Há coisas na Igreja que eu não entendo. Sim, e uma delas é a
perseguição maciça contra a Companhia de Jesus. Os “salvadores
da pátria” não têm pudor de enfrentar irmãos que
buscam uma Igreja mais coerente, evangélica e participativa.
Os jesuítas tomaram a sério o Concílio Vaticano II e tentaram implementá-lo doutrinal e pastoralmente. Isto trouxe, por
longos anos, a desconfiança da alta cúpula Vaticana, e em consequência a dos grupos mais tradicionalistas da Igreja. Sofrimento
desnecessário para o nosso Instituto.
A poderosa
Congregação da Doutrina da Fé se assanhou impiedosa contra muitos teólogos, e entre eles alguns jesuítas. Eles foram impedidos de lecionar e de publicar suas
pesquisas. Outros, por desgraça, buscaram espaços de maior liberdade. Naquela época estava como Secretário de Estado o Cardeal Sodano, e depois Tarsício Bertone... Foram tempos de um gélido
inverno eclesial.
Com a chegada do Papa
Francisco (latino-americano e jesuíta) parecia ter chegado também a Primavera para
aqueles que outrora foram perseguidos e excluídos. A Primavera chegou, mas não a todos os
lugares. Vejam o exemplo da Igreja de Chile.
Meses atrás o Arcebispo
de Santiago de Chile, monsenhor
Ricardo Ezzati, destituiu o teólogo jesuíta Jorge Costadoat da sua cátedra de Teologia, na Universidade Católica. A Universidade estremeceu com essa medida arbitrária
e autoritária. Os jesuítas chilenos estranharam, mas respeitosamente silenciaram.
Pouco depois, veio a
nomeação do bispo Juan Barros, para a cidade de Osorno. O povo protestou, por este senhor proteger um dos pedófilos mais conhecidos
do país. A hierarquia chilena não
se mobilizou.
Por fim, veio à tona nestas semanas,
duas cartas privadas da mais alta hierarquia chilena, Cardeais Ricardo Ezzati e Francisco Javier Errázuriz, se posicionando de novo
contra outros jesuítas, para que nenhum fosse nomeado como Capelão do Palácio
da Moeda, sede da Presidência da República. Dois pesos, duas medidas! Esta política clerical macula a Igreja.
Estes posicionamentos contraditórios, nada maternos, incomodaram muito os católicos chilenos. Oito de cada 10 chilenos
diz não acreditar na honestidade da Igreja Católica. Culpa de quem?
Há coisas na Igreja que
eu não entendo. E você?
Meu amigo, é realmente um desafio viver a unidade na nossa igreja. Tem várias coisas que eu não entendo, algumas aceito. Outras rezo.
ResponderExcluirTem tanta coisa que não entendo, ou melhor, não aceito! É a casta meretriz vs. o povo de Deus... (C.M.R)
ResponderExcluirMe lembro muito bem a última conversa que tive com o meu amigo Pe. J. Ramon F. de La Cigana por ocasião da minha saída da Cia. de Jesus!
ResponderExcluirEle me perguntou por que quando já estávamos há um tempo na vida religiosa e tínhamos sido preparados e a congregação havia investido em nós, nesse momento a gente saía?!
A minha resposta, há 25 anos atrás, foi exatamente neste sentido. É que quando mais precisamos da Cia. ou da Igreja, exatamente nesse momento levamos uma "paulada" na cabeça!
Ou seja, o ego e a arrogância de alguns líderes e superiores falam mais alto e não os deixa agirem com humanidade, coração misericordioso e inteligência evangélica.
Aí a gente, sem compreender, fica sem rumo. Se temos alguma fraqueza, que poderia ser perfeitamente compreendida á luz do amor fraterno e evangélico e trabalhada com misericórdia e inteligência, ela é colocada às vistas de todos. A pessoa passa a ser, de certa forma, discriminada e perseguida, sendo relegada aos caprichos do que a vontade daquele superior acha que é a vontade de Deus!
Nesse caso, de nada adianta pedirem para fazermos o discernimento à luz da oração pois o discernimento, ainda que tendo clareza, acaba ficando submetido ao que decide o superior!
O que resta é orar para que nosso Papa, que é um iluminado do Senhor, consiga mudar tudo isso!
AMD
Um fraterno Abraço.
Marlos Resende (BH - MG)
Infelizmente até mesmo na Igreja o poder e o medo de que este seja enfraquecido faz com que algumas pessoas esqueçam do real sentido de possuirem tal grau e título.
ResponderExcluirEdson de Souza - SJCampos - SP
É ... as voragens do Concílio Vaticano II vão chegando aos poucos e há quem relute em permanecer nos velhos guetos. Conosco tem sido uma constante a luta contra as mudanças... (J.L)
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