Nela, os quatro cardeais pedem ao Papa
para serem recebidos em audiência, para falar sobre as confusões provocadas
pela Amoris
Laetitia. E como eles gostam de futricas, nada melhor que coloca-la
nos meios de comunicação.
– Na Polônia, a Conferência
Episcopal anunciou que publicará as diretrizes para a aplicação da Amoris Laetitia mantendo firme o ensinamento de João Paulo
II: recasados não podem comungar a não ser que vivam “como irmão e irmã”.
– Na Itália,
a Conferência episcopal da Sicília publicou as Orientações
Pastorais sobre o capítulo
oitavo da Amoris Laetitia que preveem “soluções práticas diferenciadas de acordo com as situações”,
incluindo a absolvição e a comunhão para os divorciados recasados que vivem “more
uxorio”.
– Na Bélgica os bispos deram sinal verde, em uma Carta Pastoral, à comunhão
para os divorciados recasados, embora simplesmente “decididam em consciência”.
– Na Argentina, na
diocese de Reconquista, o bispo, festejou publicamente a plena
readmissão na Igreja de quase 30 casais de divorciados recasados que seguem
vivendo “more uxório” e declarou ter-lhes dado a comunhão ao final de um
caminho coletivo de preparação com base nas indicações da Amoris Laetitia
e da posterior carta escrita pelo Papa aos bispos da região do Rio da Prata.
– Na Itália,
o teólogo Maurizio Chiodi publicou no último número da Rivista del
Clero Italiano um ensaio no qual defende a possibilidade da comunhão
para os divorciados recasados, com base em “uma
teoria da consciência que ultrapassa a alternativa da norma”.
No
Brasil? Parece que a CNBB não chegou a um consenso e ainda aguardamos um posicionamento
oficial.
Eis a íntegra da carta:
"A nossa consciência nos obriga…"
Santo Padre,
É
com uma certa inquietação que me dirijo a Sua Santidade nestes dias do tempo pascal. Faço-o em
nome das suas eminências os cardeais Walter
Brandmüller, Raymond
L. Burke, Joachim
Meisner, e em meu próprio nome.
Nós desejamos, antes de mais nada, renovar a nossa absoluta dedicação e o
nosso amor incondicional à Cátedra de Pedro e à Sua augusta pessoa, na qual
reconhecemos o Sucessor de Pedro e o Vigário de Jesus: o “doce Cristo na terra”, como gostava de dizer Santa Catarina de Sena.
Nós não compartilhamos em absoluto
aquela posição de quantos consideram que a Sede
de Pedro está vacante, nem a de quem pretende atribuir também a outros a
responsabilidade indivisível do “munus” petrino. Anima-nos tão-somente a
consciência da grave responsabilidade que provém do “munus” cardinalício: ser
conselheiros do Sucessor de
Pedro no seu ministério
soberano, assim como do Sacramento do Episcopado, que “nos constituiu como bispos para apascentar a Igreja,
por Ele adquirida com o seu próprio sangue” (At 20, 28).
Em 19 de setembro de 2016, entregamos a
Sua Santidade e à Congregação para a Doutrina da Fé cinco “dubia”, pedindo-lhe que
dirimisse incertezas e clareasse alguns pontos da Exortação Apostólica
pós-sinodal Amoris Laetitia.
Não
tendo recebido qualquer resposta da parte de Sua Santidade, chegamos a decisão de lhe pedir, respeitosa e humildemente, uma
audiência, conjunta, se assim lhe aprouver. Nós juntamos, como é de praxe,
uma Folha de Audiência em que expomos os dois pontos que desejaríamos poder
tratar com Sua Santidade.
Santo Padre, já se passou um ano desde a
publicação da Amoris Laetitia.
Neste período, várias interpretações de
algumas passagens objetivamente ambíguas da Exortação pós-sinodal, foram
apresentadas publicamente, não divergentes, mas contrárias ao permanente Magistério da Igreja. Embora o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé tenha declarado mais de uma vez que a doutrina da Igreja não
mudou, apareceram numerosas declarações de bispos, cardeais e até mesmo de
Conferências Episcopais, que aprovam o que o Magistério da Igreja jamais
aprovou. Não somente o acesso à Santa Eucaristia daqueles que vivem objetiva e
publicamente numa situação de pecado grave e pretendem nela continuar, mas
também uma concepção da consciência moral contrária à Tradição da Igreja.
Acontece assim – oh, e como é doloroso constatá-lo! – que o que é pecado na Polônia é bom na Alemanha, o que é proibido na Arquidiocese da Filadélfia é lícito em Malta, e assim por diante. Vem-nos à mente
a amarga constatação de Blaise Pascal: “Justiça
do lado de cá dos Pireneus,
injustiça do lado de lá; justiça na margem esquerda do rio, injustiça na margem
direita”.
Numerosos leigos competentes, que amam
profundamente a Igreja e são firmemente leais à Sé Apostólica,
dirigiram-se aos seus Pastores e a Sua Santidade, para serem confirmados na
Santa Doutrina no que diz respeito aos três sacramentos do Matrimônio, da
Confissão e da Eucaristia. E justamente nestes últimos dias, em Roma, seis leigos
provenientes de todos os continentes propuseram um Seminário de estudo que
contou com a participação de grande número de participantes e que teve o
significativo título: “Esclarecer”.
Diante
de tão grave situação,
que está dividindo muitas comunidades cristãs, sentimos o peso da nossa
responsabilidade, e a nossa consciência
nos obriga a pedir humilde e respeitosamente uma audiência.
Pedimos a Sua Santidade para que se
digne recordar de nós nas suas orações, como nós lhe asseguramos que o faremos
nas nossas. E lhe pedimos o dom da sua bênção apostólica.
Carlo Card. Caffarra
Roma, 25 de abril de 2017.
Festa de São Marcos Evangelista
* * *
Folha de Audiência
1. Pedido de esclarecimento
dos cinco pontos indicados nos “dubia”; razões para tal pedido.
2. Situação de confusão e desorientação, sobretudo entre os
pastores de almas, os párocos "in primis".
Meu comentário: Carta ‘aparentemente’
educada e bem escrita, mas desrespeitosa com a pessoa do Papa Francisco: Carta
pessoal e ao mesmo tempo pública? Francisco já explicitou publicamente o seu
magistério e ele não é acolhido? É a Exortação que dividiu as comunidades ou a
situação de exclusão vivida que já as havia separado? Qual a Tradição da Igreja: A do
primeiro milênio ou ao do segundo?
A ditadura da minoria é sempre muito desastrosa.
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