Piedade invertida?

Viver e ajudar é simplesmente sensacional!
Cristo se identifica com os miseráveis da terra. Tudo o que fizeram a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizeram e a lista, segundo o evangelista Mateus, inclui famintos, sedentos, estrangeiros, nus, doentes e presos... (Mt 25, 31-46). Só está ausente dessa lista a última obra de misericórdia: enterrar os mortos.

Dar de comer aos famintos... Entremos na nossa realidade: Hoje, alguns têm mais comida do que apetite e outros mais fome do que comida... Obesidade e anorexia se entrecruzam pelas nossas ruas... Há pessoas que comem mais do que podem e outras menos do que devem... Um escândalo!

Dar de beber aos sedentos... Em muitos países há problemas de água potável e em outros se instalou a doença do alcoolismo e as drogas. First you take a drink, then the drink takes you... É revoltante a falta de água, como também a dependência das drogas! Hoje talvez abster-se seja mais importante do que dar de beber...

Vestir o nu... Hoje encontramos o contrário, o consumismo exagerado. Há quem busca marcas de grife, como se elas fossem o mais importante da vida! Vestir ou compartilhar mais o que temos?...

Outra inversão? Aquele hospedar o peregrino não deveria se transformar em não rejeitar o migrante? O Antigo Testamento diz: Quando um imigrante habitar com vocês no país, não o oprimam. O imigrante será para vocês um concidadão: vocês o amarão como a si mesmos (Lv 19, 33-34). Marginalizar o migrante, o indígena ou o homossexual é não acolhê-los como eles o desejam...

Visitar os doentes... Penso naqueles que buscam os nossos hospitais e não encontra o tratamento adequado... Cuidar da saúde dos cidadãos é um dever do Estado. Se muitos de nós ainda estamos vivos é por que num belo dia alguém nos visitou e cuidou quando precisávamos...

E vamos ao mundo dos encarcerados: Estava preso e me visitastes... Nossas cadeias são um antro da Idade Média, segundo o Ministro de Justiça José Eduardo Cardozo e nesse inferno não é fácil respeitar os direitos humanos dos seus habitantes...

Por último, aquele enterrar os mortos... Hoje diríamos: Respeitar a dignidade dos moribundos e acompanhar com humanidade seus últimos momentos... Isso certamente é uma grande obra de misericórdia!

O que um dia estudamos na catequese tem ainda muita atualidade. Compaixão e ternura são um antídoto para a indiferença e vacina para nossos isolamentos egoístas. Sem misericórdia não somos humanos!

Esta é a verdadeira piedade que Deus quer e, provavelmente, precisaremos de um revertério para colocá-la em prática.

Uma pergunta: As obras de misericórdia fazem parte da sua piedade?

Um comentário:

  1. https://www.facebook.com/photo.php?v=638287416220926&set=vb.403199253063078&type=2&theater

    Padre Ramon, não sei como lhe enviar esse vídeo. Mas é de grande beleza.

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