Transparência divina...

Não é fácil encontrar a pérola preciosa...

O ser humano é complexo e o seu interior quase infinito. Contudo, esta imensidade experimentada parcialmente no dia-a-dia é mais sentida do que verbalizada. Somos profundos e místicos, mas também superficiais e limitados; espirituais e transcendentes e, ao mesmo tempo egoístas e carnais. Esta mistura santa e pecadora possibilita variantes infindas do ser humano que, por desgraça, são mais negativas do que positivas, repetitivas e não muito criativas. Como experimentar o gratuito, grande e unitivo e não o egoísmo, pequeno e disjuntivo? Como sair da sufocadora mesmice e deixar-se levar pela força da criatividade?

Estamos tocados pelo pecado, mas muito mais pela graça! O Cristo ressuscitado supera infinitamente as humanas limitações e incoerências do primeiro Adão e de seus descendentes.

Deveríamos ser fundamentalmente otimistas e positivos, embora muitas vezes sintamos o pessimismo histórico nos invadir. O inconsciente negativo está muitas vezes entrelaçado com as questões de gênero, dando a sensação de nunca sermos tão felizes quanto queremos. Negatividade e maldição parecem ser mais fortes na existência de muitos. Nossos condicionamentos históricos (sociais, familiares e pessoais...) aprisionam e angustiam. Quantos precisam de ajuda terapêutica para sobreviver!

Como sair desse atoleiro aparentemente interminável. Como nos libertar do poderio da negatividade? Temos algumas certezas a nosso favor: A vida está sempre do nosso lado, por mais frágil que seja e o mistério divino da encarnação marcou positivamente e para sempre a existência humana. Nada fica fora daquela presença sublime que, desde então, tudo invade e diviniza. Encontrar graça na desgraça e o divino no humano é tarefa diária! O Senhor vem ao nosso encontro quando menos esperamos! Tudo se torna diáfano e transparente para quem encontrou a pérola preciosa, o Senhor Jesus Ressuscitado! 

No coração humano há mistérios infinitos que a própria razão desconhece. Um deles, a liberdade; outro, o amor. Liberdade e amor são essenciais. Sem essas realidades ficaríamos truncados, perdidos e diminuídos. As ciências humanas (Filosofia, Antropologia, Psicologia...) tentam dar uma explicação convincente a esta falta de apreço pelo importante e essencial, mas não encontra unanimidade nas suas respostas: uns negam a liberdade e o amor (marxismo, psicologia comportamental...); outros os idolatram em demasia (liberalismo, hedonismo, anarquismo...). Provavelmente, a verdade se encontra no meio dessas duas polarizações: não há liberdade pessoal sem compromisso social, nem amor sem responsabilidade. Se assim agirmos, estaremos muito perto da ética do cuidado, do re-encantamento pela criação, da sacralização do desacralizado, valorizando carinhosamente as pessoas e o seu entorno. 

Vivemos tempos de grandes mudanças culturais que afetam o nosso modo de viver. Hoje o diferente tem carta de cidadania, mas também o descartável e o fraudulento. Experimentamos ao mesmo tempo o individualismo que separa e a globalização que agrupa. As liberdades individuais, fruto de misteriosas opções, têm consequências pessoais e obrigações sociais. Hoje, um dos aprendizados mais desafiadores é o de viver a própria personalidade sem se isolar e sem se machucar.

A transparência divina no humano é a pérola preciosa que todos buscamos!

Uma pergunta: Você é mais positivo do que negativo?