No início, todos os ministérios na Igreja eram
serviços fraternos. O ministério petrino também. Aos poucos, com a paz constantiniana, ano
313, a pompa do imperador foi entrando nos templos (basílicas, catedrais...) e nas
pessoas (vestimentas, residências...). E assim foi até o Concílio Vaticano II
(1962-1965).
O Papa Francisco não é, certamente, um
revolucionário, mas um reformador, e como bom pastor, conhece bem as
debilidades de suas ovelhas. Ele buscou sinceramente uma mudança de estilo no relacionamento
da Igreja com seus fieis. Uma Igreja pobre e para os pobres, inclusiva
e não excludente; menos burocrática e
mais pastoralista; hospital de campanha e não posto de alfândega... Não está sendo fácil esta mudança de rumo!
Pensando num novo
Conclave, para escolher o sucessor do Papa Francisco, dos 120 cardeais com
direito a voto (cardeais com menos de 80 anos), Francisco nomeou apenas 44 até agora. Ainda é pouco para garantir que as reformas em curso não
se percam.
O projeto do Papa Francisco é maior que ele mesmo, pois sabe que com seus 80 anos o relógio avança contra ele. As reformas na Igreja são lentas e não
gostaríamos que houvesse um retrocesso, como aconteceu com o Concílio Vaticano
II, com João Paulo II.
Francisco precisa de um colégio cardinalício e de bispos
que compartilhem de sua visão reformista. Ele não o está conseguindo, pois quem aplaude, por enquanto não o imita. O pouco
que conseguiu fazer já provocou uma reação furibunda entre os mais
tradicionalistas e conservadores.
O Papa encontra uma resistência medonha naqueles
que o rodeiam começando pelo monsenhor Georg
Gänswein, secretário de Bento XVI, e responsável pela agenda do Papa
Francisco, como chefe da Casa Pontifícia. Meses atrás, o citado monsenhor disse
que havia dois papas: “Um ativo e outro contemplativo”. O
que pretendia este monsenhor? Criar maiores
dificuldades a Francisco e confusão doutrinal nos conservadores?
Três cardeais mais resistentes
às reformas, Gerhard Müller, alemão e herdeiro de Ratzinger, Robert Sarah, guineano e apreciado pelo Opus Dei, e Raymond Burke, norte-americano e o mais combativo, fazem
parte dos cardeais nomeados por Bento XVI. Se
não é fácil gerir uma obra com o gerente anterior presente, imagine ter um papa
emérito e os seus amigos nas costas de Francisco!
A Exortação Apostólica sobre o amor na família,
Amoris laetitia, foi o estopim que faltava para o grito destes senhores chegar aos céus. É verdade que os divorciados e recasados podem comungar?...
No fundo, neste
entrechoque subsistem duas mentalidades
díspares de Igreja: A de Pedro, pobre pescador da Galileia e a do Imperador Constantino de Roma. Você
sabia que os sapatos vermelhos dos papas eram iguais aos do Imperador? E a túnica,
e a capa, e a pompa toda também?... Somos seguidores
de Jesus ou de um imperador romano?
O Papa Francisco caminha na ponta dos pés para não fazer ruído nem levantar poeira, mas não o consegue. Seus gestos espontâneos gritam mais do que suas palavras. Enquanto Ratzinger viver, Francisco se
encontrará supervigiado e desconfortado. Que ideia
perigosa ter dado o título de “Papa emérito” a si mesmo! Se fosse bispo
emérito de Roma as coisas seriam bem mais fáceis!
Contudo, Francisco não desanima e sorri
amigavelmente, apesar das intrigas palacianas que o rodeiam.
O que se conseguiu até agora? Quando Francisco chegou
ao Vaticano (março de 2013), a Igreja estava desacreditada pelos escândalos internos
(Vatilileaks, pedofilia, IOR...) e só em
três anos, Francisco reposicionou os eixos distorcidos da Igreja e se tornou o líder
global mais crível e admirado.
Alguns dirão que isso é irrelevante, e pura plástica exterior. Grandes mudanças?
Ele começou pela sua pessoa e o modo de exercer seu ministério (deixou o
Palácio Apostólico, simplificou as
vestimentas, abriu o palácio de Castel Gandolfo para a visitação
pública, e deixou de lado os carros de luxo, almoça diariamente no refeitório comum
da Casa Santa Marta...). E aos poucos, começa a colocar leigos nos diversos dicastérios
da Igreja, acabando com o clericalismo reinante. Certamente, ainda é pouco.
E você o que pensa sobre este assunto?
Concordo com seu análise... mas acima de tudo, responder àquilo que Deus espera da gente é o melhor legado que a gente pode deixar e o Papa Francisco está conseguindo mudar a história de uma instituição que estava entrando, e infelizmente continua em muitos aspectos, numa dinâmica perigosa.(LMM)
ResponderExcluirConcordo, não poderíamos retroceder na adesão ao Concílio Vaticano II
ResponderExcluirEssa história de Constantino até o Vaticano II são quase 1600 anos. A Igreja não viveu nada de bom nesses 16 séculos? O texto parece de um protestante justificando a Reforma Luterana, quando dizem que a Igreja verdadeira acabou com Constantino. E agora vem um católico dizer que a Igreja foi refundada no Vaticano II!!!
ResponderExcluirDe São Pedro até Constantino foram 33 papas, sendo que 30 martirizados. Com certeza a igreja pós-conciliar "misericordiosa" não está com saudades dessa época.
ResponderExcluirMas que texto mais esdrúxulo! O dr. Rodney Stark, que não é católico, publicou este ano que passou um livro desmascarando as mentiras que nos últimos 500 anos espalharam aos 4 ventos contra a Igreja Católica. O autor deste artigo tinha que ser honesto e sair da Igreja para qualquer igrejola que satisfaça seus anseios medíocres e anticatólicos.
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