Sacramentum fidei...
Dias atrás me perguntaram: “Você acha que a Igreja deve dar o direito de receber a Eucaristia aos divorciados em outras uniões conjugais e as outras pessoas em outros tipos de uniões “irregulares”?”
Respondi imediatamente: “Não se trata de conceder o direito de receber a Eucaristia a alguém. Ela é um Dom gratuito de Deus e, sendo assim, jamais alguém pode recebê-la por direito ou merecimento, por mais santo que seja!”
Introduziu-se estranhamente em nossas comunidades eclesiais - parafraseando ao contrário as palavras do Papa Francisco - a concepção de que a Eucaristia é “um prêmio para os bons” e não “um remédio para os fracos”. O Sacramento da Reconciliação, que nos regenera depois de cometer uma grave ação de infidelidade batismal, passou a ser acreditado por muitos como simples “permissão para comungar”. A Comunhão, ao invés de ser o Pão de todos, passou a ser um pão de alguns, considerados “devidamente preparados” e que se sentem “dignos”, e por isso mesmo, com o direito de recebê-la. Criou-se um falso slogan: “Para que possamos receber Jesus precisamos ter a casa limpa...” E assim, ignoramos as páginas dos Evangelhos que narram os encontros mais intensos e desconcertantes de Jesus ao redor das mesas. As mesas de Jesus são sempre escandalosas!
Essas atitudes rígidas e arbitrárias em relação a recepção da Eucaristia são resquícios de um antigo jansenismo individualista. Nossa fé se fez egocêntrica e não comunitária. O fazei isto em minha memória é compromisso de doação.
Lembro-me de um grande amigo, já nos braços do Pai, Pe. João Batista Libanio, grande teólogo, aprendido nas coisas de Deus. Nas suas celebrações eucarísticas, após a invocação do Espírito Santo e a Consagração do Pão e do Vinho, levantava suavemente suas mãos em direção a assembleia e dizia: “Este é o momento mais solene!” E invocava o Espírito Santo sobre cada um de nós para que fôssemos também transformados no Corpo dEle, que è a Igreja. E ainda acrescentava: “E que esta se torne uma comunidade de acolhida, comunhão e de muito cuidado de uns para com os outros...”. Assim, ele nos introduzia mistagogicamente no mais profundo mistério da Igreja, e nos protegia de qualquer egoísmo ou vanglória espiritual. Conduzia-nos ao sentido último da Eucaristia: a comunhão de irmãos.
Na Eucaristia todos somos irmãos, uns dos outros. Já não há os maus e os bons, mas uma só Igreja. E deste mistério gratuito ninguém é excluído.
Volto à pergunta do início: Quem merece? Quem é digno? Quem pode? Quem não pode? Meu Deus, quanta mesquinhes! Ninguém merece nada! Tudo é dom dado de graça para pessoas limitadas e pecadoras.
Neste momento, quando nossos pastores e outros membros da Igreja estão em Roma reunidos em Sínodo, lembremos que Jesus, pastor de todos, já decidiu tudo isso na ceia de sua despedida: “Tomai TODOS e comei… Tomai TODOS e bebei...”
E você o que acha sobre esse assunto?.
"DOMINE, NOM SUM DIGNUS..". Padre, eu creio que a Eucaristia não é para nos vangloriarmos, mas para nos humilharmos diante do Deus que se sacrifica por nossas culpas. Não creio que a não recepção aos que estão em pecado grave seja para a Igreja fazer exclusões ou preferências de almas, mas para levá-las ao arrependimento com um coração sincero, "porque é do interior do coração dos homens que procedem os maus pensamentos: devassidões, roubos, assassinatos, adultérios, cobiças, perversidades, fraudes, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e insensatez" (Mc 7, 21-22).
ResponderExcluir"Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará" (Lc 9, 23-24).
Durante a celebração eucarística, em alguns momentos devemos nos inclinar arrependidos das nossas culpas até recebermos o corpo e sangue de Cristo. "Vá e não peques mais". Poderia falar da vida dos santos, de inúmeras outras passagens bíblicas ou do Catecismo, mas terminareicom as palavras do Papa Francisco no enecerramento do sínodo de 2014:
"(...) Mas, tratando-se de um caminho de homens, juntamente com as consolações houve também momentos de desolação, de tensão e de tentações (...) — A tentação da bonacheirice destrutiva, que em nome de uma misericórdia enganadora liga as feridas sem antes as curar e medicar; que trata os sintomas e não as causas nem as raízes (...)"
Thiago Alves
há alguns, sem uma justificativa coerente, querem mudar uma doutrina milenar da igreja que se origina na própria Bíblia. O senhor Bruno Franguelli se mostra incauto uma vez que desconhece a própria Bíblia e, como cristão. preciso lembra-lo de "Que cada um se examine a si mesmo, e assim coma desse pão e beba desse cálice. Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação." (1 Cor 11, 28-29).
ResponderExcluirAs portas do inferno não prevalecerão !!!!
Heitor
Uma reflexão tão necessária, tão urgente. A sociedade exclui, o amor inclui, acolhe, cuida. Já temos muros demais. E antes que a doutrina seja chamada em socorro de dogmas, recordo as palavras do próprio Cristo, de que o sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado.
ResponderExcluirA Comunhão não é um prêmio, se assim fosse ninguém poderia comungar, principalmente àqueles que que julgam os divorciados, achando que ele não podem comungar. Vejo pessoas em segunda união que formam famílias verdadeiramente cristãs, famílias que evangelizam. Vejo casais de "primeira união" que, não sei como, continuam juntas. Não refletem, apesar de viverem na Igreja.
ResponderExcluirNa maior confusão!
ResponderExcluirLeio o texto e, concordo com ele. Acho-o perfeito! Eucaristia é remédio para os doentes.
Leio os comentários e, concordo com os preceitos catequéticos expostos pois fui educada neles.
Então... Tenho que ser "recatequizada", mas... Não tenho mais tempo...
Ouvindo-os, Jesus replicou: "Os saos nao precisam de médicos, mas os enfermos; nao vim chamar os justos, mas os pecadores"(Mc 2, 17)
ResponderExcluirBelíssima reflexão.
ResponderExcluirMarina, você não precisa ser catequisada coisa nenhuma. Você precisa estudar a doutrina tradicional da Igreja e verá que tem gente querendo enxugar gelo. Perceba uma coisa. A Eucaristia é de fato um remédio, mas lembre-se para qualquer remédio que tomamos, devemos estar na condição que o remédio exige. A Eucaristia não pode ser tomada por quem ensiste CONSCIENTEMENTE continuar vivendo no adultério. A verdade, Marita, é que os maus católicos querem fingir que não sabem que existe a Bíblia, o catecismo e a doutrina da Igreja. Muitas dessas pessoas agem por sincero amor e preocupação para com a Igreja é para tais casais, contudo, eles precisam ser mais humildes e voltarem sua olhos para aquilo que a Igreja, corpo místico de Deus, nos ensina e não, o que as suas vontades mandam. Todavia, há muiros clérigos nefastos que tem conhecimento disso, mas por razões obscuras que desconhecemos, querem destruir a família justamente para destruir a célula básica da Igreja. Destruindo as bases da Igreja, fica mais fácil de ferir o corpo místico de Deus.
ResponderExcluirPense nisso. Ore por esse desses nefastos, psra os padres honestos, para esses casais e por mim
heitor
Meu Deus! Será que eu sou um "clérigo nefasto"? Ninguém quer destruir a família, mas incluir nela muitas pessoas que até agora foram excluídas...
ResponderExcluirPadre, mas por mais que sejam boas as suas intenções, liberar a comunhão aos recasados não estaria em contradição com a indissolubilidade do matrimônio? E com o texto fica subentendido que a comunhão deve ser liberada em muitos outros casos...
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