Não há como falar da vida de santo Inácio de Loyola e não rever a nossa. Nele, Deus supera a normalidade.
A maior consolação que descobrira então era contemplar o céu e as estrelas. Fazia-o muitas vezes e por muito tempo, porque com isto sentia em si um grande esforço para servir a Nosso Senhor (Autob. 11).
Se antes Ínhigo
de Loyola via as coisas de um
modo apenas carnal, agora parece possuir
os olhos do Espírito, pois tudo lhe parece novo e cheio de sentido. Sua
recuperação física foi também moral, como acordando de um longo letargo. Suas
fantasias negativas deram lugar a outras, bem mais abertas e gratuitas. Sem
atropelos, saboreia tudo internamente e de tudo e de todos aprende lições. Sem
quase perceber, recupera
sua autoestima e se afirma no melhor de si mesmo e
nos valores do Evangelho.
Naquele tempo de repouso obrigado, Ínhigo contemplava o céu e as estrelas muitas vezes e por muito tempo, e
experimentava nisso grande paz e consolação. Pela pequena janela do quarto
via as castanheiras e os carvalhos, árvores amigas que forneciam lenha, frutos
e sombra para todos. Mais além, e do outro lado, contemplava o imponente morro do Izarraitz,
com seus 1.028 m de altura, com seu cume pelado e cinzento...
Tudo o convida para ir além de seus devaneios
frustrados. Seu horizonte se amplia e até se vê como peregrino na
Terra Santa de Jesus... E continua se perguntando: Que fiz? Que faço? O
que vou fazer, de agora em diante, por Jesus e pelos outros? E as respostas vinham devagar, como as ondas do mar num dia manso e tranquilo...
Quanta diferença entre aquele homem
agressivo e este outro pacificado! As coisas velhas pertencem ao passado; agora surge
um homem novo, restaurado e recuperado por pura graça divina.
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