E habitou no meio de nós...
As três pessoas da Santíssima Trindade olham a face da Terra e vêm os
seres humanos se destruindo e caminhando para a morte; resolvem que o Verbo, a
segunda Pessoa da Santíssima Trindade, se faça homem, para salvar o gênero
humano. Maria acolhe a proposta de Deus e o Verbo se faz carne na combalida
história humana...
Na contemplação inaciana, nos fazemos presentes à evolução da
humanidade, nesses 2, 5 milhões de anos, e à sua realidade histórica muito mais
curta, 10 mil anos, com suas luzes e sombras. Em particular, sua própria história familiar e
pessoal, no contexto onde vive e atua... Igualmente, presenciar a cena do anúncio à Nossa Senhora, o diálogo com
Deus e o sim de Maria.
Pedir a graça própria deste exercício: Conhecimento interno
do Senhor que por mim se fez homem para que eu mais o ame e o siga. Contemplá-lo,
senti-lo, amá-lo e segui-lo loucamente.
Ver as pessoas, umas após outras... Primeiro: As
que estão sobre a face da terra, em tanta variedade de trajes e de costumes,
raças (brancos, negros, amarelos...), situações (paz, guerra...), alguns chorando,
outros rindo; uns com saúde e outros doentes; nascendo, morrendo, etc... Segundo:
Ver e considerar as três Pessoas Divinas, como olham toda a face da terra e
todos os povos, que, em tanta cegueira, sofrem e se perdem... Terceiro:
Ver Nossa Senhora e o anjo
que a saúda. Depois, refletir sobre a sua própria vida, para tirar algum
proveito espiritual.
Ouvir o que falam as
pessoas sobre a face da terra: mentem?
Insultam?... Ouvir, também, o que dizem as Pessoas Divinas: Façamos
a redenção do gênero humano!... Ouvir, depois, o que falam o anjo e
Nossa Senhora... Por fim, deixar que o contemplado entre na sua vida, para tirar algum
proveito espiritual.
Olhar depois o que fazem as pessoas sobre a face da terra: ganhar dinheiro, roubar, oprimir,
etc. Ver também o que fazem as pessoas
divinas: realizam a santíssima encarnação, etc. Igualmente o que fazem o anjo e Nossa Senhora,
isto é, o anjo cumprindo sua função de legado e Nossa Senhora humilhando-se e
agradecendo à Divina Majestade. Depois, deixar refletir o
contemplado sobre a sua vida, para tirar algum proveito.
É impossível acolher a salvação que Cristo nos dá como algo pronto,
fora de nós, da qual nós nos apossamos. Participamos da salvação de Cristo na
medida em que nos deixamos possuir e somos incorporados neste novo
corpo que ele inaugurou com a encarnação no seio da Virgem Maria. Fomos
salvos gratuitamente!
O modo de oração de agora em diante é a contemplação. É um deixar-se
impregnar e invadir pelo mistério contemplado. O próprio mistério tem a sua força.
Deixar que o evangelho molde a sua vida, sem querer interpretá-lo. Para isso, se
requer mais simplicidade, humildade e passividade. Aprender como discípulo, deixar-se
ensinar como aluno! O ritmo das contemplações é lento e nos envolve
completamente: mente e coração, entendimento e afeto. Não fique preocupado em
buscar logo aplicações para a sua vida. Fique, apenas, atento às moções
sentidas, às consolações brotadas ou às desolações surgidas... Busque acolher
os pensamentos que acha serem de Deus!
Santo Inácio pede muitas vezes o “conhecimento interno”. Isto não é algo puramente
intelectual nem teórico, pois inclui uma relação existencial, uma experiência
de vida: o encontro com a pessoa de Jesus. Para a Bíblia, conhecer é se
envolver e experimentar. Conheço quando entro em relação... Pela contemplação nos
fazemos “contemporâneos” de Jesus Cristo...
Mediante o “conhecimento interno”, Jesus
penetra no mais profundo de nosso ser. É um conhecimento dinâmico e
transformador que leva a nos identificar com Jesus e a nos configurar com Ele e
a sua proposta.
Jesus Cristo é o Universal concreto; nEle tudo foi feito e por Ele tudo
é refeito. Ele é o caminho que se abre às pessoas como possibilidade real de
refazer positivamente a própria história. Jesus Cristo não pode ser teorizado,
mas descoberto e experimentado.
Textos para a contemplação durante a semana (Vida oculta de Jesus):
- Lc 1, 26-38: Entrada do
Criador no mundo dos homens...
- Mt 1, 18-25: O
nascimento de Jesus foi assim...
- Lc 2, 1-21: O
nascimento de Jesus...
- Lc 2, 22-40: Apresentação
no Templo...
- Mt 2, 13-23: Fuga
para o Egito...
Finalizar a oração com um colóquio de amizade pensando o que devo
dizer às três Pessoas Divinas ou ao Verbo eterno encarnado ou à Mãe e Senhora
Nossa, pedindo, segundo o que cada qual sentir em si, para seguir e imitar mais
o Senhor, recém-encarnado. Rezar um Pai-Nosso.
Poesia de natal (Santo Agostinho)
Acorda, ó homem, por teu amor Deus se fez um homem!
Para sempre terias morrido, se hoje ele não tivesse nascido!
Possuir-te-ia a perpétua miséria se não recebesses esta misericórdia!
Não voltarias à vida se ele não viesse ao contrário de tua morte!
Estarias perdido sem remédio se ele não te tivesse auxiliado!
Serias um morto se não viesse este Vivo!
Por isso celebramos com exultação a vinda de nossa Salvação e
Redenção!
Sim, celebremos a festa deste dia... E por quê? Porque Deus, o grande e
Eterno dia
Baixou daquele grande e eterno dia e veio ao nosso tempo, este nosso
curto dia!...
Pois que maior graça de Deus se nos podia irradiar?
Sendo um só o Filho de Deus, Deus o fez Filho do Homem!
E, vice-versa, ao Filho do Homem Ele o fez Filho de Deus!
De tudo isso procura a razão, procura a justiça: nenhuma, nem outra, só
Amor e Graça!
(2ª leitura da véspera do Natal. Tradução do Pe. A. Cardoso, sj).
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