12º DTC: EVANGELIZAR NOSSA INTERIORIDADE... (Cf. Pe. A. Palaoro SJ)

“Vede, eu vos envio como ovelhas para o meio dos lobos...” (Mt 10,16)



Os conflitos são constantes no caminho da fidelidade ao Evangelho: conflitos externos que surgem a partir da presença inspiradora e provocativa dos(as) seguidores(as) de Jesus; conflitos internos que afloram quando a mensagem evangélica ressoa na interioridade de cada um, desvelando seus contraditórios impulsos, tendências, dinamismos, forças...

O ser humano vive tencionado entre dois polos: entre luz e escuridão, céu e terra, fragmentação e unidade, espírito e instinto, solidão e vida comum, medo e desejo, amor e ódio, razão e sentimento, sagrado e profano, enfim, entre a animalidade e a humanidade.

Não é um combate entre o bem e o mal; nem uma leitura moralista da assim chamadas “tentações”. O combate dualístico provoca puritanismo, farisaísmo, legalismo, voluntarismo esvaziando a pessoa de toda densidade humana.

Qual dos dois dinamismos alimentamos?

Só quando dizemos sim a esta tensão básica de nossa vida é que conseguimos superar a divisão interna.

Viver uma “vida segundo o Espírito” significa chegar à compreensão e integração das polarizações internas, dos dinamismos opostos, dos movimentos contraditórios que nos mantêm “despertos” e que dão calor e sabor à nossa existência.

É próprio do Espírito reunir, integrar, conciliar, pacificar, conduzir-nos a um “lugar interior”, a um centro de calma, onde tudo encontra seu espaço.

A atitude fundamental é a de deixar-nos conduzir pelos impulsos do Espírito.

Como integrar, pacificar, harmonizar os “conflitos interiores”, para que o seguimento de Jesus Cristo não termine num combate espiritual que gasta toda a nossa adrenalina? Sob o impulso do Espírito, somos convidados a conhecer, nomear e integrar os ‘animais’ interiores que nos habitam. E caminhar pacificamente com eles.

Cada um deles simboliza instintos, paixões, fragilidades, limitações que, quando não pacificados, criam uma desarmonia interior. Somos como um grande “arca de Noé”, e carregamos os animais atávicos, com seus instintos selvagens e primitivos. Às vezes soltamos o veneno de uma ‘cobra’, ou agredimos como uma ‘onça’, rugimos como um ‘leão’ ou atacamos como um ‘cão’ feroz... Outras vezes, ruminamos sem parar rancores e mágoas do passado. É preciso pacificar nossos animais interiores, para que não nos destruam.

Os animais domesticados não temorizam, mas nos ajudam e fazem a vida mais prazerosa.

Quando nossas energias interiores são ordenadas, elas são fonte interior de sabedoria e de desfrute humano e espiritual.


Há pessoas que vivem em continua tensão e temor interna e externa. O pavor paralisa. 

Deus nos quer pacificados e criativos.


Um comentário:

  1. Padre Adroaldo , sinto uma força divina
    o ler este texto . Como é bom seguir os
    exemplos do bom Pastor. Esta dualidade
    de sentido me questiona e ao mesmo tempo
    me eleva a um pensamento elevado sobre a
    minha espiritualidade. Deus seja louvado!
    Juca (da Isa).

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