Morar na Galileia foi uma decisão de Jesus no início de sua vida pública. Ele percebeu que
lá era o melhor lugar, para
iniciar sua mensagem, entre os povoados e pequenas vilas da beira do
lago, habitados por camponeses e pescadores, gente humilde, doente e excluída.
Não foi à capital, Jerusalém, nem aos notáveis e classes abastadas, nem aos que
detinham o poder e o dinheiro...
As “mudanças
profundas e duradouras” da sociedade não vêm de cima, mas de baixo, a partir
da solidariedade. Nas periferias e nas margens há maior esperança e menos
corrupção. Jesus foi o ponto de partida
de uma ousada mudança na
história de Israel e da humanidade.
Os evangelistas sinóticos relatam a vida pública de
Jesus como uma subida das “periferias”
até a capital política e religiosa: Jerusalém. Jesus “entra” na capital montando um burrinho, aclamado
por seus seguidores. Pouco depois, a cidade corrupta acabará com ele.
Cada cidade tem uma vocação
e um mistério, pois é também lugar de contradições
e ambiguidades: privilégios
de poucos, exclusão de muitos... Espaço de socialização: trabalho, escola, academia, mercado... e de inovações, riscos e
busca do novo. Lugar anônimo de sonhos, desejos, liberdade, autonomia, autossuficiência,
insensibilidade e individualismo...
A cidade é
um fato humano que pode ser iluminado pelo Evangelho. Ler a cidade com olhos novos: caridosos,
amigos, pacientes, misericordiosos e cordiais.
O mundo urbano é área de missão da Igreja e dos
cristãos. Defender sempre a vida com o testemunho, para construir fraternidade e encontro com
Deus.
A cidade é um desafio a não sermos engolidos pela sua
insensibilidade, mas formar ilhas de humanidade com gestos fraternos, onde despossuídos,
excluídos e sofredores encontrem vida,
luz, calor, paz e ternura...
No meio das cidades encontramos sempre homens e mulheres “especiais” que carregam alegremente, e com profundo sentido
crítico e político, a dor da humanidade. Eles são fatores
essenciais de esperança; pessoas que prestam cuidados especiais aos pobres, deficientes, toxicômanos, população de rua, anciãos, etc...
Como viver a
mística cristã na sua cidade? Como
abrir nossas casas e partilhar o que somos e temos? Ir ao encontro do outro e romper
todo individualismo. Re-partir e partilhar, como o fazemos na
Eucaristia.
Procure descobrir “sinais do Reino de Deus”
no meio do ritmo de sua cidade. Depois faça um passeio silencioso e
contemplativo e tire suas consequências.
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