5º DTP: VIVER COMO RESSUSCITADOS... (cf. Pe. A. Palaoro SJ)

 Vou preparar um lugar para vós... (Jo. 14,3)

O evangelho deste domingo não descreve uma aparição, mas é o mesmo Ressuscitado que se apresenta e fala para os seus seguidores. É um texto pós-pascal, pois Aquele que fala é o Vivente.

O contexto deste evangelho é o discurso de despedida de Jesus na Última Ceia. Ele havia anunciado a traição de Judas, a negação de Pedro, o anúncio da partida... Tudo isso deixou os discípulos desconcertados, abatidos e com medo.

Jesus sente a tristeza dos seus discípulos e agora lhes dirige palavras de ânimo e esperança. E uma das imagens que usa é a da “morada” no coração do Pai, que oferecer proteção e acolhimento.

Uma morada significa muito mais que uma presença. Deus quis ter uma morada e uma habitação em nosso interior. Somos sua casa!

Na casa do Pai há muitas moradas”; há lugar para todos. A casa de Deus é ampla; casa de reconciliação e justiça, aberta antes de tudo para aqueles que foram e são oprimidos.

Jesus, durante seu ministério, construiu com suas palavras uma morada para as pessoas. Ele falou de tal forma que as pessoas encontraram harmonia consigo mesmas. E tinham o sentimento de poder habitar em suas palavras, e encontrar uma pátria n’Ele.

O ser humano sempre aspirou viver em um espaço onde pudesse se sentir seguro, em paz; um espaço humanizador que lhe permitisse ativar todas as suas potencialidades de vida e transparecer a própria identidade.

É da nossa condição humana buscar um espaço, um lugar hospitaleiro e acolhedor, o lugar onde nos situamos no mundo e onde podemos ser encontrados. Lugar de intimidade com Deus, espaço de contemplação, ambiente de discernimento e construção de decisões.

Um dos dramas vividos pelo ser humano é que ele perdeu não somente seu lar exterior, mas também se afastou de sua morada interior. Comprovamos hoje um “déficit de interioridade”. As pessoas perderam o caminho da direção do seu coração; vivem fora de si mesmas e não conseguem colocar as grandes perguntas existenciais: “de onde venho? Quem sou? Para onde vou?...”. Elas vivem perdidas e não sabem mais quem são, pois perderam seu sentido de pertença.

O que significa “morada” para nós atualmente? Que tipo de sentimento está conectado a ela? Onde nos sentimos de verdade em casa?

Jesus na Última Ceia deixa transparecer que, só quando cremos que o mistério nos habita é que podemos nos sentir em casa. Deus mesmo já fez morada em nós.

Aspiramos um espaço onde possamos ser nós mesmos. Vivemos das forças e da energia que emanam da nossa casa interior? Desejamos encontrar-nos e desenvolver nossas possibilidades?

Somos chamados, como seguidores de Jesus, a “ser pessoas de interioridade”. Diante da “cultura líquida” na qual vivemos, é urgente gerar espaços que facilitem reabrir as vias da interioridade, possibilitar o retorno à “morada interior”, onde é gestada a nossa identidade e as nossas opções mais sólidas.


Precisamos, sob a ação da Graça, destravar nossa “morada” viva e sempre inédita”, de tal maneira que dali brote a novidade que tudo renova e dá sentido à nossa existência.

Vivamos realmente como ressuscitados!


Um comentário:

  1. Padre Adroaldo, muito bom! Cada vez mais iluminado na evangelização e aperfeiçoamento e cuidado com suas ovelhas. (Isa e Juca) BH /MG

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