Decidi
escrever meu testemunho, depois de ler o artigo sobre os bebês concebidos em um
estupro. Já se passaram 3 anos desde que descobri que também eu fui concebida
dessa maneira.
No começo, eu tentava negá-lo, pois a impressão que tinha era de
que eu não estava nos planos de ninguém nem nos da minha mãe! Ela havia planejado
uma vida totalmente diferente da que tem agora comigo.
Ela era uma religiosa
consagrada no momento do estupro (havia
feito os votos perpétuos 5 anos antes do meu nascimento). Ela era uma grande
religiosa.
Há muitas coisas que ainda desconheço sobre o que aconteceu,
porque fiquei sabendo disso por meio de umas cartas velhas que escreveram para
a minha mãe na época. Ela passou toda a
gravidez longe do seu país, recebendo cartas da sua família, do seu melhor
amigo (um sacerdote, que é meu padrinho de Batismo) e de algumas das suas irmãs
de comunidade.
Sinto que Deus começou a agir
desde o começo, por meio da madre superiora
da congregação, cuja única preocupação desde o princípio foi proteger a minha
mãe. Ela decidiria se me daria em
adoção e voltaria à comunidade, ou deixaria o hábito e se tornaria mãe.
Sei que Deus se manifestou por
meio de muitas pessoas. No começo, tudo estava nublado para ela; havia um sentimento de
culpa e nenhuma solução parecia ser a correta; na verdade, a única resposta
clara era confiar em Deus.
Todos
nós gostamos de pensar que fomos planejados e amados (ou pelo menos amados)
desde o primeiro momento, mas a realidade é que, mesmo que no começo não seja
assim, Deus me amava desde o momento em que entrei neste mundo.
Conforme
o tempo foi passando, pude notar que as pessoas que nos cercavam tinham muito
carinho por mim, e me levavam em consideração em cada situação possível. Já não
era só o bem da minha mãe, mas também o meu. Todos começavam a
nos ver como uma família.
Nesse
momento, compreendi tudo, e tenho certeza de que minha mãe também começou a superar sua depressão. E eu pensei: “Bem, eu sou filha de um estupro. Posso
ficar me lamentando por ser um acidente, ou posso agradecer a Deus por
ter me permitido viver e crescer com uma grande mãe...”
Conforme fui crescendo, descobri os planos que Deus havia
preparado para mim, e agora que sei de onde venho, tenho muito mais vontade de
realizar isso, porque sinto que Ele me deu uma oportunidade que é negada a
milhões de bebês todos os dias.
Finalmente chegou o dia do meu nascimento, dezembro de 1993. Cheguei totalmente saudável.
Eu
cresci num ambiente de fé, e hoje sou uma jovem
apaixonada pela minha Igreja.
Louvado seja Deus!
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