O mato tomava conta do meu abandono... (M. de Barros)
Os Exercícios Espirituais usa a palavra “espíritos”, sempre em minúscula: Alguns exercitantes “mais agitados ou provados por diversos espíritos...” (EE 4), “nem é agitado por vários espíritos…” (EE 6); e lembra ser de muito proveito que o acompanhante “seja fielmente informado das varias agitações e pensamentos que os diversos espíritos lhe trazem...” (EE 17).
Às vezes até pensamos que “discernimento dos espíritos” se trata do bom ou do mau Espírito, como anjos e demônios... Mas, não é assim. No tempo de Inácio de Loyola a palavra “espíritos” tinha uma amplitude maior de significados.
Primeiro, saber que “espíritos” não é sinônimo de “fantasmas” ou de entidades incorpóreas. Seu significado original é vento, ar, hálito, inspiração e respiração. Isto é, “vida” na pessoa humana, no corporal e no espiritual, como uma só unidade. O ar e o vento são essencialmente dinâmicos e ao mesmo tempo possuem algo de intangível e misterioso, sem deixar por isso de serem corpóreos. Uma tradução melhor seria discernimento das “energias vitais e dinâmicas latentes” da pessoa humana. O que eu sinto no mais profundo é positivo ou negativo, me unifica ou desintegra.
Entendido o discernimento desse modo teríamos um ponto
em comum com a psicologia e as terapias alternativas atuais.
Santo Tomás de Aquino (1225-1274), bem antes de Santo
Inácio, definia assim o “espírito”: aspiração, sentimento, moção do
espírito humano ou da alma racional; inclinações fortes da natureza humana,
desejos mais profundos... O que suscita, pois, nossas paixões mais
profundas e nossos desejos melhores entra no campo do discernimento inaciano.
Isto mesmo é o que estudam hoje as diversas correntes psicológicas.
O homem moderno separou tudo: corpo e espírito quando sabemos que são uma unidade, cara e coroa da mesma moeda.
A teoria do “discernimento dos espíritos”, segundo Santo Inácio de Loyola, ficaria incompleta sem este novo ponto de vista.
E você como entende o discernimento dos espíritos?
Muito obrigada!!!Querido Pe.Ramon,SJ.
ResponderExcluirGostei muito desse texto.
Responderei a pergunta ,mas peço-lhe um retorno de sua parte para me corrigir,se for necessário.
Entendo como Discernimento dos espíritos,como sendo a compreensão concluida à luz do Espírito Santo,de algo,alguém ou alguma situação pela qual eu passo,tenho que passar e tenho que discernir oque é certo(da Vontade de Deus!)ou o que não é da Vontade de Deus.
Quando estou discernida,sinto-me Consolada,pois estou na Presença Divina e unida à Presença Divina.Todo o meu Ser(corpo e espírito)está em união com Deus,o puro Espírito(com letra maiúscula).
Se estou desolada,estou desunida a Deus,pois não consigo vê-LO e nem sentí-LO nas obras da Criação,na Eucaristia enas pessoas.A Desolação é o oposto do discernimentos do espíritos.
Padre obrigada por compartilhar mais um belíssimo texto. Ajudou muito a compreender melhor o discernimento dos espíritos.
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