Em
nossa sociedade há um complexo sistema de normas de protocolo pelos quais cada
um deve se situar, segundo seu “status” ou posição social. Realmente queremos
sobressair, competir, e estar por cima dos outros. Esse desejo ego-centrado é
tão comum que nem percebemos sua presença, em nosso interior e à nossa volta.
O “ego”
se
move sempre a partir de suas necessidades, e uma delas é “ser reconhecido”, “ser o
primeiro” e o buscar que tudo gire em torno dele e de seus interesses.
As palavras de Jesus abordam
precisamente estas questões: Que lugar eu
busco? O que me move? Quais interesses estão envolvidos?...
O “ego”
sonha em se destacar e ser reconhecido; ama o aplauso e os gestos de admiração
e quer ter sempre razão e busca impô-la aos outros.
Jesus vai à raiz quando tenta des-identificar-nos
do ego. Somos maiores do que as nossas necessidades, e quando a
identidade original emerge, deixamos de viver para o ego.
Ao
desvelar nossa verdadeira identidade, nosso ego se esvazia, e com ele se
vão aquelas necessidades ridículas que condicionavam nossa vida. Jesus nos convida
à sensatez e ao sentido comum. O lugar
do discípulo é, por escolha, o último, pois não somos, certamente os mais importante,
e queremos dar preferência aos outros, àqueles que foram excluídos.
As
palavras de Jesus são um convite à generosidade que não busca ser
recompensada, e celebrar com os excluídos e que nada podem retribuir. Se
ocupamos o último lugar é para que não haja excluídos. Queremos um mundo de irmãos,
iguais no serviço mútuo. Quem assim viver merece uma bem-aventurança: Então tu serás feliz, porque eles não te
podem retribuir.
Preparar
a mesa e fazer a refeição com os
outros implica todo um ritual. Comer é mais do que ingerir alimentos,
é entrar em comunhão com as energias que sustentam o universo e que, por meio
dos alimentos, garantem nossa vida. Toda
mesa, ceia e banquete estão cercados
por uma rica simbologia.
Os que tinham coragem de se sentar à
mesa com Jesus, não podiam mais sair do mesmo jeito, pois a mesa do pão compromete
com a partilha e a solidariedade com todos. O mundo sagrado da mesa é sempre relação com os outros. É junto à mesa que se dá o processo de humanização
e comunhão.
Contudo, a mesa pode ser
corrompida e torna-se lugar de rupturas e de competição. É claro que a
“culpa” não é da mesa; a mesa deveria ser sempre oblativa e acolhedora.
Por desgraça há mesas solitárias, mesas
da corrupção, do poder, da exploração... A frieza tomou conta das relações em
torno à mesa, e a ausência da ritualidade aumentou a distância entre os participantes.
Há uma profanação da mesa quando é transformada em lugar de
conchavos sujos, negociatas interesseiras, e de tramas maldosas.
Devemos
recuperar o sentido da mesa como um altar que deve ser preparado e ornado com carinho, para realizar sua
missão sagrada, pois sagrados são aqueles que dela participam.
A mesa é sempre sinal de comunhão.
Toda refeição deveria ser um ato
comunitário, de comunhão. Por desgraça, muitos ficam sozinhos e comem
rapidamente; outros, nem as migalhas têm.
A mesa não pode ser posta de qualquer
maneira,
e a sala deve ser aconchegante e íntima, para realizar o milagre do diálogo. É
ao redor da mesa que aprendemos a servir,
partilhar, receber, escutar e agradecer.
Toda mesa faz milagres.
Toda mesa faz milagres.
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