É
próprio dos humanos crescer física, emocional e espiritualmente. Embora a a própria vida nos ajude nesta
empreitada, alguns não a realizam de modo satisfatório, pois carregam no seu bojo
familiar conflitos internos profundos, complicando seus relacionamentos
interpessoais.
Paramos de crescer quando nos fechamos em
nós mesmos. Conheço adultos que estão sempre à beira de um ataque de nervos!
Alguns pensam que a maturidade chega pelos
25 anos de idade, quando já haveria uma estabilidade emocional e profissional
consistente. Contudo, sabemos que não é a idade que nos faz ser adulto, mas a
capacidade de acolher e de se doar. O
que é, pois, ser adulto?
Em muitas tradições culturais o ser adulto
significa ter uma profissão e uma família constituída. Para estes, o importante
não é o desenvolvimento afetivo, mas mostrar aos outros uma prole e um bom
emprego. Fidelidade, responsabilidade e
honestidade ficam de lado. Este modelo, evidentemente, entrou em crise. Há
pessoas com mais de 40 anos de idade e com uma boa profissão que são
irresponsáveis, egoístas e promíscuos.
Sabemos que os ritmos de crescimento não
pararam na adolescência. Acolher e ajudar
gratuitamente são sinais de maturidade emocional.
Alguns indicadores permitem avaliar se
estamos ou não em processo de crescimento. A
idade adulta se caracteriza principalmente pela mutualidade emocional. O
narcisismo juvenil não pode se perpetuar! A reciprocidade emocional com pessoas
na mesma fase da vida, é um bom sinal de crescimento. Pensar só em si mesmo é fixar-se
em etapas anteriores e não se desenvolver harmonicamente.
O
amor abre o coração das pessoas. O adulto vai além das suas próprias necessidades. Partilhar a
existência, o que se tem e o que se é, é sinal de maturidade. A reciprocidade
emocional cresce com a transparência. Mentira e prepotência sinalizam imaturidade
emocional, assim como a traição e o ciúme doentio destroem todo tipo de relacionamento.
Aponto algumas características próprias do adulto:
- Conhecimento adequado de si. A sua autopercepção corresponde ao que os outros acham de você?
- Empatia. Você consegue ter relacionamentos positivos com outras pessoas? Sente a dor, a alegria e as preocupações daqueles que o cercam?
- Sensibilidade interpessoal. Percebe as necessidades dos outros e as atende adequadamente?
- Confiança. Você é capaz de assumir riscos em favor de outras pessoas?
- Igualdade. A reciprocidade e a cumplicidade valorizam as pessoas. Há equilíbrio ou desequilíbrio de poder nos seus relacionamentos?
- Autorrevelação. Sem intimidade partilhada não há crescimento. Você comparte com espontaneidade seus sentimentos?
O crescimento humano precisa sempre dos
outros. Se a infância e adolescência foram saudáveis, conseguiremos ter nesta etapa
da vida, um nível adequado de reciprocidade nas relações interpessoais.
Não há um momento no qual possamos dizer: Pronto!
Agora não preciso de mais ninguém, pois sou maduro!... Todos estamos em processo de
recuperação e de sanação, até chegarmos à plenitude do Absoluto. Neste percurso,
ninguém escapa de possíveis medos, culpas ou tropeços.
Nos
adultos há também retrocessos, pois nem sempre somos maduros, efetiva e afetivamente, o tempo
todo. Há dias em que estacamos em formas primárias de imaturidade física ou
emocional. Ciúmes possessivos, agressões verbais, pirraças emocionais e outras
formas inadequadas de se relacionar podem entorpecer o ritmo de crescimento. Às
vezes, o desgaste é tal que não permite uma convivência respeitosa. A
integração humana requer dedicação quase artesanal!
Nossas
atitudes revelam o grau de maturidade que temos. Evidentemente, a infidelidade e a
promiscuidade sentimental revelam imaturidade emocional.
Há níveis de integração na idade adulta
revelados no saber falar sobre a própria história sexual. Na fase adulta, as
pessoas se relacionam com carinho, mesmo com as limitações existenciais no
campo da sexualidade.
É
possível a integração psicossexual sem a expressão genital? A genitalidade é a forma mais comum de
expressão sexual, mas não é uma condição sine
qua non para chegar à
integração psicossexual. A castidade pelo Reino dos céus abre também as pessoas
para a doação, onde o amor é concretizado em forma de serviço. Jesus foi celibatário e
como Ele muitos homens e mulheres acalentam esse sonho com inusitado fervor.
Há pessoas que escolhem a vida celibatária; outras, talvez mais numerosas, o
fazem obrigadas pelas circunstâncias da vida (divorciados, separados, viúvos,
solteiros...). Seria presunçoso supor que essas pessoas não possuem integração
psicossexual!
O ato sexual é mais do que corpos
entrelaçados; é, também, “eus” profundos partilhados. O ato sexual expressa mútua
doação e mútua aceitação, para sempre. Sexo sem amor revela sentimentos infantis. A
verdade e o amor revelam sempre maturidade.
Não é o amor que sustenta um relacionamento, mas o modo de se relacionar
que sustenta o amor.
Uma pergunta: Suas fantasias revelam maturidade ou egoísmo?
Uma pergunta: Suas fantasias revelam maturidade ou egoísmo?
Coisa complicada essa de se tornar adulto, Pe Ramón. Estou com 23 anos e não me sinto adequadamente madura para a minha idade, justamente pela fixação em traumas juvenis e infantis. Problemas familiares e do processo da adolescência que vêm à tona durante os primeiros percalços da vida adulta. É difícil estar no mundo dos adultos sem compreender bem sua própria identidade. A busca por tentar compreender o seu íntimo às vezes rouba a cena e atrapalha o bom entendimento e relacionamento com o outro.
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