A vida adulta tem fases que se não forem
bem vivenciadas, podem frustrar. Lembro de um amigo carioca e igrejeiro que, na
sabedoria dos seus sessenta anos, dizia-me com picardia: O senhor sabe que já casei três
vezes?... Percebendo meu
espanto, acrescentou: Três
vezes, mas com a mesma mulher!
Numa sociedade hipermoderna como a nossa
os pais perdem facilmente os seus referenciais e não desempenham
satisfatoriamente o seu papel com os filhos. Com a exacerbação do
individualismo, encontramos gerações sem compromisso com a tradição e incapazes
de reconhecer o exercício da autoridade. Tudo e em pouco tempo é descartável!
O Qohélet, aquele pregador do Antigo
Testamento que viveu crise semelhante, quando a cultura grega invadiu a fé
judia, dizia: “Tudo tem o seu
momento e cada coisa o seu tempo...” Este
homem pessimista viu desmoronar por todo lado os valores que pregara e
praticara.
Toda autoridade seja política, familiar ou
Transcendente, não é bem aceita. Somos muito individualistas! As pessoas se
sentem livres, mas lhes faltam códigos validos que facilitem a convivência.
Quando tudo é valido, então nada é importante.
Dividamos a vida adulta em 3 fases> Em
qual delas você se encontra e como a vive?
· Vida adulta jovem (20 a 40 anos)
· Vida adulta média (40 a 65 anos)
· Vida adulta avançada (65 em diante)
Algumas perguntas: Como você define sua
idade? Partilha com alguém a sua intimidade?... Na idade adulta, cada fase tem
sua especificidade positiva e negativa. Lembra dos “três casamentos” do meu
amigo carioca? Finalizou uma fase? Comece outra!
Quando jovem você sonhou com uma
felicidade completa, que provavelmente ficou distante e inalcançável.
Dificuldades encontradas, relacionamentos frustrados trouxeram cansaço e
decepção. Lembro da tristeza de um pai ao me confidenciar que os filhos não o
amavam!
Nesse meio-dia realístico da vida, quando
a luz é mais intensa e o conhecimento mais objetivo, precisamos de novas formas
de relacionamento, para que o encantamento não termine.
1. Primeira fase da vida adulta (dos 20 aos 40 anos aproximadamente). Quando começa a fase adulta: No
casamento?... Quando se tem um trabalho bem remunerado?... Não há um tempo
certo nem um rito próprio que indiquem o início desta etapa: Uns a antecipam;
outros a postergam, mas para muitos ela começa quando se deixa o lar familiar.
Esta primeira fase da vida adulta é a de
tomar decisões. As fantasias se burilam com os relacionamentos reais e, estes
desafiam e educam. É tempo de buscas, discernimento e decisão. Momento de
paixão e encantamento. Tempo de felicidade e força vital que permitem o risco e
a tomada de decisões importantes: “Com quem estarei e partilharei a minha
vida?...” Surge o peso da
responsabilidade familiar e profissional, pois algumas escolhas são para o
resto da vida!
As crianças nunca tomam decisões
importantes, pois outros o fazem por elas. O adulto, pelo contrário, define o
que e como fazer ou as circunstâncias, por desgraça, o farão por ele. Os
compromissos de matrimônio ou de vida consagrada se concretizam. Nesta fase somos capazes de
abraçar por inteiro uma vocação, uma causa ou uma pessoa, pois somos movidos
pelo Amor.
Aprendemos muito, com o passar do tempo e
alguns sofrimentos. Descobrimos que as pessoas nem sempre são maravilhosas e
que os relacionamentos, muitas vezes, não suportam o desgaste do tempo. Os
conflitos surgem e por vezes fazem duvidar. Incompreensão, abandono ou traição
fazem parte da vida de alguns. Estupidamente desencantamos e, de repente
voltamos a nos encantar. As feridas dos relacionamentos frustrados se curam
quando o amor e a compreensão voltam a renascer.
2. Idade adulta média (dos 40 aos 65 anos). Nesta fase, o tempo
passa com maior rapidez. A vida, provavelmente, não foi como a sonhamos. Será
que o marido se parece mais com o príncipe
encantado ou com aquele sapo
nojento dos contos de fadas? E a esposa será que é aquela mulher maravilha sedutora e encantadora ou uma simples
cinderela a serviço da casa? A realidade é bem mais pobre do que a fantasia,
contudo o viver sem máscaras possibilita uma maior intimidade. Dizia-me uma
velha senhora: Os desamores só
se curam com outros amores!
A realidade se impõe. Crises e decepções
surgem por toda parte e os entendidos a definem como “Idade da loba” ou “Crise do demônio meridiano”.
Provavelmente, os valores religiosos de outrora foram deixados de lado ou, quem
sabe, se purificaram. É tempo de crescimento!
Se na primeira metade da vida nos
preocupamos sobre tudo pelo mundo
exterior (profissão,
moradia, etc.) nesta outra metade nos orientamos mais para o mundo interior,
buscando maior qualidade nos relacionamentos e significados verdadeiros naquilo
que somos e fazemos.
Nessa fase nada parece extraordinário ou
maravilhoso, contudo é na constância que o importante se consolida e o transitório
desaparece.
Quando se chega aos 40 anos, os
preconceitos ficaram mais objetivos. Sabemos quão frágil é a amizade e pesada a
solidão! É tempo de se reconciliar com a vida, pois nada é eterno... Quem tem
fé provavelmente enfrenta melhor a morte de seres queridos.
3. Vida adulta avançada (dos 65 anos em diante...). Entramos na
Terceira Idade com a consciência de que “não podemos viver o entardecer da
vida com o programa do amanhecer”. A
aposentadoria permite se centrar mais nos relacionamentos significativos familiares e sociais. A vida
saudável e os exames médicos retrasaram positivamente os efeitos negativos
desta fase.
Uma das experiências mais completas da
vida adulta é a de ser dono do próprio nariz. Contudo, essa plenitude
experi6encia é novamente confrontada com os contratempos que aparecem.
A idade adulta avançada é uma oportunidade
para lembrar e nomear com carinho e gratidão as nossas perdas. Muitas coisas e
pessoas foram ficando pelo caminho! Essa memória histórica cura velhas feridas
e sentimentos do passado. Viver
positivamente o presente, liberta de culpas passadas. A terceira idade é a
melhor idade para experimentar a ternura e a compaixão. “No entardecer da
vida seremos julgados sobre o amor...”
Algumas perguntas: 1. Como mudaram suas respostas às grandes
perguntas com o decorrer dos anos? 2. Você realmente cortou o cordão
umbilical ou ainda está preso a coisas e pessoas do passado? 3. Há perdas inevitáveis “necessárias” e
outras “desnecessárias”... Como você elaborou as primeiras e se enrolou nas
últimas?
Que reflexão espetacular... merece muitos compartilhamentos!!!!
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