“Quem vos recebe, é a mim que está recebendo...”
(Mt 10,40)
Pedro e Paulo, discípulos
e apóstolos de Jesus cristo, serviram o Senhor com estilos e caminhos
diferentes. Com tudo, nessa diversidade ambos foram testemunhas do amor misericordioso
do Pai. Por isso celebramos numa só solenidade o martírio deles.
É justo celebrar sua oferta por amor do Senhor. Memória
da unidade na diversidade. A iconografia representa os dois apóstolos unidos
num só abraço, profecia da única comunhão eclesial e na qual as legítimas
diferenças podem conviver.
Todos já vimos um invento recreativo para crianças, composto de um globo
inflável que flutua sobre um reservatório de água. Tal invento evoca um
comportamento muito frequente nas pessoas atualmente. Elas mesmas fabricam uma
bolha e se fecham nela como num reduzido microcosmo; esse pequeno globo
enclausura em um mundo muito definido e estreito: o êxito, a vaidade, o dinheiro,
os bens materiais... A presença do
outro, sobretudo do “diferente”, é totalmente desprezada.
Pedro e Paulo nos convidam a vivermos, cada um com seu jeito, como
filhos e filhas de Deus, mas em fraterna comunhão: Católicos, Ortodoxos, Coptas, Armênios, Luteranos, Anglicanos...
Deus “se fez diferente” e é na “diferença”
que Ele vem ao nosso encontro como chance de enriquecimento vital. Deixemo-nos surpreender pelo Deus da vida
que rompe esquemas, legalismos e bolhas... A nossa vivência de fé não se
reduz a um ritualismo egoísta e fechado.
Também os muros da
segregação estão voltando à moda. O muro é uma ordem escandalosa, um silêncio forçado e prolongado, é
vontade de poder. E os piores são os muros
interiores!
Os muros não têm semente, embora se multipliquem pelo mundo, e são um veneno mortal para todos.
Todo muros é um murro em alguém.
O seguimento de
Jesus implica romper a bolha que asfixia a vida e derrubar os muros que cercam
o coração e atrofiam
a própria existência. Hospitalidade é a palavra-chave para acolher Aquele
que se fez andarilho e buscou hospedagem. Hospitalidade é abrir o coração para o outro e viver fraternidade.
Quem oferece hospitalidade sai de sua própria
comodidade.
Precisamos sair do nosso pequeno mundinho, daquela bolha que nos
encerra, e acolher fraternalmente o outro, como o abraço de Pedro e Paulo.
A comunidade (Igreja,
família...) rompe o nosso isolamento.
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