“Senhor, não sou
digno de que entres em minha casa... (Lc 7, 6)
No
belo relato de Lucas nos é apresentado a força e a intrepidez reveladas numa
pessoa de fé.
Não foi fácil, para aquele centurião romano, ter que acudir a alguém do povo dominado
buscando a cura de seu empregado. Teve de superar muitos preconceitos e
esvaziar-se de seu orgulho e amor próprio para solicitar a ajuda de um judeu.
A humildade
é a mais difícil das virtudes humanas,
pois está vinculada ao amor à verdade.
A humildade não deve ser entendida como humilhação,
mas com o ser verdadeiro, transparente,
e necessitados dos outros e de Deus.
Humildade, dizia S. Teresa,
é andar na verdade. Não se trata de atrofiar ou esconder as próprias capacidades,
mas expressar, com simplicidade, quem somos. É a virtude que mais humaniza, pois faz descer em direção à própria
humanidade.
A
radicalidade que o Evangelho propõe é a de sermos verdadeiramente humanos, despojando-nos
de toda ilusão, e falsas imagens de nós mesmos.
Na história, grandes homens e mulheres
deixaram transparecer em suas vidas a marca da humildade. O termo latino “humilis” deriva-se de “humus”,
terra ou solo. Todos surgimos deste fecundo húmus, onde a existência funda suas raízes e se faz humilde e humana.
O caminho de descida ao nosso próprio “húmus”
revela quem realmente somos e nos preserva de considerarmos “deuses” ou
super-humanos.
Todas
as grandes correntes espirituais, tanto do Oriente como do Ocidente, conduzem à
humildade. Sem humildade corremos o risco de nos apossarmos de Deus e aniquilarmos
os outros. “Sereis como deuses” (Gn 3,5) eis a
grande tentação de todos os tempos.
A humildade leva ao amor. Sem humildade, o eu
ocupa o espaço disponível, e vê o outro como objeto ou como inimigo. Ser
humilde é ser simplesmente humano. Aqueles
que mais avançaram no caminho espiritual foram os que viveram a humildade. Só podemos nos aproximar de Deus com humildade.
Para que Deus atue nas profundezas de nosso ser precisamos nos esvaziar,
para sermos preenchidos por Sua presença. Subimos
a Deus quando “descemos” em nossa humanidade.
No Novo Testamento, a humildade é vista juntamente com a
mansidão, brandura, perdão... A humildade pressupõe um descentramento,
um êxodo para o encontro com o outro, acolhendo-o tal como é.
Quando alguém encontrou sua própria condição
humana, reconcilia-se com tudo aquilo que é humano, e quebra sua rigidez com o mais fraco e enfermo, com o
imperfeito e o fracassado.
O
humilde vê tudo envolvido pelo olhar de bondade e misericórdia de Deus.
Uma
pergunta: Como você lida com seus conflitos, seus limites e com a sua própria
sombra?
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