Aprendi a usar os mistérios com cuidado...
Desapaixonei, disse-me com raiva.
Como
assim?
Cansei!
Acabou! Desencantei!...
Foram três afirmações curtas, secas e convictas. Eu pensei com os meus botões: caiu
na real... E continuou: Na
minha mente só lembranças, agora misturadas com muita mágoa... Espero que isso,
um dia, também acabe!
Seu
rosto estava duro e o olhar perdido, tanto quanto a sua alma...
Os
apaixonados certamente não me procuram, mas quando essa experiência termina os
padres somos os interlocutores naturais e o pano de lágrimas mais próximo.
Desapaixonar-se,
o que eu entendi, é uma experiência de
perdas e um se ressituar de novo no presente. O apaixonado vive muito no
passado das lembranças e na memória dos afetos.
Desapaixonar é perder a
pessoa que antes encantou e que agora sumiu; é não dizer nem ouvir mais as palavras
infindas, bonitas e criativas que espontaneamente surgiam e que, de repente,
acabaram em vagos e estúpidos monossílabos; é o fim dos sentimentos de carinho e tesão, paralisados agora num
frio e rígido protocolo, queira Deus, que educado...
Desapaixonar-se é morrer
antecipadamente, por isso dói!
Você já passou por essa
situação?
Já passei por essa situação! O sentimento de perda é muito forte. Dizer que morre antecipadamente é a tradução perfeita. Não ter mais aquele que amei, que não mais ouvirei sua voz, não mais o verei, mas sabendo que ele está vivo é muito sofrimento! Confesso que ainda não me recuperei desse luto!
ResponderExcluirA dor é insuportável. Para quem tendência ao dramático ou à depressão, o suicídio sussurra (às vezes grita mesmo) dos cantos de cada lembrança - e não só das coisas que aconteceram, mas dos sonhos, das esperanças. Por incrível que pareça, os reencontros (por muito doloridos e desesperadores que sejam) são, para mim, o caminho da superação... Aos poucos vai ficando evidente que aquela pessoa à sua frente não é a mesma por quem houve um sentimento tão intenso, mobilizante e tóxico. É muito parecida, tem o mesmo nome, o mesmo cheiro, mas não é a mesma... E ela vai morrendo lentamente. E aquele sentimento vai morrendo também. Eu chamo isso de "gastar o amor".
ResponderExcluirÉ um sentimento de perda eterna de algo que eu sonhava que viveria eternamente... é a morte! Tenho que parar de acreditar no milagre da ressuscitação pq só faz com que fique no passado. Creio que está sendo dificil de mais pois nunca vivi uma experiencia de morte com alguem tão querida e proxima...
ResponderExcluirNossa, é lindo demais!
ResponderExcluirBoa tarde Pe Ramon. Se para amar e viver preciso morrer,como disse Jesus, então quero me desapaixonar a todo momento, para reviver cada segundo do que a vida tem de melhor para me oferecer. O amor é como semente que cai ao solo, morre para dar vida a outra vida. Ahhhh como eu amei, amo e ainda amarei muito! Morro e reviivo para a vida todo dia...:) Com a certeza de quem ama, volta, se não voltar, e não perdoar, é porque nunca amou ninguém tão bem, então, pra que ficar a chorar? O tempo e a oração, é o remédio que cura todas as feridas.um domino de graças para os apaixonados e desapaixonados.Não devemos lembrar que Jesus foi o que mais amou e morreu por esse amor, para que ele pudesse renascer forte e mais vivo ainda?
ResponderExcluirComo sempre, um primor de texto!
ResponderExcluirSabia que findaria, mas foi bonito de mais. Amei, sonhei e quando acabou senti... e sorri por tanta bobeira juntos. Agora estou livre e somos apenas amigos...
ResponderExcluirAbençoado!!!Muito iluminado!!!!
ResponderExcluirO grande problema na paixão é que projetamos no outro as nossas expectativas. Nos apaixonamos não pelo que o outro é mas pelo que esperamos que ele seja. Dai, quando caímos na real, descobrimos que o ser pelo qual nos apaixonamos não existe, e, geralmente o ser que existe não corresponde aos nossos ideais. O verdadeiro amor não cria expectativas, por isso, prefiro me enamorar a me apaixonar. Não é fácil não, reconheço, mas com um pouco de sabedoria, é possível. Só que essa sabedoria vem com o tempo.
ResponderExcluirO que buscamos, de fato, é viver o amor, e não, a paixão. E, como já dizia o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, vivemos tempos de "amor líquido", pois nada é sólido, seguro e definitivo.Viver a paixão é fácil: basta buscar no outro aquilo que sonho ter em mim. Projeto-me no outro e me apaixono por mim mesmo... Mas, amar alguém exige ter amor para dar! E só sabemos amar ao outro, quando fizemos a experiência do Amor. Como diz P. Quevedo, sj: o Projeto de Vida humano é Amar e ser Amado! Que o Deus de Amor nos dê a graça de experimentar o Seu Amor, e, assim, termos amor para dar e receber. Este Amor, certamente, é "sólido", seguro e definitivo.
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