Ambicioso das
altas cortes de então, Inácio parecia saber o que queria. Assim,
em 1506, quando tinha aproximadamente 15 anos, colocou-se a serviço de Juan
Velázquez de Cuéllar, ministro do Tesouro Real durante o reinado de Fernando de
Aragão. Aos cuidados do seu protetor, Inácio
recebeu esmerada formação, aprimorou sua cultura e tornou-se exímio cavaleiro,
mostrando inclinação pelas aventuras militares.
Inácio relata
que, até os 26 anos de idade, “tinha sido
um homem entregue às vaidades do mundo”. Isso nos remete a 1517, quando
Juan Velázquez cai em desgraça e Inácio passa a servir ao duque duque de Nájera
e vice-rei de Navarra, Antônio Manrique, participando de vários combates
militares.
Em 20 de maio de 1521, ao tentar, sem
sucesso, proteger Pamplona (capital de Navarra) dos invasores franceses, Inácio é ferido por uma bala de canhão que,
além de partir sua perna direita, deixa a esquerda com lesões. O ferimento foi,
certamente, um momento e uma condição para que Inácio desse um salto
qualitativo em sua vida. O fato foi causado pelos homens, mas a força interior
foi a graça que o iluminou e o fortaleceu para mudar radicalmente o rumo de sua
vida. Inácio era uma pessoa de fé, que foi recebida no seio de sua família.
O ponto fundamental para a conversão de Inácio foi a
leitura da Vida de Jesus Cristo, escrita por Ludolfo da Saxônia, e de
uma coletânea da Vida dos Santos. Como
no castelo de Loyola, onde se recuperava, não havia livros de Cavalarias, para
ocupar-se, Inácio lia o que lhe ofereciam. Foi após o contato com esses livros
religiosos que ele começou a perceber, com atenção e paciência, as diferentes
ressonâncias em seu coração.
Por meio da
auto-observação, ele passou a notar que as ambições mundanas lhe causavam alegrias
efêmeras, meros prazeres passageiros, ao
passo que a entrega a Jesus Cristo lhe enchia o coração de uma alegria
duradoura. Essa consolação interior foi, para Inácio, um sinal de Deus.
Já recuperado e
com o forte desejo de mudanças em sua vida, Inácio decidiu partir rumo a
Jerusalém. Saindo de Loyola, ele seguiu em peregrinação para Montserrat. No
caminho, doou suas roupas de fidalgo a
um pobre, passando a se vestir como mendigo. A espada também foi deixada no altar da Igreja de Nossa Senhora de
Montserrat, após uma noite de oração.
Em Manresa,
Inácio abrigou-se em uma gruta. Vivendo como eremita e mendigo.
O que sentia
escrevia em um caderno que, mais tarde, transformar-se-ia no livro dos Exercícios Espirituais. Inácio foi
aprendendo, como um menino de escola, as lições que Deus lhe ensinava.
Constatava e registrava o que vivenciava. Foi
um processo de discernimento espiritual. Com generosidade, assumiu todas as
consequências da sua nova vida.
Após deixar sua
vida de eremita em Manresa, Inácio
seguiu em sua longa peregrinação até Jerusalém, onde permaneceu por um breve
tempo. De volta à Europa, sofreu
perseguições e incompreensões. Essas experiências fazem-no perceber que era necessário estudar para melhor ajudar
os outros.
A cidade
escolhida para dedicar-se aos estudos de Filosofia e Teologia foi Paris
(França), onde conseguiu agrupar colegas
a quem passou a chamar de ‘companheiros’ ou ‘amigos no Senhor’.
Esse foi o primeiro esboço do que
seria a Companhia de Jesus.
.
Em 15 de agosto
de 1534, na capela de Montmartre, em Paris,
Inácio e seis companheiros universitários – Francisco Xavier, Pedro Fabro,
Afonso Bobadilla, Diogo Laínez, Alfonso Salmerón e Simão Rodrigues – fazem voto
de viver conforme o evangelho e ajudar aos mais necessitados.
.
Um ano depois, mais três outros companheiros – Cláudio
Jaio, João Codure, Pascásio Broet se uniam ao grupo. Nascia assim a Companhia de Jesus ou a Ordem dos Jesuítas.
Por meio da bula
Regimini militantes Ecclesiae, a
Companhia de Jesus foi aprovada oficialmente pelo Papa Paulo III, em 27/SET/1540.
O maior e mais
eficaz dos legados de Inácio foram os Exercícios Espirituais (EE), que ele soube
propor muito bem ao grupo dos primeiros jesuítas. Até hoje, os EE fazem parte
do longo processo de formação dos jovens antes de serem aceitos definitivamente
na Ordem.
Em 1541, Inácio foi eleito o
primeiro Superior Geral da Ordem, passando a viver
em Roma
(Itália). Dedicou-se à função preparando
e enviando jesuítas ao mundo todo: Xavier na Índia, Fabro na Europa, Nóbrega e
Anchieta no Brasil.
Em
31/JUL/1556, Inácio morre silenciosamente em Roma.
0 comments:
Postar um comentário