17º DTC: PAI-NOSSO, a grande “petição” que nos descentra... (Pe. A. Palaoro SJ)

“Pedi e recebereis; buscai e encontrareis; batei e vos será aberto” (Lc 11,9)



O Pai Nosso é a única oração que Jesus nos ensinou e resume sua mensagem, intenção e missão. Nela, Jesus expressa intimidade com o Pai e seu compromisso com os outros, especialmente os mais pobres e sofredores. Se rezado com atenção e profundidade o Pai Nosso é também, para nós, um itinerário de expansão de nós mesmos, uma proposta de des-centramento.

Tanto em sua forma reduzida (Lucas) como em sua forma mais extensa (Mateus), a oração do Pai-Nosso não faz referencia a nenhum dogma cristão. Também não contém nenhuma referência que seja exclusivamente judaica. Jesus orou como um judeu e assim nos ensinou a orar.

O Pai-Nosso é uma oração universal, e pode ser assumida por os que creem em Deus e se atrevem a invocá-lo como “Pai”, pedindo-lhe que seu Nome seja santificado, que venha seu Reino, que o pão seja partilhado, e que o perdão seja um estilo de vida.

Esta oração é dirigida a todo ser humano de qualquer raça, cultura, religião, mas em especial àqueles que tem coragem de se esvaziar de si mesmos, e querem construir uma nova sociedade.

Apesar de Deus ter muitos nomes nas diversas religiões, a deslumbrante oração ensinada por Jesus só aponta um nome: Pai. “Pai” é um nome que qualquer ser humano comprende, um nome que não fere nenhuma cultura e não fomenta qualquer sectarismo.

O que a oração do Pai-Nosso pede é universal (pai, pão, perdão), sendo, ao mesmo tempo, muito judaico, muito cristão, ou seja, muito humano. Isso é ser cristão: Saber que estamos envolvidos pelas mãos providentes e cuidadosas do Pai. Só isso: “Abba”, Pai/Mãe, proclamado e vivido... para assim crescermos e sermos humanos a partir de Deus.

Como todo judeu, Jesus orava com frequência em forma de súplica e petição. E o Pai-Nosso é uma grande petição. Nela manifestamos nossa atitude filial: reconhecer a Deus o direito de ser Pai.

A petição como atitude, nos desarma de nossa auto-referência e nos faz sair de nós mesmos numa dupla direção: ao Pai e aos outros. Confessamos nossa indigência e manifestamos nossa confiança.

A súplica e petição arranca de nosso ego-centrismo, expandindo-nos e fazendo-nos participar do mesmo fluxo do amor e do cuidado do Deus Pai/Mãe que tudo sustenta e ampara.

Pedir não é dobrar a Vontade de Deus a nosso favor; é, antes, colocar-nos em sintonia com Ele, e assim entendermos o que é melhor para o verdadeiro bem de todos. Expressamos a Deus, com simplicidade e confiança, todas as nossas carências, nosso ser radicalmente necessitado. Tudo procede das suas mãos providentes e cuidadosas.
A parábola do amigo inoportuno no evangelho de hoje recomenda a perseverança na confiança. Deus sempre está de nosso lado, querendo dar-nos tudo o que de verdade necessitamos. Deus é bom!

Deus ouve o que lhe pedimos, mas será que nós ouvimos o que ele deseja para nós?

Orar é saber ouvir o que Deus quer de nós: não para fazer Deus entrar nos nossos planos, mas para que nós entremos em sintonia com a Vontade d’Ele.

Uma pergunta: É assim que você reza? É assim que você sente?




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