dá à sua imaginação?
0 comments:
Postar um comentário