Estive na
prisão e me visitastes (Mt 25,36)
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, através da sua Presidência, manifesta seu repúdio e sua indignação diante do massacre de presos ocorrido, no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus (AM). Nós nos unimos ao arcebispo de Manaus, Dom Sérgio Castriani, e à Pastoral Carcerária, para reafirmar a defesa incondicional da vida dos encarcerados e a solidariedade com as suas famílias. “Manifestamos nosso repúdio contra a mentalidade daqueles que banalizam a vida achando que a mesma é descartável e que se pode matar e praticar todo tipo de crime e violência contra os cidadãos” (Nota Pública da Arquidiocese de Manaus).
O Papa Francisco, na audiência geral
desta quarta-feira, 4 de janeiro, referindo-se a esse massacre, afirmou: “Renovo o apelo para que as prisões sejam
lugares de reeducação e reinserção social, e que as condições de vida dos
reclusos sejam dignas de pessoas humanas”. Nestes três pilares mencionados
pelo Papa, estão construídas, há muitos anos, a posição e solicitude da Igreja,
diante da realidade de vida dos encarcerados no Brasil: a reeducação, a reinserção social e o respeito pela dignidade humana.
A Igreja tem oferecido a sua
contribuição para defesa da dignidade dos encarcerados e promoção da justiça
social. Por intermédio da CNBB, manifesta sua disposição de continuar
trabalhando, para que se implante uma
segurança que proporcione condições de vida pacífica para os cidadãos e para as
comunidades.
A Pastoral Carcerária acompanha as
unidades prisionais em todo o País e tem, reiteradas vezes, chamado a atenção
para os graves problemas do sistema
penitenciário: a superlotação e
a falta de estrutura das unidades prisionais, a privatização dos presídios, a necessária reeducação e reinserção social dos presos. Nos últimos anos, a Pastoral
Carcerária tem insistido na elaboração e execução de Políticas Públicas que
contemplem o revigoramento das Defensorias Públicas, Ouvidorias e Corregedorias
autônomas, bem como o controle externo das políticas penitenciárias no
País.
Pedimos às autoridades competentes a rigorosa apuração dessa tragédia, na
sua complexidade conjuntural e estrutural, e, acima de tudo, a busca de um sistema penitenciário mais justo, digno
e humano.
Solidários
com as famílias das vítimas
desse massacre, rezemos, com o Papa Francisco, “pelos detentos mortos e vivos, e também por todos os encarcerados do
mundo, para que as prisões sejam para reinserir e não sejam superlotadas”.
Brasília-DF, 4
de janeiro de 2017
Dom
Sergio da Rocha/Cardeal Arcebispo de Brasília/Presidente da CNBB
Dom
Murilo Sebastião Ramos Krieger/Arcebispo de São Salvador da Bahia/Vice-Presidente da CNBB
Dom
Leonardo Ulrich Steiner/Bispo Auxiliar de Brasília/Secretário-Geral da CNBB
Minha opinião: Três ou quatro dias depois o presidente Michel Temer disse: “Quero numa primeira fala, mais uma vez, solidarizar-me com as famílias que tiveram seus presos vitimados naquele acidente pavoroso que ocorreu no presídio de Manaus”.
Senhor presidente! Aquilo não foi um acidente, mas um massacre previsto e anunciado... Se os presos estão sob a responsabilidade do Estado, ele é o responsável direto deles.
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