Os onze foram para a Galileia, ao monte que Jesus lhes tinha indicado... (Mt
28,16)
Hoje culmina o tempo de páscoa com a celebração da festa da Ascensão de
Jesus. “Ressurreição”,
“Ascensão”, “sentar-se à direita de Deus”, “envio do Espírito Santo”, são realidades
pascais, e constituem
um só “mistério” que está fora do alcance dos sentidos e do nosso conhecimento.
O mistério pascal é tão rico que não podemos abarcá-lo com
uma única imagem. Os três
dias para a Ressurreição, os quarenta
dias para a Ascensão, os cinquenta
dias para a vinda do Espírito Santo são tempos teológicos, e revelam presenças
significativas de Deus, se manifestar.
A Ascensão nos faz refletir sobre um
aspecto do mistério pascal: a posse da Vida por parte de Jesus é total, participa
da mesma Vida de Deus e, portanto, está no mais alto do “céu”.
No relato de
Mateus não há ascensão propriamente dita, mas revelação e presença do Senhor
Jesus na Montanha da Galileia, e seu
envio missionário.
Galileia remete à vida histórica de Jesus. A
Judeia (Jerusalém) havia rejeitado Jesus e já não era o lugar onde alguém devia
encontrar-se com o Ressuscitado. Jesus
não ressuscita nem triunfa em Jerusalém, mas na “montanha da Galileia”.
Jesus foi a Jerusalém para dar testemunho e manter seu projeto, sendo ali
assassinado. Por isso, o evangelho (Boa Nova) não pode
começar em Jerusalém (templo, sacerdotes, soldados...), mas na Galileia, lugar
dos que são excluídos e buscam a Deus.
A Galileia é o
ponto de partida de um caminho novo, salvador e fundado na experiência de sua Páscoa.
Jesus não nos deixou; não podemos pensar em um Jesus subindo fisicamente
para além das nuvens.
Ascensão
é celebração da Vida plena, que não está sujeita ao tempo nem ao
espaço. Jesus não vai a nenhum lugar, mas permanece com os seus (“estarei convosco todos os dias, até o fim do
mundo”). Ressuscita e atua em seus amigos e amigas, naqueles que vivem e espalham,
com suas vidas, a Grande Mensagem de vida.
Jesus nem partiu
nem se ausentou; não nos deixou órfãos nem solitários. Ele permanece para sempre entre nós pelo seu Espírito Santo.
Nas Aparições do
Ressuscitado Jesus foi nos ensinando a nos encontrar com Ele e a estar com Ele: na “Palavra”, na “fração do pão”, na
“Eucaristia”, compartilhando nossa vida, como pão de vida para os outros, no “perdão salvador”, no “serviço”, nos
“sacramentos”, no “próximo”, na “missão evangelizadora e apostólica”, na
“construção do Reino”...
Não há espaços para Deus. Sua presença expansiva alcança uma
profundidade e uma longitude que sua presença física não pude-ra alcançar. Assim
podemos encontrá-Lo em todos os lugares e em todas as pessoas.
Os “onze” da Ascensão são
(somos) todos, homens e mulheres, humanidade
nova, unidos no amor.
A tarefa
fundamental que Ele nos confia é: “fazer discípulos” seus todos os povos.
Não se trata de ensinar doutrinas, nem ritos, nem normas morais, mas de ativar em todos uma maneira alternativa de
viver.
A Ascensão é o início da missão da nova comunidade ressuscitada.
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