A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nesta quinta-feira, 10, durante coletiva de imprensa, nota sobre o momento atual do Brasil aprovada pelo Conselho Permanente, reunido de 8 a 10 deste mês, na sede da Conferência, em Brasília.
Na nota, a CNBB
manifestou preocupações diante do momento atual vivido pelo país.
"Vivemos uma profunda crise política, econômica e institucional que tem
como pano de fundo a ausência de referenciais éticos e morais, pilares para a
vida e organização de toda a sociedade".
Ainda no texto, a Conferência recordou a
necessidade de buscar, sempre, o exercício do diálogo e do respeito.
"Conclamamos a todos que zelem pela paz em suas atividades e em seus
pronunciamentos. Cada pessoa é convocada a buscar soluções para as dificuldades
que enfrentamos. Somos chamados ao diálogo para construir um país justo e
fraterno".
Confira a íntegra do texto:
NOTA DA CNBB SOBRE O MOMENTO ATUAL DO
BRASIL
“O fruto da justiça é semeado na paz,
para aqueles que promovem a paz” (Tg 3,18)
Nós, bispos do Conselho Permanente da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil–CNBB, reunidos em Brasília-DF, nos
dias 8 a 10 de março de 2016, manifestamos preocupações diante do grave momento
pelo qual passa o país e, por isso, queremos dizer uma palavra de
discernimento. Como afirma o Papa Francisco, “ninguém pode exigir de nós que
releguemos a religião a uma intimidade secreta das pessoas, sem qualquer
influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das
instituições da sociedade civil, sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que
interessam aos cidadãos” (EG, 183).
Vivemos uma profunda crise política,
econômica e institucional que tem como pano de fundo a ausência de referenciais
éticos e morais, pilares para a vida e organização de toda a sociedade. A busca
de respostas pede discernimento, com serenidade e responsabilidade. Importante
se faz reafirmar que qualquer solução que atenda à lógica do mercado e aos
interesses partidários antes que às necessidades do povo, especialmente dos
mais pobres, nega a ética e se desvia do caminho da justiça.
A superação da crise passa pela recusa
sistemática de toda e qualquer corrupção, pelo incremento do desenvolvimento
sustentável e pelo diálogo que resulte num compromisso entre os responsáveis
pela administração dos poderes do Estado e a sociedade. É inadmissível
alimentar a crise econômica com a atual crise política. O Congresso Nacional e
os partidos políticos têm o dever ético de favorecer e fortificar a
governabilidade.
As suspeitas de corrupção devem ser
rigorosamente apuradas e julgadas pelas instâncias competentes. Isso garante a
transparência e retoma o clima de credibilidade nacional. Reconhecemos a
importância das investigações e seus desdobramentos. Também as instituições
formadoras de opinião da sociedade têm papel importante na retomada do
desenvolvimento, da justiça e da paz social.
O momento atual não é de acirrar ânimos.
A situação exige o exercício do diálogo à exaustão. As manifestações populares
são um direito democrático que deve ser assegurado a todos pelo Estado. Devem
ser pacíficas, com o respeito às pessoas e instituições. É fundamental garantir
o Estado democrático de direito.
Conclamamos a todos que zelem pela paz
em suas atividades e em seus pronunciamentos. Cada pessoa é convocada a buscar
soluções para as dificuldades que enfrentamos. Somos chamados ao diálogo para
construir um país justo e fraterno.
Inspirem-nos, nesta hora, as palavras do
Apóstolo Paulo: “trabalhai no vosso aperfeiçoamento, encorajai-vos, tende o
mesmo sentir e pensar, vivei em paz, e o Deus do amor e da paz estará convosco”
(2 Cor 13,11).
Nossa Senhora Aparecida, padroeira do
Brasil, continue intercedendo pela nossa nação!
Brasília, 10 de março de 2016.
Dom Sergio da Rocha
Dom Murilo S. R.
Krieger
Arcebispo de Brasília-DF
Arcebispo
de S. Salvador da Bahia-BA
Presidente da CNBB
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo
Auxiliar de Brasília-DF
Secretário-Geral da CNBB
"que tem como pano de fundo a ausência de referenciais éticos e morais, pilares para a vida e organização de toda a sociedade"
ResponderExcluirPois é, inclusive na Igreja essa referência inexiste. Nela os bons não têm projeção alguma, os espaços nesse grupo de bispos são tomados por interesses outros, com destaque a atuação política e ideologica de esquerda (o dualismo: mercado x povo mais pobre, sempre se faz presente, é um dogma de fé na CNBB)
"dever ético de favorecer e fortificar a governabilidade"
ou seja, só há uma saída possível: o apoio e sustentação ao governo petista, independentemente do fato de ser ele o responsável pela crise, diariamente a alimentar e dividir o país. As palavras disfarçadas de isenção não escondem sua real intenção.
Nunca houve problemas em manifestações contra o PT, mas essa é a regra nas manifestações de esquerda, em especial os auto proclamados movimentos sociais que tomam a violência como método, mas até hoje nunca se leu uma vírgula, um nada, da Pastoral da Terra ou da Indigenista contra os esses grupos violentos como MST e Vila Campesina que nasceram da ação direta de sacerdotes "progressistas" com influência ainda nos dias de hoje.
A CNBB não tem legitimidade pra falar em nome da Igreja e tão pouco tem moral pra propor algo sobre política e momento social.
A esfera política é área de atuação dos cristãos sim, mas aqueles que sempre assumiram postura politico-partidária explicita como a CNBB não podem se vender agora de isenta e sugerir "pacificação" que nada mais é do que o discurso da governabilidade petista.
Aliás, Daniel Seidel esta na Assessoria Política da CNBB. Ainda. Que falta de vergonha na cara hein CNBB?
Dado o tema, será que ele não é um autor oculto nesta carta?
Por isso os próprios católicos tomam a CNBB como irrelevantes, se não acordarem serão vistos como entidade hostil aos fiéis.
A paz esteja convosco diz Jesus aos seus. Falamos de paz vivamos a paz. A vida nos passa rápido lembre do mestre.
ResponderExcluirTempos de expurgos, tomara que o país fique mais forte depois que essa lama passar...
ResponderExcluirA última vez que fui falar com o meu Pastor da Igreja, ou seja, o Bispo, quando questionei sobre os caminhos tomados pela Igreja dos homens, fui orientado que deveria me modernizar. Que tal?
ResponderExcluirProvavelmente o seu bispo tinha razão... rsss
ExcluirA doutrina social da Igreja muito bem fundamentada no documento Exigências Éticas da Ordem Democrática, gestado na 27ª Assembléia Geral da CNBB em Itaici, 5 a 14 de abril de 1989, já traduzia a preocupação com o novo momento político. Tanto naquela época como hoje a participação da Igreja é fundamentada no ser humano. "Cada pessoa é convocada a buscar soluções para as dificuldades que enfrentamos. Somos chamados ao diálogo para construir um país justo e fraterno." A Igreja segue a opção pelos pobres feita por Jesus Cristo
ResponderExcluir