Quem sou eu para julgar?... O Papa Francisco dá mais alguns passos?


No comentário mais recente, tornado público no livro do jornalista Andrea Tornielli sobre a Misericórdia, o Papa tenta explicar a sua famosa declaração “Quem sou eu para julgar?...” Eis suas palavras:

Naquela ocasião disse isto: Se uma pessoa for gay e busca o Senhor e está disposto a isso, quem sou eu para julgá-la? Estava parafraseando o Catecismo da Igreja Católica, o qual afirma que estas pessoas devem ser tratadas com delicadeza e não devem ser marginalizadas. Alegra-me que falemos sobre as pessoas homossexuais, porque antes de mais nada existe a pessoa individual em sua totalidade e dignidade. E as pessoas não devem ser definidas somente pelas suas tendências sexuais: não esqueçamos que Deus ama todas suas criaturas e que estamos destinados a receber seu amor infinito. Prefiro que os homossexuais busquem a confissão, que estejam perto do Senhor e que rezemos todos juntos. Podemos pedir-lhes que rezem, mostrar-lhes boa vontade, mostrar-lhes o caminho e acompanhá-los a partir da sua condição.

Embora o comentário do Papa não esclareça totalmente a sua abordagem, o que ele afirma apresenta alguns passos importantes:

1. Abordagem sempre acolhedora, conforme o Catecismo da Igreja Católica.

2. O foco fundamental está sobre as pessoas individuais, não nas categorias. Nisso, ele rompe radicalmente com os seus dois antecessores imediatos, os quais preferiram enquadrar a discussão em termos de atos sexuais, não em termos de pessoas.

3. Ele fala sobre o Deus que ama as pessoas, não sobre a condenação. A ênfase no amor divino não era um ponto relevante do discurso dos líderes religiosos a respeito das pessoas homo-afetivas.

4. Ele fala sobre encontro, acompanhamento e rezar juntos, não sobre afastar, excluir ou distanciar a Igreja dos gays.

5. Ele não fala sobre condenação ou avaliações morais. O Papa não está obcecado com a atividade sexual das pessoas, como o foram os seus antecessores.

O comentário sobre a confissão pode levantar uma bandeira vermelha, mas serve para todos. A confissão é um passo importante no desenvolvimento da nossa relação com Deus.

Há pessoas que gostam de julgar todos e tudo. Para eles as coisas mais complexas estão muito claras, mas não é bem assim. Os antigos fariseus sabiam fazer muito bem isso. Esta matéria fica em aberto até que ninguém seja excluído pela sua orientação sexual. Alguém me dizia que isso era questão de justiça!

E você o que pensa?

Um comentário:

  1. Catecismo da Igreja Católica


    §2357 – “A homossexualidade designa as relações entre homens e mulheres que sentem atração sexual, exclusiva ou predominante, por pessoas do mesmo sexo. A homossexualidade se reveste de formas muito variáveis ao longo dos séculos e das culturas. A sua gênese psíquica continua amplamente inexplicada. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves, a tradição sempre declarou que “os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados”. São contrários à lei natural. Fecham o ato sexual ao dom da vida. Não procedem de uma complementaridade afetiva e sexual verdadeira. Em caso algum podem ser aprovados”.


    §2358 – “Um número não negligenciável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente enraizadas. Esta inclinação objetivamente desordenada constitui, para a maioria, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar a vontade de Deus em sua vida, e se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar por causa de sua condição”.


    §2359 – “As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes de autodomínio, educadores da liberdade interior, às vezes pelo apoio de uma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem se aproximar, gradual e resolutamente, da perfeição cristã”.

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