“Este é o meu filho amado, no qual eu pus todo o meu
agrado. Escutai-o” (Mt 17,5)
O “mistério de
Deus” sempre nos supera.
Mateus, no relato
da Transfiguração,
transmite algo da sua experiência original de conhecer Jesus de uma “outra”
maneira e usa expressões intensas: “alta
montanha”, “seu rosto brilhou como sol”, “suas vestes ficaram brancas como a luz”, “Moisés e Elias, conversando com
Jesus”, “uma nuvem luminosa os cobriu”,
e uma “voz”, saindo da nuvem,
revelou a verdadeira identidade d’Ele: “Este é meu Filho amado,
escutai-o”.
O
Evangelho propõe uma atenção desperta capaz de detectar o pulsar da vida e a
presença do Senhor que a habita. Toda realidade esconde, em suas entranhas, o
poder de resplandecer, de “revelar-se outra”. Ouvir, em meio de tantos barulhos, a Voz silenciosa que se dirige a
cada um de nós e sussurra palavras que nos transfiguram: “Tu és meu(minha) filho(a) amado(a)”.
Deus
entra no nosso espaço vital. De repente, acontece algo novo, sem estar no
templo ou num dia sagrado; ouvir
o sussurro de Sua voz, e dar-se conta
da sua presença amorosa: Eu te amo!
Voz misteriosa, mobilizadora,
que
arranca de nossas raízes e desinstala da acomodação (“façamos aqui três tendas...”). Não mais estamos sozinhos!
Quaresma é tempo para afinar os ouvidos e deixar-se
impactar pela voz que vem de Deus. Voz que ativa a própria identidade, e faz voltar ao
ser essencial; reconstrói a dignidade e conecta com o “EU” mais profundo.
Livre do domínio de
nossas compulsões, para amar sem fronteiras; livres para uma relação nova com a realidade, com os outros e com Aquele
que continuamente sussurra sua Voz silenciosa, como uma brisa reconfortante.
Precisamos ouvir essa Voz que toca o coração,
até aquele mais endurecido. Voz divina, libertadora de tantas ataduras e escravidões da vida. Tudo pode
começar em qualquer lugar, até no alto de uma Montanha...
Neste
tempo Quaresmal, “subir a Montanha” requer um ritmo pessoal, vivenciar o silêncio, e captar as “vozes”
do coração. É no silêncio que a Voz de
Deus ressoa com mais intensidade.
Neste mundo de
“palavreado crônico” as vozes se fazem estridentes e agressivas... Só o silêncio restaura a força mobilizadora
de toda voz. Só assim podemos curar e ser curados...
Todos os grandes
personagens bíblicos fizeram uma experiência de “montanha” (lugar
de intimidade com Deus; lugar da bênção e do envio...). Simples,
despojados, transfigurados.
O silêncio propicia
a profundidade da intimidade, desvelando e revelando o melhor da
pessoa.
No silêncio
somos transfigurados!
Só quem se deixa calar por esta voz; ecoa no coração a suavidade de sua voz e seu Rosto que brilha na face de cada irmão/a. Ir. Izabel fdz
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