A conquista da Terra de Canaã é narrada
fundamentalmente nos livros de Josué e dos Juízes. Eles apresentam uma dialética:
Terra como dom de Deus e também como conquista do povo.
O deserto foi uma etapa provisória, entre
o Egito e Canaã, e ao mesmo tempo de aprendizado. Da passividade no
deserto passa-se agora à agressividade, dinamismo próprio da adolescência
de Israel.
Eis uma nova fase desse povo que crê:
colaborar na obra de Deus.
Surpresa desagradável foi a de perceber que a Terra Prometida, dom de Deus,
estava também ocupada por outros habitantes: os cananeus e os filisteus.
Somos fruto da nossa criação e da nossa
liberdade. Somos responsáveis por nós mesmos e convidados também a
colaborar positivamente na obra de Deus.
Israel compreendeu, aos poucos, que
precisava viver junto dos outros povos: o dom é para ser compartilhado. Os
protagonistas não são só os Israelitas, mas também os Cananeus (descendentes
de Cam, filho de Noé) e os Filisteus.
A terra dada não é só exclusiva de Israel,
mas deve ser partilhada com os povos que ali habitam. Isso é um problema até os dias de
hoje. O perigo da convivência
é contaminar-se pela cultura e religião dos mais fortes, mas também podem se
enriquecer, sem perder a própria identidade.
Os profetas surgirão no tempo da monarquia
para falar contra a perda desta identidade religiosa.
Os séculos XII e XI aC foram de grandes
perturbações nesta terra. Os Israelitas entraram na terra de Canaã e ocuparam a
zona montanhosa central, pois a planície do litoral estava ocupada pelos
filisteus. Na montanha podiam se defender melhor. Esta
conquista da terra durou dois séculos
O livro dos Juízes foi escrito no período
da monarquia, por
isso fala mal deste período
confuso. O caos acontecera porque as tribos israelitas estavam separadas pelas
colônias dos Cananeus. A única autoridade era aquela que surgia diante da
ameaça dos inimigos e ela durava, apenas, durante aquele período emergencial.
Esses “líderes” de Israel, defensores do povo, foram chamados de ‘juízes’,
pois defendiam o direito dos injustiçados.
Os ‘juízes’ foram muito diferentes: alguns
tiveram uma experiência de vocação divina, outros eram verdadeiros bandidos,
mas todos defenderam suas tribos dos inimigos assaltantes.
O livro de Josué é de grande brutalidade. Muitas guerras de religião se basearam
em interpretações fundamentalistas destas cenas violentas.
O ambiente social era muito desordenado.
Cada tribo se governava a si mesma como podia, e o que lhes unia era a fé no
mesmo Deus.
Débora (1125 aC) foi uma juíza que venceu Sísara
e seus comparsas na planície do Esdrelão. O jovem Gedeão, da
tribo de Manasses, defende sua tribo do ataque dos filisteus montados em seus
camelos domesticados. Os israelitas ficaram apavorados! Jefté foi
lutar contra os amonitas, e vencendo-os sacrificou à própria filha... Tal vez o
mais famoso e mais insano seja Sansão, que defendeu como pode a tribo de Judá dos
filisteus.
Em 1050 aC, surge a imensa figura de Samuel,
consagrado a Javé como nazireu, e que ungirá Saul (+1004), como primeiro Rei de
Israel.
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