Eu pensava que o dia de hoje ainda era ontem...
Nossa história psicossexual é como uma
caixa de pandora, onde residem nossos traumas. Algumas pessoas até se perdem
em noites de insônia, envoltos em pesadelos infindos enraizados nesta área bendita. Outros se sentem culpados pelos fascínios efêmeros experimentados em amores escondidos
e agora acabados. Facilmente ficamos enganchados nessa busca pela
intimidade! Poucas dimensões da vida são tão
vulneráveis como esta, pois as sensações psicossexuais sentidas são muito pessoais e
profundas.
Nos
momentos mais difíceis da vida podemos encontrar consolo nas nossas crenças, mas geralmente isso não acontece quando
está em jogo a sexualidade. Isso é dramático! Provavelmente, e por causa das
nossas crenças, muitas pessoas se auto-condenam ou ficaram traumatizadas pelos
abusos ou experiências no campo sexual. Sejamos claros, não é Deus que reprova, mas o superego
prepotente e internalizado que desaprova.
Como superar, pois, esses sentimentos
negativos de rejeição e auto-condenação? Como cultivar o sentido de
responsabilidade pessoal sem cair na baixa autoestima ou nos remorsos
degradantes? Observar com reverência a própria história e situar-se
objetivamente diante da própria vida, já é um bom início e ajuda. Há um nexo vital entre Deus e a vida, entre
o sagrado e o humano que não pode ser desprezado. Precisamos superar o
sentimento de ruína pessoal para sanar as feridas do corpo e da alma e entrar
em comunhão fraterna com tudo e todos.
Cada um de nós carrega na sua história pessoal,
outras muitas de ordem familiar, educacional, religiosa e emocional, englobando
circunstâncias, acontecimentos e opções que nos fizeram chegar ao nível atual
de consistência ou desintegração pessoal. Somos
fruto de nossa história e, às vezes, não é fácil observá-la!
Refazer a nossa história quando entramos em
contato com as lembranças dos fatos acontecidos. Lembranças do despertar físico
e emocional, dos anseios e medos, dos sentimentos e desejos, até das dependências
e frustrações, abrem passo para uma nova reciprocidade afetiva responsável e de
maior intimidade. A história
psicossexual tem a ver com a “contabilidade” emocional que fazemos dos
relacionamentos vividos e nem sempre positivos. Nesta luta, muitos acabaram se machucando
ao contabilizar mais derrotas do que vitórias. É o sentir ferido!
Conhecimento pessoal e autoaceitação são
fundamentais no caminho da integração. A
história positiva ou negativa dos nossos relacionamentos exerce poderosa
influência na autoestima. A valorização
pessoal ajuda nos relacionamentos interpessoais.
A história psicossexual é também um “banco
de lembranças” sentimentais que guarda o que sentimos naqueles acontecimentos
experimentados. Saramos as feridas do
passado conhecendo nossa história. E conhecendo nossa história vivemos
melhor o presente!
A sexualidade, energia vital que envolve e
aproxima, está muito próxima da essência do nosso ser. Ela dá forma à identidade
de gênero e deixa transparecer algo daquela “imagem e semelhança de Deus”.
A história do próprio crescimento pessoal
tem luzes e sombras que precisamos conhecer e até verbalizar sem receios. Dores
escondidas e não superadas, temores ainda sem nome, sentimentos de
culpabilidade ou vergonha provavelmente fazem parte dessa bagagem que precisa
ser aberta e sempre acolhida. Tratar com
reverência e carinho o próprio passado é fundamental.
Refletir sobre a própria história é
transitar por caminhos luminosos e pisar terra sagrada, onde Deus plantou o seu
amor. Por vezes, até podemos nos deparar com o nosso lado tenebroso e encontrar
aqueles monstros “fantasiosos”, alimentados e cultivados pela nossa fantasia. Se acolhermos com carinho e misericórdia o
próprio passado os “fantasmas” da vida desaparecem e, no seu lugar veremos
a Luz divina que desde o início nos habita. Cuidando do corpo você cura a alma!
Os primeiros encontros com a energia
sexual têm a ver com o modo como nos criaram, alimentaram e trataram. Tudo isso impacta positiva ou negativamente
o hoje da nossa vida. As “mensagens” verbalizadas ou não que chegaram dos
nossos pais (ou daqueles que cuidaram de nós), dos companheiros de sala de
aula, dos professores, etc., ficaram gravadas no inconsciente. Algumas dessas
“mensagens” foram claras e explícitas (palavras, gestos, atitudes...) e as
recordamos, outras, provavelmente esquecemos e até ocultamos, mas elas
repercutem ainda hoje na qualidade dos nossos relacionamentos.
Todos queremos uma melhor integração. Tudo
conspiram para uma qualidade de vida. As
cicatrizes corporais ou espirituais que carregamos são testemunhas da força e
resistência do nosso ser. O caminho da integração é possível. Não podemos mudar
o passado, mas sim curá-lo e crescer com pensamentos e atitudes que reafirmem o
sentido e o valor da vida.
Permita-se um tempo para que lembranças da
sua história aflorem livre e espontaneamente em você. Descreva-as e depois, se
quiser, partilhe com alguém da sua confiança o mais significativo do que
escreveu. Lembre: os relacionamentos
atuais revelam de algum modo a luminosidade ou sombra do que um dia
experimentamos.
Somos luz da Luz e filhos das estrelas!
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