O Concílio descreve o matrimônio como "comunidade
de vida e amor" e isso
não acontece num momento dado, mas se demora uma vida para realizá-lo. E, às vezes não
se consegue e se interrompe precisando de ajuda para continuar ou para refazer a vida de outra forma.
O casamento pode ser um momento, mas o matrimônio é um processo. E a indissolubilidade
matrimonial (antropológica, não jurídica) é uma meta, um horizonte para duas pessoas se fazerem uma. Isso não
é fácil!
O "sim, quero" não é uma fórmula mágica que produz automaticamente
o vínculo indissolúvel. Para o casamento basta meia hora, mas para a
realização do matrimônio se tarda muito mais tempo... A união e consumação pessoal
é um processo que nem todos completam. Às vezes a ruptura é reparável; outras é
irreversível. Mas a vida continua...
Repensemos estas três frases
mágicas:
1) "Os declaro marido e mulher..."
não
deveria ser: Dou fé (como testemunha) de que prometestes mutuamente
comprometer-vos, a partir de agora, com o processo de ser marido e mulher
fazendo todos os dias o que hoje aqui fizestes. Prometeis casar-vos todos os dias a
partir de agora? Hoje foi o casamento, mas a partir de agora começa
o processo do matrimonio...
2) "Até
que a morte vos separe…" Não seria melhor dizer:
Até que a vida os una? Até que consigais fazer desta união algo indissolúvel,
construindo junto uma "comunhão de vida e amor".
E se acontecer, por desgraça, uma ruptura irremediável, outra classe de morte diferente
da física, a morte do amor e dos sonhos, oxalá a vida não desmorone e possais continuar de uma outra forma.
3)
"O que Deus uniu o homem não separe…". Essa frase bíblica poderia ser
reformulada assim: O que Deus bendisse hoje cooperemos para que se
cumpra. E no caso de que a fraqueza humana impossibilite esta consumação, Deus
continuará presente nas vidas de vocês. E no caso de uma segunda união oxalá possamos
também dizer: "O que Deus já perdoou, sarou ou restaurou que os eclesiásticos
não continuem condenando...”
Uma pergunta: Como você entende o matrimônio?
Uma pergunta: Como você entende o matrimônio?
Gostei! Refleti muito sobre isso no retiro passado. Parabéns...
ResponderExcluirTento entender aquela outra frase de Jesus: "Não separe o homem o que Deus uniu!". Mas, as separações acontecem, ainda que se viva junto, o sentimento, o amor, pode se extinguir por falta de cuidado. De um pelo outro, não é? E quando acontece, quantos dramas, quanto sofrimento para quem pensou casar-se 'para sempre'', mas percebe que para o outro, isso não é tão sério. Quanto sofrimento... Se eu soubesse, jamais teria me casado!
ResponderExcluirBelíssimo Ramon. Acho que direi estas palavras quando for testemunhar matrimônios... B.F
ResponderExcluirPadre Ramón, são bem profundas as palavras e provocações desse texto. Valem um mini encontro de casais. Vou compartilhar com meu esposo e com meus amigos
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