A vida que eu percorri para seguir melhor Jesus...
Quem me conhece sabe que gosto de escrever
e falar sobre santo Inácio. Ele
é como um espelho, onde podemos ver como poderíamos ser melhores discípulos de
Jesus.
Conhecer o contexto das pessoas é fundamental para acolhê-las com mais amor. Espaço e tempo, geografia e cultura nos configuram. Corpo e alma, emoção e sensibilidade são determinados, muitas vezes, pelo contexto que nos rodeia... Íñigo (primeiro nome de Inácio) López de Loyola não fugiu dessa regra. Ele pertenceu a uma época e a uma região geográfica determinada, situada no norte da Espanha...
Todos temos raízes misteriosas na terra em
que nascemos. Dela extraímos o gosto e o desgosto do que sentimos. A história dos
nossos antepassados, seus trunfos e fracassos, medos e pecados são como
personagens vivos que nos habitam...
O pequeno rio Urola corre límpido, beirando a
Casa-torre dos Loyola... Macieiras e castanheiros são árvores frequentes da região.
Duas montanhas, uma delas majestosa, o Izarraitz,
escondem este belo vale, entre as localidades de Azpeitia e Azcoitia. Aqui os Loyola foram batizados na fé
católica e esconderam também seus pecados e paixões.
Na nossa vida sempre
há fatos distorcidos que nos banalizam e descristianizam. O orgulho era um desses desvarios
que Íñigo de Loyola carregava...
Nascer num vale
significava viver num mundo limitado e ensimesmado, pois não é fácil olhar para
longe e superar os morros que separam. Os habitantes dessas terras eram pessoas pensativas e de poucas
palavras...
O início do século XVI foi marcado por
algumas características que o fazem, de algum modo, parecido com o nosso: Fim da Idade Média, início do
Renascimento... Falava-se em decadência de valores e na descoberta de novos horizontes... Nascia
um novo tempo: as velhas instituições feudais entravam em crise, assim como os
conceitos de nobreza, cavalheirismo, vassalagem e serviço... todos eles estavam
desgastados pelo uso e abuso.
Hoje se fala da crise das instituições (sociedade, Igreja, família...) e de novas culturas. Muitos não levam a sério as normas
estabelecidas nem as tradições familiares. A expressão dou-lhe a minha
palavra! não serve para nada,
a não ser que seja creditada por documentos devidamente carimbado no
cartório... E manter o devido
respeito às senhoras e senhoritas faz
sorrir sorrateiramente até nossas próprias meninas. As ideias e os ideais
ficaram um tanto debilitados.
As descobertas geográficas, no tempo de Inácio, ampliaram
sensivelmente as fronteiras do conhecimento e das nações. A invenção da imprensa facilitou a difusão da cultura, privilégio
de poucos nas Cortes e nos Mosteiros.
Hoje, o desenvolvimento
técnico-científico reduziu
ainda mais as distâncias do nosso planeta, descortinando até possibilidades de
viagens extraterrestres. A comunicação cresceu vertiginosamente por meio do
rádio, TV, Celular e Internet... É a revolução da informática.
No tempo de Inácio havia um grande desejo de reformas. Precisavam adaptar as velhas
instituições medievais aos novos tempos do Renascimento e do humanismo. Era o alvorecer do mundo
moderno!
Também hoje sentimos o desejo de renovação e transformação das nossas estruturas.
Parece como se estivéssemos redescobrindo a importância
do sujeito (psicologia!) e do seu entorno sociológico e ecológico; exaltamos os
valores naturais e as particularidades dos grupos minoritários... O novo e
desconhecido brota, sem lhes vislumbrar ainda as suas feições. Sentimos
dificuldade de viver o antigo e não nos habituamos ainda com o novo.
O código genético recebido dos pais e as
marcas deixadas pelos nossos antepassados são importantes. Na nossa biografia
valorizamos mais as teo-incidências
do que as coincidências. Somos seres também transcendentes!
O brasão
heráldico dos Oñaz e Loyola, exposto na entrada principal da Casa-Torre,
tem dois lobos (= lupus,
López!) que simbolizam a ousadia e a violência
dessa família. Eram lobos vorazes que entravam
até no mais íntimo dos lares vizinhos. Íñigo de Loyola é dessa raça e Deus o
tira dessa lama! Só Deus faz alguém santo!
E você, como é?
E você, como é?
Está tirando... Senhor Jesus dai me maior força interior e confirmações nesse período de transição!
ResponderExcluirA frase do filme de ontem - Amém - no cine-fórum me veio á cabeça: "Vamos salvar o Vaticano ou o Cristianismo?". Creio que o cristianismo e o humanismo pregados e vividos por Jesus Cristo devam ser salvos, em primeiro lugar. Contudo, o Vaticano, e o que ele representa, também precisa ser salvo. Depois de higienizado e renovado.
ResponderExcluirSejamos salvos de nossas lamas pessoais e coletivas - em todas as dimensões de nossa vida!
Grande abraço, Pe Ramón!
Muito boa essa visão, Pe. Ramón. Realmente o local e o tempo dizem muito de quem somos.
ResponderExcluirE, viva Santo Inácio!
Lylia
Pe. J.Ramón, boa noite. Já há algum tempo, participando do compartilhando do Professor Eduardo Machado (BH), mais precisamente as postagens contemplativas, que muito aprecio,nasceu em mim, um desejo de conhecer e praticar a Espiritualidade Inaciana, e Pe. Roberto de Albuquerque (Da Companhia de Jesus), o senhor deve conhece-lo, hoje está em missão em Maputo,ele tentou encontrar na minha região de Ribeirão Preto algum grupo que exercitasse a espiritualidade Inaciana para me apresentar, mas, parece que não conseguiu.Então, permito que o Espírito Santo de Deus me inspire e age na minha vida, e mais as postagens e palavras reflexivas,orações inspiradas, que me chegam como presente, e se tornam para mim em benfazejas oportunidades de aprendizado e luz, tem me auxiliado a aparar minhas arestas, a viajar para dentro de mim mesma, e voltar um pouco mais desperta em cada estação.Quiçá consigo um dia renascer dessa lama, como a flor de Lotus nasce e rompe para a vida e o sol, brotando de um charco escuro e frio. Paz e bem.
ResponderExcluirObrigada por mais um excelente texto! Abraços, Leandra.
ResponderExcluirNunca teremos noção do que Deus pode fazer em nossa vida se não abrimos espaço para escutá-Lo. Ele é o grande artista, só necessita que nos coloquemos em suas mãos como o barro nas mãos do oleiro... Simples assim... Mas para que isto aconteça precisamos deixar de lado "nosso amor próprio, querer, interesse". Santo Inácio, rogai por nós! Abraço Pe. Ramon.
ResponderExcluirOlá, Pe. Ramon
ResponderExcluirSou pecadora perdoada porque muito amada, chamada e enviada... certeza disso pela Bondade Divina...
Abraços fraternos de paz e bem