Os desafios são como as pedras e as cachoeiras que purificam
as águas do rio...
Inácio embarcou rumo a Itália, em Barcelona e chegou a Roma, no domingo de Ramos, 23/MAR/1523. Dois dias depois, obtinha a autorização Papal, uma espécie de passaporte para a Terra Santa. Assim, partiu consolado para Veneza, aonde chegou após passar provavelmente por Tívoli, Orvieto, Spoleto, Macerata,
Loreto, Ancona, Rimini, Ravena e Pádua. Um mês de caminhada!
Na bela República de Veneza, o peregrino Inácio dorme sob os pórticos
da Praça de São Marcos, como um pobre entre os pobres. Naquele ano, apenas 21 peregrinos tiveram coragem de partir para Terra Santa, entre eles Inácio, por
causa da queda de Rodas, nas mãos dos Turcos. O sultão Solimão I, o
Magnífico (1494-1566) apoderou-se de Jerusalém destruindo, mais uma vez, os
vestígios do cristianismo. Inácio não arredou pé e continuou seu caminho.
A
nave principal, a “Peregrina”, saiu
de Veneza no dia 29/JUN/1523 e a de Inácio, a “Negrona”, quinze dias depois, com apenas 8 peregrinos. Chegaram em Chipre um mês
depois.
No
projeto inicial, os peregrinos deveriam desembarcar em Beirute e entrar na Terra Santa pelo norte, isto é pela Galileia. Não foi assim. O
comandante do barco soube que a peste chegara à Síria e não quis continuar o caminho.
Inácio, embarcou numa outra pequena nave, rumo a
Jaffa.
Foram
encontrados os diários de dois peregrinos companheiros de Inácio: Peter Füssli, suíço, e Filippo
Hagen, de Estrasburgo, e por eles, sabemos o que fizeram e sofreram.
A
nave chegou a Jaffa, a Jope do NT, em pleno verão: 25/AGO... Em Jope São Pedro, ressuscitou a Tabita (At 9, 36) e ficou muito tempo na casa de um curtidos de
couros, chamado Simão (At 9, 43). Pois
bem, a pesar do calor sufocante os peregrinos foram obrigados a ficar no navio por uma semana, à espera do capitão que fora a Jerusalém, para notificar às
autoridades turcas da chegada
dos peregrinos. Também nós chegaremos em Jerusalém no mês de setembro!
Por fim chegaram os soldados turcos e dois frades franciscanos. Os peregrinos puderam empreender caminho, rumo a Jerusalém, distante 63 km. O frade franciscano, holandês, deu os avisos de praxe no próprio navio, falando em alemão, italiano e
latim. Inácio, que não entendia essas línguas, foi ajudado por um
padre espanhol que traduzia. No dia 1/SET, caminharam para Rámala, distante 20 km, pátria de José de
Arimateia, discípulo de Jesus. Viram a mesquita Branca, do século VIII, com
uma torre de 27 metros de altura, mas encontraram o lugarejo destruído pelos soldados do Sultão. Contudo, ficaram dois dias, aguardando a caravana de
judeus que vinham do norte. Depois, passaram pela bíblica Quiryat Ye`arim, atual Abou-Gosh,
a 18 km de Jerusalém. Nesta localidade e numa pequena colina, Abinadab e sua
família cuidaram da Arca da Aliança por quase 50 anos, até que o rei
Davi a levou solenemente para Jerusalém.
Por fim, Jerusalém! Os judeus cantavam: Exultei de alegria quando me disseram, vamos à casa do Senhor... E um dos
peregrinos, pediu recolhimento e silêncio, o que comoveu profundamente
o coração de Inácio. A Cruz processional ia na frente, como uma bandeira,
empunhada por um dos frades. Havia um clima de ansiedade, espiritualidade e
emoção. Inácio extasiava-se com o que via e ouvia, mesmo sem entender. E assim entram em Jerusalém, como se
mergulhassem no céu. Era o dia 4/SET, comemoração de São Moisés! A cidade estava destruída... Mais tarde, Inácio já idoso e em Roma, recordará este momento como
“de grande consolação e devoção”...
Inácio ficará até o dia 23/SET. Apenas 19 dias!
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