Eu sou a Porta das ovelhas... (Jo 10, 7)
O
4º Domingo de Páscoa inspira-se na imagem do “Bom Pastor”. A “Vida” é o verdadeiro tema pascal. E
imagem deste 4º Domingo é a Porta da Liberdade.
A
Vida verdadeira implica sair de nossos espaços atrofiados e de horizonte curto. Ninguém aguenta
ficar fechado no egocentrismo da vida. Há um perigo letal de asfixia
existencial quando a vontade própria desiste de amar.
A “Porta”
aberta permite a vida fluir. Precisamos de uma porta escancarada, para nos
libertar, desatar, e sair para a Vida.
Jesus
diz “Eu sou a Porta”. Jesus, “ressuscitado dentre os mortos”, abriu um
espaço no hermético horizonte da morte. Jesus
se transformou em Porta da Vida verdadeira, e com a força do seu Espírito
Ele nos liberta, e nos faz passar para a vida ampla do amor.
Eu sou a porta das ovelhas, não do redil.
Os
que vieram antes dele não deram plena liberdade nem vida verdadeira; “poderá entrar e sair” alcançar sua
própria plenitude e viver intensamente.
O Bom
Pastor
põe toda sua vida a serviço das ovelhas
para que vivam.
Porta
aberta.
Impactados pela luz que vem de fora e o ar vivificante. Ouvimos sua voz que chama pelo nome e nos leva por prados verdejantes.
Jesus
é uma Porta grande e aberta que favorece a circulação. Entrar por essa Porta é
o mesmo que “aproximar-nos d’Ele”, “escutar sua voz”, “identificar-nos com Ele”... E passar pela Porta implica também
des-velar nossa verdadeira identidade,
enquanto “portas abertas”.
Cada
um de nós é um mundo, dentro do Mundo. Este contato se estabelece pela porta
dos sentidos. Por essas portas dos
sentidos saímos de nós mesmos para o Mundo, ao mesmo tempo que o Mundo
entra em nós. Tomar consciência do como transitamos por estas portas é
essencial para crescer na transparência do existir.
Há
um modo de ver, ouvir, saborear, tocar,
sentir que realiza e constrói, e outro que manipula e destrói. Em definitiva, o
que nossos olhos querem ver, o os nossos ouvidos ouvir, e o tato apalpar
é aquele que habita e plenifica os outros. Os sentidos nos abrem ao
Transcendente, que pulsa no mundo e ao qual só se pode chegar através do mesmo
mundo.
Nosso contexto social nos revela que há
uma doença que afeta praticamente a todos: Há
muito mais espelhos que isolam
do que portas que universalizam.
No espelho vemos não o que somos, mas o que
aparentamos ser. A
contemplação narcisista da ‘imagem’ de nossa pessoa rosto atrofia a nossa vida. O
centro do espelho somos nós mesmos e não os outros.
As
portas abertas permitem ampliar
nosso horizonte.
Elas nos abrem à comunhão com a natureza, com os outros, e com Deus. Elas nos humanizam, pois servem para nos
revelar aos outros quem somos, e quem eles são.
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