O que me dava prazer era o amor que sentia no gesto...
Eu vivia sozinha, com meus dois filhos. O menino tinha apenas cinco
anos e a menina, quatro. Será que eu
conseguiria manter-nos unidos e passar para eles um sentido de ‘família’?
Criando-os sozinha, conseguiria ensinar-lhes a ética e os valores que precisariam
para a vida?
Durante a semana, eu arranjava tempo para rever os deveres
de casa com eles e, frequentemente, falávamos sobre a importância de fazer as coisas certas. Isso me
tomava tempo e energia, mesmo quando tinha pouco de ambos para dar. Mas, o pior
era não saber se realmente eles estavam absorvendo tudo aquilo.
Frequentámos
a igreja todos os domingos. Ao
entrarmos na igreja, no Dia das Mães, dois anos depois de ter
perdido o marido, notei mesinhas cheias de vasos com as mais lindas flores
ladeando o altar. Durante a pregação, o celebrante disse que, ser mãe
era uma das tarefas mais difíceis da vida e que merecia uma
recompensa. Assim, pediu que cada criança fosse até o altar e escolhe-se
uma linda flor para entregá-la à mãe, como símbolo do quanto ela era
amada e estimada.
De mãos dadas, meu filho e minha filha percorreram o
corredor com as outras crianças. Juntos,
refletiram sobre que planta trazer para mim. Nós tínhamos passado momentos muito difíceis e
esse pequeno gesto de valorização era tudo o que eu precisava. Olhei aquelas
lindas begônias, as margaridas brancas, os amores-perfeitos, as violetas... e
pus-me a planejar onde plantar o que eles escolhessem para mim, pois certamente
trariam uma linda flor, como demonstração do seu amor.
Meus filhos levaram a tarefa muito a sério e
olharam cada vaso. Muito depois de as outras crianças já terem retomado aos
seus lugares e presenteado suas mães com uma linda flor, meus dois filhos ainda escolhiam. Finalmente, com um grito de
alegria, acharam algo bem no fundo. Com sorrisos exuberantes a iluminar seus
rostos, avançaram satisfeitos pelo corredor até onde eu estava sentada e
me presentearam com a planta que haviam escolhido, como demonstração
de seu apreço por mim pelo Dia das Mães.
Fiquei olhando estarrecida para aquela pequena planta
quebrada e murcha que meu filho
estendia em minha direção. Aflita, aceitei o vaso de suas mãos. Era
óbvio que os dois haviam escolhido a menor planta, a mais doente de todas...
nem flor ela tinha! Olhando para os rostinhos sorridentes, percebi o
orgulho que sentiam daquela escolha e, sabendo o quanto haviam demorado em
selecionar aquela planta, sorri e aceitei a lembrança. Mais tarde, no entanto,
tive de perguntar:
- De todas aquelas flores maravilhosas, o que
os tinha feito escolher justamente aquela para me dar?
Todo orgulhoso, meu filho declarou:
- É que ela parecia precisar mais de você, mamãe.
Enquanto as lágrimas escorriam pelo meu rosto, abracei
meus dois filhos. Eles acabavam de me
dar o maior presente do Dia das Mães. Todo o meu trabalho e sacrifício não
havia sido em vão! Eles iam crescer perfeitamente bem.
Hoje lembramos de todas as mães: vivas,
falecidas, jovens, idosas, sozinhas, acompanhadas e também as religiosas, "mães espirituais" de muitos...
A todas: Feliz dia das mães!
Muito lindo, Padre Ramon... Até chorei!...
ResponderExcluirVALE A PENA LER!!!
ResponderExcluirLINDO RELATO ACERCA DOS VALORES QUE NOSSAS MÃES NOS ENSINAM AO LONGO DA VIDA.
Muito bonito, Pe. Ramón! Obrigada pela parte que me toca "mâes espirituais"... grande dom e vocação de Deus! Parabéns também a você e a todos aqueles que cultivam sua semelhança com o "rosto materno de Deus"...
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