Um ano
atrás, 24/NOV/2013, o Papa Francisco publicou um documento paradigmático do seu pontificado. Poderia ser uma “simples”
Exortação Apostólica Pós Sinodal, mas ele quis que
fosse a rota que marcasse "a caminhada
da Igreja nos próximos anos”. Profecia
de renovação, texto operacional,
convite a deixar de lado tudo o que entorpece a missão de anunciar o
Evangelho.
Vale
a pena reler e relembrar, pois a "Alegria do Evangelho” trouxe
grande esperança e "encheu o coração
e a vida" de todos nós com um ar de Primavera... O risco do mundo atual, com sua
múltipla e avassaladora oferta de consumo,
é uma tristeza individualista que brota do coração acomodado e avarento, da
busca desordenada de prazeres superficiais, da consciência isolada. Muitos
crentes caíram nessa armadilha e converteram-se
em pessoas ressentidas, queixosas e sem sentido.
Não
podemos esquecer que Jesus é o primeiro
e o maior evangelizador. Na
evangelização, o primado é sempre de Deus.
A nossa missão é, pois, anunciar a
alegria do Evangelho: Os cristãos têm o dever de anunciá-lo sem excluir
ninguém, não como quem impõe uma obrigação, mas como quem compartilha uma
alegria. A Igreja não cresce por proselitismo,
mas ‘por atração’.
Objetivo da Exortação
Apostólica é "propor
algumas diretrizes que possam
encorajar e orientar, em toda a Igreja, uma nova etapa evangelizadora, cheia de
ardor e dinamismo”.
Por isso, "não convém que o Papa substitua os
episcopados locais no discernimento das problemáticas que sobressaem nos seus
territórios. Neste sentido, sinto a necessidade de proceder a uma salutar ‘descentralização’”. Além disso, a
"transformação missionária da Igreja” exige uma renovação
eclesial "impostergável”. Esta conversão
pastoral e missionária, não podem deixar as coisas como estão. Estamos em
‘estado permanente de missão’, em todas as regiões da terra”.
Evangelizar mais do que se auto
preservar. Todos somos convidados a ter uma atitude de "saída". Até o próprio ministério petrino está
imerso no dinamismo da renovação "em
chave missionária; "conversão do papado”, para torná-lo
"mais fiel ao significado que Jesus
Cristo quis dar-lhe e às necessidades atuais da evangelização”. Descentralizar, pois "a
excessiva centralização complica a vida da Igreja e sua dinâmica missionária”.
É preciso rever
a forma como é oferecido o anúncio evangélico, pois corre-se o risco de focar aspectos secundários, quando algumas questões
do ensino moral da Igreja são propostas constantemente "fora do contexto
que lhes dá sentido”. O enfoque moral
não pode prescindir da luz própria da vida iluminada pelo Evangelho. O
anúncio concentra-se no essencial, sem esquecer que a maior das virtudes morais é a misericórdia. Os preceitos dados por Cristo
e pelos Apóstolos ao povo de Deus "são pouquíssimos”, diz o Papa.
É preciso acabar com a "alfândega sacramental”. A Igreja deve se apresentar como
"uma Mãe com os braços abertos”. Uma amostra desta abertura eclesial seria deixar abertas as
portas das Igrejas e dos lugares de oração. "Nem sequer as portas dos
sacramentos se deveriam fechar
por uma razão qualquer”. Isto é válido para o batismo e também para a eucaristia, que "não é um prêmio para os
perfeitos, mas um remédio generoso e um alimento para os fracos. Muitas vezes agimos como controladores da
graça e não como facilitadores. A Igreja
não é uma alfândega; é a casa paterna, onde há lugar para todos com a sua vida
fadigosa”.
Sair
do autorreferencial, da sensação de derrota, do "pessimismo
lamuriante” dos profetas de
desgraças; das novas expressões de
gnosticismo ou de neo-pelagianismo (de
quem só confia nas suas próprias forças). Do mundanismo asfixiante que se
esconde sob "roupagens espirituais ou pastorais” e do clericalismo que penaliza os leigos. Mais claro, impossível!
Diante
destes cenários, a missão evangelizadora
não é uma questão de especialistas ou de "tropas de elite”. Quem anuncia a alegria do Evangelho deve
ser todo o Povo Santo de Deus. "A
fé não se pode confinar dentro dos
limites de compreensão e expressão de uma cultura particular”.
A
homilia "deve ser breve e evitar que se pareça com uma conferência ou uma aula”
ou uma pregação puramente moralista. Anunciar Jesus Cristo e o amor pelos mais
pobres, pois a fé exige um compromisso
social. Quem não
escuta o grito do pobre fica "fora
da vontade do Pai”. E entre os pobres estão todos os indefesos, os
excluídos e os fracos dos quais a Igreja deve se ocupar com predileção.
A
parte final do documento termina com uma
oração a Nossa Senhora.
E você o que achou desse documento?
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