Segundo Domingo de Advento: É tempo de se enraizar... (CF. Pe. A. Palaoro SJ)

Toda árvore que não der bom fruto será cortada... (Mt 3,10)

As leituras do domingo passado nos falavam de velar, de vigiar, e de estar desperto. Hoje falam daqueles que vivem enraizados e tem essa atitude de sentinelas: os profetas. Estes descobrem no horizonte da existência a presença de sinais de vida ou de morte. Assim se convertem em mensageiros de uma Boa Nova.

Neste 2º Domingo de Advento, os profetas Isaías e João tem a palavra. A palavra do profeta nos move a mudar e melhorar.

O profeta é uma pessoa enraizada e, por isso, de discernimento; ele sempre busca algo novo, e isso ele encontra na sua interioridade.

O profeta é a figura chave neste tempo de Advento. Não é um adivinhador do futuro nem vive separado dos outros. O profeta está sempre com os olhos bem abertos, e ao mesmo tempo enraizado no seu povo.

O Advento revela que somos seres enraizados e de horizontes grandes; profundos e ao mesmo tempo universais... Desafio? Manter o enraizamento e o horizonte, o engajamento e a transcendência. Transcender é mergulhar com fé na própria condição humana, é humanizar-se.Humus” = terra = humano.

Somos convidados, pois, a experimentar no mais profundo de nosso ser as raízes com a seiva da vida, que nos sustentam e dão sentido. Da nossa interioridade “há-de-vir” (advento!) as possibilidades que farão nossas vidas mais abertas e oblativas.

Dentro de todos nós há um desejo, uma força, uma energia que nos impulsiona a viver, e buscar sempre o melhor. Isso tem a ver com a verdade e a liberdade, a bondade e o amor. 

Desse modo, crescemos como pessoas: fisicamente saudáveis, mentalmente lúcidos, e afetivamente coerentes. Se não vivermos assim, nossa “humanidade” (“húmus”) ficará atrofiada. 

Precisamos, pois, viver mais na profundidade e na solidariedade; ecologicamente mergulhados e equilibrados.

Advento é tempo de chegar às nossas raízes. O “húmus” da nossa terra nos “humaniza” e cristianiza. “Descendo”, como Jesus, viveremos melhor nossa existência, como irmãos e irmãs de todos. 

O Advento nos faz lançar raízes no mais profundo de nossa condição humana e viver as grandes motivações adormecidas. Das nossas raízes brotam os desejos e os sonhos mais criativos e duradouros. A pessoa superficial não é “enraizada”.

A experiência cristã implica, pois, “mergulhar os pés na terra”, enraizar-nos e comprometer-nos com a realidade que nos afeta.

Um “chão” é sempre mais que um simples chão. Cada chão revela lembranças, referências, medos, saudades; guarda histórias, presenças e memórias. 

Sonhar alto, pensar grande, aventurar-se, ousar ir além, derrubar nossos medos e modos arcaicos de ser e proceder.

“Chão humano e humanizante” porque carregado da presença divina. Cada pessoa é um chão da eterna presença de Deus.

E eu pergunto: Onde nossos pés estão plantados? Como isso afeta o coração?

TEXTO PARA REZAR:  Mt 3, 1-12 ( Naqueles dias apresentou-se João, o Batista, proclamando no deserto da Judéia: Convertei-vos, porque o Reino de Deus está perto...)


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