Assunção: O triunfo da vida.. (cf. Pe. A Pallaoro SJ)

“Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre...” (Lc 1,41)


A festa da Assunção de Maria oferece uma oportunidade para aprofundar o mistério de toda vida humana. Qual a meta de nossa existência?

A Imaculada marca o começo da história de Maria; a Assunção o destino final. E entre ambos, o transcurso de uma vida ao lado de Jesus.

Porque “assumiu” Deus em sua vida, Maria foi “assumida” totalmente por Deus. Nela realiza-se a situação final prometida a toda humanidade: “ser um dia de Deus e para Deus”.

No relato de Lucas há duas mulheres: Maria e Isabel que experimentaram o dom da gratuidade, e seu lugar de carência se converteu em lugar de abundância.

Vivemos em um mundo hiperconectado. Nossa vida se converteu num “chat” virtual e contínuo. Com tudo, a conversação emudeceu. Corremos o risco de reduzir a comunicação à conexão. Sem a presença física o encontro interpessoal não é possível, e é sinal de uma profunda desumanização.

O “mistério da visitação” possibilita recuperar o sentido de um encontro interpessoal. Todo encontro é uma realidade intersubjetiva que afeta nosso viver e transforma nosso eu profundo.

O evangelista Lucas nos apresenta uma visita inesperada. Uma visita alegre, espontânea e gratuita, cheia de Deus. Uma visita que se expressa em dois cantos de louvor: “Bendita és tu que acreditaste” e “Minha alma engrandece o Senhor”.

As duas mulheres se encontram em diferentes momentos vitais: Isabel na terceira etapa de sua vida, Maria quase na primeira. Uma estéril e anciã; outra, jovem e virgem, ambas portadoras de uma vida maior que elas mesmas. Até as normas estabelecidas pela vida implodem. Isabel é idosa para poder conceber; Maria está grávida sem estar casada. Estabelece-se um vínculo entre elas, não se julgam nem se valoram em função do que se considera correto ou não.

Maria não vai só servir a Isabel, mas também partilhar. Necessita que Isabel a confirme e a bendiga; e Isabel, por sua vez, precisa agradecer o sonho da vida que ambas carregam.

Maria e Isabel sabem de espera e de esperança; de amor e de dor. Todos passamos por isso, e alguém nos ajudou a nascer. Somos parteiros uns dos outros.

Todos somos seres carentes de “mais visitações” e ajudas. Isabel e Maria se fazem valer mutuamente e despertam o melhor que há em cada uma delas: O serviço e o louvor. Não é fácil louvar.

Há algumas visitas chatas e corriqueiras; outras inesquecíveis e significativas para a vida. 


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