A
concepção, a primeira batida do coração, o primeiro respiro, o primeiro choro,
a primeira vez que se abrem os olhos, a primeira palavra balbuciada, os
primeiros passos inseguros, o entusiasmo do primeiro dia de aula, a decepção causada
pela primeira nota vermelha, a emoção da primeira comunhão...Com o coração
cheio de preciosos nomes hoje celebro a primeira Missa.
Minha
cabeça ainda sente o peso suave das mãos que me ordenaram sacerdote, presbítero
da Igreja.
Minhas mãos recentemente ungidas ainda exalam o perfume do óleo santo derramado
sobre elas. Acabei de receber um
ministério pleno de mistério. Talvez vocês se perguntem como me sinto neste
momento. Eu respondo: Revestido da beleza da misericórdia do Senhor. Um pecador
amado e reconciliado. Um homem cheio de contradições e limites, mas ornamentado
com as vestes de festa que o Pai pródigo de amor acabou de me revestir. Sinto-me
mais ainda nas mãos do Senhor porque não há nada nem ninguém que possa penetrar
o mais íntimo de nós mesmos e cuide de nós com tanto carinho como Aquele que
nu, se deixou ser levantado em uma cruz e assumiu a mais horrenda dor humana: a
solidão da dor e dos afetos.
O
mundo sofre a solidão da dor e dos afetos. A dor gerada pela solidão é como
o joio que entra sem pedir licença por nossas casas, invade nossos corações e
insiste em querer roubar até mesmo os três maiores tesouros que Deus tatuou em
cada um de nós: a fé, a esperança e o
amor. Tal joio ameaça substituir a beleza dos nossos campos e o sabor dos
seus frutos pelo desencanto e pelo medo. E quando isso acontece, facilmente nos
vem a tentação de abandonar nossos campos imaginando que outros serão mais
propícios que os que temos debaixo dos nossos pés. A raposa do pequeno príncipe
amava os campos de trigo, porque a memória dela estava repleta da ausência e do
amor que ela nutria pelo pequeno príncipe. O que seria a Eucaristia senão
preencher nossa memória doente e ferida por aquela memória do amor maior que
transbordou sobre cada um de nós através da cruz?
Quando nos reunimos em torno do altar e
nos alimentamos dele, estamos nos nutrindo daquela mesma paixão com a qual o
Senhor Jesus nos amou. Somos preenchidos
daquela mesma coragem com a qual Ele se entregou. Quem se alimenta do Corpo
do Senhor, jamais permanece o mesmo se cada um tem a coragem abrir o coração
Àquele que vem em socorro da nossa fraqueza.
Como
padre, também quero ser um semeador de esperanças. Vamos juntos!
Jamais sozinhos! Assim, se um dia eu desanimar ou minha memória adoecer, peço
que me ajudem a lembrar das palavras que eu pronunciei na minha primeira missa,
ao redor deste altar: Quero ser um
semeador de esperanças!
Assim seja ! Deus sempre no
ResponderExcluircomando. Apenas seja o timoneiro
e tudo será conduzido pela luz de
Cristo.
Semeador de esperanças você já é e sempre será
ResponderExcluirAmém
Muito lindo e incentivador
ResponderExcluirQue Deus o abençoe sempre, para que possas com suas mãos ungidas nos trazer Cristo pela Eucaristia. Queríamos estar presentes, tanto na ordenação quanto na primeira missa, mas estávamos a serviço da Igreja em um ECC.Darlene e João Canaveze Filho.