Todo domingo era o mesmo problema. Após a missa dominical, a menina pedia aos pais aquele ‘pãozinho’ que eles recebiam. Cansados de explicar que antes deveria fazer a catequese para depois começar a comungar, os pais resolveram contar ao padre os constantes pedidos da filha.
– O
problema já está solucionado, respondeu o padre, deem a ela esta hóstia que não
está consagrada...
– Esta
não serve, respondeu a piedosa menina, quero daquela que tem Jesus dentro, para
depois Jesus ficar dentro de mim.
A menina mostrou que estava preparada
para a Eucaristia, pois sabia que não se
tratava de um simples ‘pãozinho’, mas
de um alimento especial. A hóstia não consagrada não a colocava em comunhão
com seus pais, pois eles recebiam algo maior que trigo e água, eles recebiam o
verdadeiro Corpo de Cristo.
Essa é uma particularidade do
cristianismo. Longe de ser um ente superior abstrato ou um ser inacessível, nosso Deus se apresenta como alguém simples
e que partilha da nossa vida, isto é, se faz verdadeiro homem em Jesus. E
para celebrar sua memória, ele escolheu coisas do cotidiano: o pão e o vinho. É
pelo dom da fé que reconhecemos o Cristo presente na Eucaristia, mas essa fé é
acessível a todos, principalmente aos simples.
A convicção de que o corpo de Cristo é o centro da nossa fé, fez com que a Hóstia
santa sempre fosse muito amada e respeitada em sua exterioridade: não ser
consagrada em qualquer vasilha, mas em recipientes próprios, ser guardada num
lugar especial (o sacrário), não ser tomada de qualquer maneira, etc.
Valoriza-se o aspecto material, porque se sabe da grandeza que ele representa.
Desde muito cedo, os cristãos
aprenderam que não bastava só partilhar o pão, era preciso também comunicar a
alegria de ter o pão para ser partilhado. E
o pão a ser partilhado era o próprio Jesus! Foi assim que no séc. XIII, uma
irmã religiosa convenceu o Papa da necessidade de uma festa onde se
demonstrasse a alegria de ter a Cristo por alimento, onde o mistério de Cristo
eucarístico fosse mostrado ao mundo como o orgulho dos cristãos. Nascia a festa de Corpus Christi.
Hoje essa data se confunde com os
outros feriados prolongados e muitos nem sabem o que ela significa. Para o
cristão, porém, é uma oportunidade de refletir sobre a importância que Cristo tem na vida dele, é a oportunidade de agradecer
a Deus por todos os dons que ele nos deu, sendo o seu Filho o maior desses dons.
É a oportunidade para mostrar ao mundo que Cristo reina soberano na comunidade
e que Ele é o centro de nossas vidas.
Celebrar o Corpus Christi é fazer como
a menina acima: querer o corpo de Cristo
dentro de nós, para que Ele viva em nós. Para que Ele nos dê a vida.
Essa reflexão é particularmente
importante nesse período, em que estamos às portas da Jornada Mundial da
Juventude. Que nesse tempo os jovens
sintam a presença de Deus e possam, como a menina, desejar que Cristo habite em
dentro deles.
Obrigada por mais um texto para refletirmos ...
ResponderExcluirUm abraço fraterno, Leandra.