Amados irmãos e
irmãs!
O IV Domingo de Páscoa apresenta-nos o ícone do Bom
Pastor: conhece suas ovelhas,
chama-as, alimenta-as e as conduz.
Neste domingo,
vivemos o Dia Mundial de Oração pelas
Vocações que nos lembra a importância de rezar para que o «dono da messe mande trabalhadores para a sua
messe». Se a Igreja «é, por sua natureza, missionária», a vocação cristã só pode nascer dentro duma experiência de missão.
Ouvir
e seguir a voz de Cristo Bom Pastor, deixando-se atrair e conduzir por Ele e consagrando-Lhe
a própria vida, significa permitir que o Espírito Santo nos introduza neste
dinamismo missionário.
A oferta da própria vida, nesta
atitude missionária, só é possível se
formos capazes de sair de nós mesmos. Gostaria, pois, de refletir sobre um «êxodo» muito particular que é a nossa resposta à vocação
que Deus nos dá. Quando ouvimos a palavra «êxodo»,
lembramos os inícios da história de amor entre Deus e o povo, mas também passa pelos dias dramáticos da escravidão no Egito. Passar da escravidão do homem velho à vida
nova em Cristo é a Páscoa que se realiza em nós por meio da fé.
Na raiz de cada vocação
cristã há a experiência de fé: crer
significa deixar-se a si mesmo, sair da comodidade do próprio eu para centrar-se
em Jesus Cristo; abandonar como Abraão a própria terra pondo-se confiadamente
a caminho, sabendo que Deus indicará a estrada. Como diz Jesus, «todo aquele que
tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos por causa do meu
nome, receberá cem vezes mais e terá por herança a vida eterna» (Mt
19, 29).
Tudo isto tem a sua raiz mais
profunda no amor.
A vocação cristã é uma
chamada de amor que atrai e reenvia para além de si mesmo, descentraliza e provoca um «êxodo permanente do
eu fechado para a sua libertação...»
(Bento XVI).
Atitude renovada de conversão e transformação. Passar da morte à vida é celebrar o dinamismo pascal. A vocação é sempre
ação de Deus que nos faz sair da nossa situação inicial, liberta da própria escravidão
e nos projeta para a comunhão com Deus e os irmãos. Responder à chamada de Deus é deixar que Ele nos faça sair da nossa falsa
estabilidade para nos pormos a caminho rumo a Jesus Cristo.
A Igreja, fiel ao seu Mestre, é uma Igreja «em saída», não preocupada consigo
mesma nem com as suas próprias estruturas. Deus sai de Si mesmo numa dinâmica trinitária de amor, dá-Se
conta da miséria do seu povo e intervém para o libertar (Ex 3, 7). A Igreja evangelizadora sai ao encontro do
homem, anuncia a palavra libertadora do Evangelho, cuida as feridas das almas e
dos corpos, e levanta os pobres e os necessitados.
Amados irmãos e irmãs, ouvir e receber a chamada do Senhor não é uma questão privada e intimista que
se possa confundir com a emoção do momento; é um compromisso concreto, real e total que abraça a nossa existência e
a põe ao serviço da construção do Reino de Deus.
A vocação cristã impele para o compromisso
solidário a favor da libertação dos irmãos, sobretudo dos mais pobres. O
discípulo de Jesus tem o coração aberto, e a sua
intimidade com o Senhor nunca é fuga mas, pelo
contrário, «reveste essencialmente a forma de comunhão missionária» (Evangelii Gaudium, 23).
Esta dinâmica de êxodo rumo a Deus e ao homem enche a
vida de alegria e significado. Queridos
jovens, não haja em vós o medo de sair de vós mesmos e de vos pôr a caminho! O
Evangelho é a Palavra que liberta, transforma e torna mais bela a nossa vida.
Como é bom deixar-se surpreender pela chamada de Deus, acolher a sua Palavra,
pôr os passos da vossa vida nas pegadas de Jesus, na adoração do mistério
divino e na generosa dedicação aos outros! A
vossa vida tornar-se-á cada dia mais rica e feliz.
A Virgem Maria, modelo de
toda a vocação, não teve medo de pronunciar o seu faça-se, à chamada do Senhor.
Ela acompanha-nos e guia-nos. Cresça
em nós o desejo de sair e caminhar ao encontro dos outros. 29/MAR/2015. Franciscus
PP.
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