Quando Jesus entrou em Jerusalém, a cidade inteira ficou alvoroçada... (Mt 21, 10)
A Paixão de Jesus teve causas históricas concretas e foi o desenlace de uma vida que entrou em conflito com o sistema religioso-político estabelecido. A vida e mensagem de Jesus revelaram uma
novidade de tal magnitude que
romperam com as estruturas desumanas que atentavam contra a vida.
O
conflito de Jesus foi com o poder. Jesus
compreendeu que, para mudar o comportamento dos dirigentes da cidade de
Jerusalém, a primeira coisa a fazer era desmontar o “ídolo” que legitimava o poder autoritário. isso que provocou a sua
morte.
O
confronto com o poder religioso e político ficou evidente na cena da “entrada
de Jesus em Jerusalém”. A chegada com
seus discípulos e discípulas à cidade santa se converteu numa procissão
festiva. O Mestre não
entrou em Jerusalém como um rei, mas montado em um burrinho, entre sinais de alegria
e concórdia.
O povo o identifica com um messias, como
um novo Davi, mas Jesus sabe que nenhum poder econômico, político ou religioso solucionam as desigualdades e humanas,
nem criam esperanças libertadoras.
Subir a Jerusalém, na festa
principal dos judeus, atinge o centro do
poder político e religioso.
Aquele “dia de Ramos” foi uma manifestação
de desafio. Jesus entra na cidade de
Jerusalém de maneira impactante, como Messias, de forma pacífica, anunciando
o Reino de Deus para o pobres.
O
Reino de Deus não se manifesta com violência, nem se mantém por meio do poder
ou da sacralidade sacerdotal. Essa foi a “sua hora”: desmascarar a manipulação e extorsão daqueles que com poder autoritário
tinham oprimido o povo.
Esse gesto de cruzar os umbrais da cidade foi altamente provocativo e alguns
quiseram frear o entusiasmo que Jesus despertava pela sua passagem. Ele se tornou um perigo que deveria ser eliminado. Jesus questionava
o sistema no qual eles se sustentavam para continuar submetendo o povo.
De fato, nas
cidades existem situações que dificultam ou impedem a descoberta de Deus e a
vivência de relações mais humanas: violência,
pobreza, discriminação sexual, intolerância, racismo e muitas outras atitudes e
práticas que separam, excluem e oprimem. As ofensas contra a pessoa humana,
sua dignidade e seus direitos, são impedimentos para reconhecer e descobrir a
presença do reinado de Deus.
No
domingo de Ramos abrimos espaço para entrar na nossa cidade com Jesus, com sua força
e presença crítica. Somos enviados às fronteiras de nossas cidades para
dialogar com aqueles que não pensam como nós e estão muito distantes,
marginalizados...
Desde aquele dia de Ramos sabemos que
Deus mesmo habita em nossa cidade, para além dos limites da Igreja.
Jesus
“entrou” em Jerusalém para que também nós o façamos de maneira inspiradora e
provocativa em nossas cidades.
Nesse contexto o Padre João Torres nos ensina que "Tudo quanto fazemos tem consequências. O efeito de tudo que Jesus faz é incontrolável. Ele desperta no coração humano os sentimentos mais escondidos para o amor ou para o mal. Alguns entram em uma espiral de ódio e inveja que chega até a morte, outros se deixam encher pelo amor de Jesus para ser transformados. A nós cumpre-nos escolher como queremos reagir e sentir diante de qualquer ação humana e aceitar o que também nós despertamos. Pede a Jesus a graça de aceitar o amor, qualquer que seja o caminho em que se manifeste.
ResponderExcluirAntônio Carlos dos Santos - Itaú de Minas.