Será que eu vejo a realidade?...
Jesus
disse: A verdade vos fará livres...,
mas qual verdade, pois cada uma pode ser vista a partir de dentro ou de fora. O
que você enxerga quando vê o que vê? É capaz de sentir o gosto de uma comida ou
os sentimentos de uma pessoa?
Mente e cérebro são realmente
a mesma coisa ou são a interioridade e a exterioridade de um mesmo objeto?
A
mente com suas imagens, pensamentos e símbolos é invisível e imprevisível.
O cérebro, pelo contrário, com suas
rugas retorcidas pode ser visto, localizado e estudado. Curioso, podemos ver nossos
pensamentos, mas não o nosso cérebro; os outros, pelo contrário, não conseguem ver o que pensamos... A
mente é a aparência interna da nossa consciência; o cérebro, a externa. Um
não existe sem o outro e ambos não se parecem em nada. Só o diálogo, relacionamento
intersubjetivo, pode revelar o mais profundo de nós mesmo: os nossos pensamentos.
Eis a nossa grande
tentação: olhar as coisas só por fora (sociologicamente, filosoficamente...) ou
só por dentro (psicologicamente, teologicamente...). Não é fácil considerar ambos os lados! Nunca seremos místicos verdadeiros se não tivermos em conta esses dois
caminhos: o dentro e o fora de todas as coisas e pessoas...
Há
pessoas que só se interessam pelo observável, o empírico, o externo. Tratam os outros como objetos de estudo (medicina computorizada, cirurgias...) e não
estão interessados nos seus sentimentos internos, medos, esperanças... Somos objetos de observação e não sujeitos
de comunicação! Ficando só na parte externa, teremos apenas uma visão
parcial, carente de profundidade, de consciência e interioridade.
Os aspetos empíricos
exteriores podem ser localizados e situados, não assim os interiores. Onde
ficam os desejos? E a inveja? E a raiva? Como
“ver” essa profundidade interior real, mas não localizável?
O
exterior é superficial e perceptível; o interior é profundo e revelável. O
externo pode ser visto, mas só o interno pode ser comunicado, acolhido e compreendido.
Isso não é fácil, mas sem esta observação nunca chegaremos à profundidade de
Deus.
Somos sombras de Deus!
Somos sombras de Deus!
0 comments:
Postar um comentário