A
afirmação de Jesus “Sede perfeitos...” tirada do contexto, gera profundos
sentimentos de culpa diante de Deus e uma frieza no relacionamento com Ele.
O Pai de Jesus Cristo, revelado como infinita ternura, misericórdia, amor e proximidade para com os pecadores, não é vivido como Pai, mas como um
juiz mal humorado, esquadrinhando nossa vida atrás de infidelidades, exigindo o cumprimento rigoroso das mínimas leis.
Desde os primeiros anos de nossa infância somos impulsionados a buscar a perfeição. Este
conceito assumiu um valor central na compreensão e na orientação da nossa vida, assumindo também um caráter claramente sobrenatural: a vida divina exige que a pessoa procure
a perfeição. Passou-se a considerar a santidade como sinônimo de perfeição;
o caminho da perfeição coincidiria com o caminho da santificação. E isso não é verdade.
Os manuais de espiritualidade passaram a destacar a perfeição como único ideal e a moral
evangélica se reduziu à moral da perfeição; por séculos, a perfeição seduziu, modelou, dominou e controlou a existência dos
cristãos.
O
pior é que, em pleno novo milênio, ainda somos educados a perseguir a perfeição como finalidade suprema da
existência humana. Do ideal de perfeição
que nos séculos passados seduzia o espírito, passamos ao ideal de perfeição que seduz o corpo: seres belos, altos, magros...
A
sociedade atual valoriza pessoas dominadas pela eficiência, pelo sucesso a
qualquer custo, pelo mérito, pela cobrança do “vencer sempre”... A vida
cotidiana continua a ser invadida pelo ideal de perfeição através da permanente cobrança do “render e produzir ao máximo”, “nascemos para vencer”... Isso se traduz em competição,
rapidez, eficiência, tensão emotiva permanente, dedicação estressante ao
trabalho porque “tempo é dinheiro”... Estamos longe da santidade e tal credo não tem nada de humano. É uma “tortura inútil”.
Assumindo
a perfeição como objetivo da vida, o
eu entra em contradição com a vida
mesma, que é essencialmente limitada, frágil e pobre.
A
procura da perfeição é um movimento
que nega o ser humano e põe em movimento uma visão desumana da
vida, pois desconhece sua condição de criatura limitada.
A busca de perfeição torna-se um projeto
fechado dentro do próprio eu orgulhoso, que exige o máximo de si, para não falhar em ponto algum. O “perfeccionista” está
convencido de que somente será amado se for perfeito.
Nesse esforço ele tende a contar exclusivamente consigo mesmo, prescindindo de
Deus e dos outros.
O perfeccionista dialoga com um código
de normas, não com Deus.
Como seguidores de Jesus, somos chamados a viver a santidade, em vez de centrarmos nossa vida na busca da perfeição. A santidade está relacionada com a compaixão, a misericórdia, o amor... O convite de Deus é: “Sede santos porque Eu sou Santo”.
Como seguidores de Jesus, somos chamados a viver a santidade, em vez de centrarmos nossa vida na busca da perfeição. A santidade está relacionada com a compaixão, a misericórdia, o amor... O convite de Deus é: “Sede santos porque Eu sou Santo”.
Deus é Amor e nisso consiste a santidade. A santidade, como o amor nos é dada por Deus e nos é dada agora. Somos
amados por Deus, sem condições, agora, com todas as nossas imperfeições,
pecados, fraquezas, debilidades, limitações, traumas... E isso nos torna capazes de amar agora e de fazer o bem agora, de servir agora, de ser santo agora, apesar de nossas imperfeições e fraquezas.
A santidade nunca é humilhada pelo pecado, porque um Outro nos acolhe e nos ama apesar de
nosso pecado. A santidade é humilde porque nos faz descer em
direção à nossa própria humanidade,
aceitando-nos ser pobres, frágeis, limitados, pecadores.
A santidade nunca leva ao fechamento em si mesmo, antes abre-nos para
Deus e para os outros no amor, no serviço e no dom. A santidade dialoga com o Pai, com Cristo, constituindo-se nesse lugar privilegiado de liberdade
aberta ao sopro do Espírito.
Santidade não é um resultado que possa ser contabilizado;
santidade é um caminhar.
É nesse horizonte que devemos
entender a afirmação “Sede perfeitos como
vosso Pai celestial é per-feito” (Mt. 5,48); ela está ligada com o texto
precedente pela partícula de consequência “portanto”.
O discípulo
de Jesus deve ser perfeito no Amor como o Pai celestial é perfeito no Amor. Ele ama a todos sem distinção. O
Deus de Jesus não é um juiz com um catálogo de leis, mas um Deus cheio de misericórdia e amor
para com justos e pecadores.
A misericórdia é a resposta de Deus ao
delírio do ser humano de querer ser
perfeito e é a única força capaz de detê-lo no processo de auto-divinização,
própria do perfeccionista.
“Sede misericordiosos como o Pai é
misericordioso” (Lc 6,36)
Ser
misericordioso “como” Deus constitui
o mais elevado convite e a mensagem mais profunda que o ser humano recebe, pois o caminho de Jesus não vai pelo terreno
pantanoso da perfeição, mas pelo
terreno firme do perdão, da compaixão e da santidade.
E você busca mais santidade ou a perfeição?
E você busca mais santidade ou a perfeição?
"La perfección y la santidad conducen al bien. "Sean perfectos, sean santos", lo dijo Jesús.
ResponderExcluirÉl es nuestro modelo, los muy aventajados en el conocimiento de la verdad, olvidan que hay muchos/as que desconocen estos mismos.
Por lo tanto deben ser más misericordiosos con aquellos que no saben y necesitan un medio para alcanzar la perfección o la santidad en un mundo tan materialista como el nuestro, que muestra lo "superficial" como lo "bello", y Jesús quiso ir más allá. Él quiso liberar el ser esencial de la persona. Tocar su corazón. ¿Cómo vivirlo, si nadie lo muestra o dice? (Ya Jesús lo dijo, cierran la puerta a otros, no entran ellos y no dejan entrar a los que quieren).
Ese es el gran problema de los entendidos, expertos (Iglesia), que niegan a otros que también puedan descubrir, conocer y saber verdaderamente de y sobre Dios y sus misterios.
Sin embargo, siempre, a través de las personas inspiradas por Dios mismo, él se manifiesta. A lo largo de la historia de la humanidad en sus escritos, vivencias, experiencias de vida etc., a hombres y mujeres.
El Espíritu Santo sopla donde uno no espera, Dios está en todos, las semillas del Verbo están dispersas por el universo.
La "perfección o la santidad" nunca podrá ser una tortura; es un gozo, una alegría, cuando es verdadero e inspirado por Dios.
Bendiciones abundantes y fraternas Padre".
É uma questão de purificar a imagem que temos de Deus.
ResponderExcluirSe cremos num Deus perfeccionista, que exige de nós a perfeição a todo o custo, amar o inimigo vai ser impossível, porque será difícil crer que Deus tolera alguém que faz o mal ou persegue. Ficamos sem a referência da santidade.
Assim penso.